domingo, 7 de setembro de 2014

Senhores! Não admitimos mais!

Júpiter – “Senhor da Justiça; deus dos raios e trovão; 2º sol, benevolente, profícuo e grandioso”. É ele quem, segundo os astrólogos, governa este nosso especialíssimo ano de 2014. Tudo a ver. Periodicamente, a História Humana é rasgada por fatos, cuja contundência assinala mudanças paradigmáticas inescrutáveis, irreversíveis e que traçam o limite preciso entre um antes e um depois; um fim e um começo para novos possíveis (Prigogine). Momentos que lavram com exatidão os registros akáshicos e culturais de uma era que estertora para dar a luz a um novo começar, e, consequentemente, o alcance de um novo patamar – majorante – (Piaget). Vivemos nesse momento paradigmático e esse momento entrópico, na linha do tempo da História do povo brasileiro. A edição datada de 6/09/2014, da revista Veja, registra um desses instantes paradigmáticos da política brasileira, de virada de jogo, tal como já o fizera ao estampar em sua capa o registro do instante em que o funcionário do Correio, Maurício Marinho, recebia a propina de (meros?) 3 mil reais e que deu origem a avassaladora onda que nos trouxe a epifania do Mensalão e à lume a figura – de certo modo, depois - quixotesca de Roberto Jeferson. Agora, é Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás, quem nos brinda com muito mais do que meia dúzia de cabeças coroadas - do eixo Alvorada – entregues à bandeja da Polícia Federal e ao povo brasileiro. Com a delação premida do facínora da Petrobrás, o sistema explodiu! A casa caiu! E ele, que, apenas, iniciou sua confissão, tem revelado que a pátria brasileira, em mar revolto, há tempos vem sendo saqueada; suas riquezas dispersadas para paraísos fiscais, em nome de um plano criminoso e insano de poder. Desde a véspera deste 7 de setembro, as faces dos estupradores da nação estão nas páginas das revistas, nas redes sociais, muitas delas identificados pelos fotoshops em peças de campanha. Não é possível que o brasileiro médio tombe alvejado mortalmente e não entenda ainda de onde estão vindas as rajadas que o alvejaram. Rememorar os desfeitos do passado perpetrados por outras quadrilhas não justificam mais os fatos do presente. Não podemos mais olhar pelo retrovisor; precisamos faxinar o presente para salvar o futuro do país. Combalidos, moribundos, do leito sujo de uma UTI, já não nos é mais possível deglutir o prato que nos chega da cozinha nauseabunda do hospital, entregue, delivery, pela Veja. Os “bandoleiros do poder” (Marco Antonio Villa) se aperfeiçoaram de tal maneira e é tão monumental sua práxis que o brasileiro mediano sequer tem noção de que não sabe e nem sabe que não sabe (Chomsky) o que representa a sangria da Petrobrás e esse momento histórico para si e para os seus. “Destruidores do estado democrático de direito” (ministro Celso de Melo), fundidos a nossa jugular coagulada, no entanto, eles ainda querem mais tempo. Porém... alto lá! O caos não pode se sobrepor à ordem, que é lei universal. Apesar das evidências, há vida além do final do túnel; a maioria de nós é de gente de bem, cuja predominância dos valores éticos e da boa conduta nos indica ao rol da civilidade. Nós - a nação brasileira - não admitimos mais. Não dá pra desculpar