quarta-feira, 29 de julho de 2009

CAMPANHA CÍVICA: "EXCELÊNCIAS, ACABOU O PAPEL!"


Que tal aderir a campanha cívica que estou iniciando hoje, após a publicação do meu artigo no jornal Correio do Estado, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul?

EXCELÊNCIAS, ACABOU O PAPEL!

Divulgue essa campanha que terá também como suporte adesivos de carro.
Abraços.

domingo, 26 de julho de 2009

SENHORAS E SENHORES, ACABOU O PAPEL!

Você, assim como eu, postou-se diante da tevê e emocionou-se com a esperança das “diretas já”. Chorou com o seu fracasso. Você, assim como eu, chorou quando Tancredo foi “eleito”. Chorou quando Tancredo ficou impedido de tomar posse (no dia seguinte, pode?) e, pela televisão, você assistiu Antônio Brito, ainda jornalista, anunciar sua morte. Chorou quando Sarney tomou posse do cargo que nem era seu (ele, ainda, não era o vice, lembra?). Chorou com todo o seu governo. Verteu lágrimas salgadas quando o “caçador-de-marajá” venceu o “sapo-barbudo” e ganhou a eleição, em um último debate, por causa de um aparelho de som (imagina!). Copiosamente, quando o mesmo confiscou a nossa miserável poupança e Zélia (lembra?) lançou o cruzado. Chorou no governo Fernando Henrique com suas privatizações e desmantelização do Estado. Pegou uma estrelinha vermelha, que nem era sua, e saiu por aí (e ficou marcado pra sempre, por isso). Chorou emocionado quando o tal “sapo barbudo” ganhou seu primeiro mandato, afinal, era preciso arriscar tudo e ele era um de nós no poder. Chorou na sua posse “popular”. Você confiou! Você, assim como eu, esperou. O tempo passou e vieram o Zé Dirceu, o Delúbio, o Duda, o Marcos Valério, o Palocci, o Genuíno, a Dilma. Ah! A Dilma! Aí chegou o Roberto Jefferson! Você chorou com o mensalão. Você chorou! Aí veio o Eriberto! E vieram as pizzas. Você até pensou que nem tinha mais o que chorar. Mas, aí, veio o segundo mandato (quando acabaremos com as nefastas reeleições, em todas as instâncias?) e você começou a enxergar um pouco por detrás dos holofotes e entender melhor a história desse nosso pobre e espoliado Brasil, Pátria nossa. Aí, você começou a descobrir que eles estão onde estão, não pela luta contra um adversário de sete cabeças, e em nosso favor. Eles estão onde estão pelos acordos, pelos conchavos, pelos silêncios, pelegando como sempre fizeram, amaciando os caminhos, fazendo alianças. Vendendo a mãe!
Aí você viu, já com seus olhos secos de lágrimas, com seu peito doído pelo desalento, com sua cara de bobo, os cara-de-pau “sarney-collor-renan e lula” u-n-i-d-o-s! Aí, você pensou: “só pode ser contra nós” e se perguntou: quem mais está vendo isso, com tantas bolsas, tantos financiamentos, para que a classe D passe para a classe C. Aí, você como eu, que pensava estar na classe B e foi rebaixado para classe C, que não sonega - e continua pagando seus impostos direitinho -, que sua a camisa e faz malabarismo pra dar conta dos seus gastos, do seu plano de saúde, da escola dos seus filhos, que nem joga papel na rua, que faz trabalho comunitário, que crê em Deus(!), quer desistir e jogar a toalha, porque o “sapo-barbudo” rendeu-se e cumpliciou-se ao “príncipe-do-cruzado”, ao “casanova-do-senado” e ao “marajá-do-maranhão”(eleito pelo Amapá)! Aí, você, assim como eu, está em vias de perder as esperanças de ver esse País desenvolver-se, de fato! De certo, se o PIB e as pesquisas estão em alta (será?), o mesmo não se pode dizer, em termos políticos. Estamos é involuindo, em meio a um popularismo assustador, “bananizando” (de banana, mesmo) nosso futuro.
Eles estão de férias! Eu sei. Só retornam dia 3 de agosto. Sabemos nós. O Congresso está fechado. Também sabemos. Porque eles, suas excelências, “trabalharam muito” neste primeiro semestre e, agora, precisam estar nas suas bases. Lá, nas bases, eles torcem para que a paradeira esteja amainando a fogueira. Alguns já até podem estar comemorando, por isso.
Mas, eles estão enganados! Nós não. É bom avisar as excelências. Nós não estamos de férias. O dragão, também, não. São Jorge ainda não chegou e ele continua lá dentro, vertendo fogo e fumaça, defumando tudo. E nós, do povão, estamos aqui fora, atocaiados, como jagunços, cuidando, observando, como quem não quer nada, mas que tudo quer. Eles não imaginam o que pode acontecer nesse mês (de agosto) do “cachorro louco”, em que já nos acostumamos com os vendavais. Eles podem até pensar que voltarão, contando com o nosso esquecimento, com o nosso aquietamento. Mas, tudo mudou e nem sei se vai dar tempo de ligar o piloto automático. Nem sei mesmo se irão sobreviver para suas espúrias reeleições de 2010. Sem dúvida, eles cairão, é questão de tempo. Mas, na volta, uma coisa é preciso que suas excelências saibam. Nós não estamos mortos. Estamos cansados, é verdade, sem lágrimas, mas alertas. E, antes que me esqueça, é bom avisar...
Senhoras e senhores, acabou o papel - nos banheiros e nos gabinetes! Basta.


Este artigo foi publico em 29 de julho de 2009, no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E AGORA, JOSÉ (OU DUNGA)?

Não é que não se possa servir a dois senhores. Não se deve. Não se deve servir a dois senhores porque não é possível. Não é ético, não é moral e não é legal, porque confunde, porque deprava. A servidão, assim, aliena e infunde desesperança. E a desesperança leva ao desânimo e o desânimo à imobilidade, à desistência. E viver, persistir e lutar é preciso.
Não há como negar: estamos mobilizados e pautados pelos últimos (?) acontecimentos no Senado. Por hoje, não são apenas os fatos levantados e denunciados que vieram a lume que nos mantém perplexos. O que nos assombra é o senso-comum dos políticos que quer nos fazer crer que o importante, agora, “é não desestabilizar o governo, não contrariar os partidos da base, as candidaturas, as alianças, as eleições de 2010”... Se tem ou não um dragão soltando fumaça e labareda passeando pelos corredores da Casa do Povo e da Democracia, não vem ao caso, optam os excelentíssimos. Mas, iludem-se aqueles que pensam que tudo vai passar e que seja tarefa fácil domar, apagar, ou esconder um dragão dessas proporções e acalmar o povaréu. Salvar a pátria com acordos, com silêncios, com decisões tomadas em jantares e encontros de lideranças. O dragão está lá, soltando baforadas incandescentes, com seus rugidos cada vez mais estertorantes. Não dá pra esconder o dragão, e também não dá para servir as duas causas e se tentar conciliar o inconciliável. Mateus, um dos historiadores do Evangelho (6:24) registrou há milênios que “ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro”. E resume, categoricamente, a mensagem cristã: “não podeis servir a Deus e a mamon”. As coisas de mamon não podem ser confundidas com as coisas de Deus; há uma parede intransponível entre uma e outra. Ou se é, ou se não é. Ou se serve a um ou se serve ao outro; nunca aos dois, concomitantemente. E Deus, bem sabemos, está com o povão, segundo a sabedoria popular: “a voz do povo é a voz de Deus”. E a voz de Deus (de todos nós) tem sido bastante ressonante e retumbante frente aos acontecimentos alardeados, divulgados e midiatizados sobre os vergonhosos e escandalosos acontecimentos rotineiros no Senado da República. A voz de Deus está sendo anunciada pela imprensa, pelos blogs, pelas ruas e é impossível fingir que não se ouve; que não se sabe; que não é com a gente.
Mas, será que suas excelências ainda não perceberam que os tempos mu-da-ram?! Será que ainda não se deram conta de que tudo que era possível de não se ver (a omissão nesse país é cultural), hoje não se pode mais, porque todo mundo vê, mesmo que não queira, pois, vivemos o ápice da era do Grande Irmão (George Orwel)? Nada mais pode (nem vai) permanecer oculto, não mais com o bendito ou maldito (?) advento das novas mídias. Mesmo que não se queira, sabe-se de tudo. Não há caixa-preta que não seja decodificada e a caixa de pandora já foi aberta para nunca mais ser fechada.
Todas as suas “excelências” estão em maus lençóis. O primeiro secretário da Mesa afirmou via tevê Senado que os oitenta e um senadores são, pelo menos, cúmplices por omissão e conivência das arbitrariedades (arbitrariedades?) cometidas nas ante-salas dos gabinetes e nas repartições administrativas. Não, senador, o senhor está redondamente enganado: não se trata apenas disso; ali tem muito mais do que simples arbitrariedades e omissões. Também não se trata somente de “demonizar” ninguém (frase brilhante!). Tem roubo do nosso rico dinheirinho, tem prevaricação, tem abuso de poder, tem muita cara-de-pau, no reino de mamon. E quem é mamon, nos dias e fatos atuais? É ainda o evangelista Mateus quem nos apresenta mamon como um outro senhor; o senhor da riqueza, do dinheiro, das luxúrias, do gozo e dos prazeres do mundo. Esse deus é aquele que inspira o homem a ambição e avareza e direciona seus desejos, corpos e mentes para as coisas materiais, triviais que qualquer airbus faz sucumbir no ar.
E agora, José? Ou se apóia (descaradamente), submetidos ás coisas de mamon, advogando-se a causa do “ruim com ele, pior sem ele”, em nome da governabilidade (mas quê?), ou se deixa os ventos da era de aquário prevalecerem e varrerem, de vez, os falsos valores, os falsos profetas, as falsas verdades e se começa tudo de novo.
Quando uma instituição como o Senado vira chacota rotineira dos programas humorísticos, a descredibilidade institucional está sacramentada e tornou-se irreversível: identidade e imagem não mais se pactuam. E se a gente perder a crença nas instituições, perder a confiança de vez nos políticos, só nos restará - com IPI reduzido ou não, com baixa dos juros, ou não, com PAC, PEC, ou não – desistir de vez e de fato. E, com cara de paisagem, começar, já agora, alienadamente, a arrumar nossas árvores de natal, a confeccionar nossas fantasias para o carnaval, como prévia do que virá por aí, e, desde já, preparar nossa torcida para copa e, de hoje em diante, a torcer somente pelo Dunga, porque não nos restará mais nada a fazer.
Mas, quer saber? Bem no fundo de um coração rubro-negro e patriota, persevera uma convicção: é impossível servir a dois senhores! Somos mais fortes do que isso. Merecemos mais do que aparentemente querem nos oferecer. E mais: as coisas de mamon não têm consistência e espraiam-se no ar, como bolhas de sabão. Na verdade, se prestarmos mesmo bastante atenção, nesse arrepiante 2009 que ainda nos resta, quem sabe, seremos bem capazes de alvejar o dragão e, aí, sim, fazermos ressurgir dessa crise um novo povo, um novo e decente Senado (e alguns senadores), muito mais fortes, muito mais dignos e mais brasileiros do que nunca.

Este artigo foi publicado em 15 de julho de 2009, no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS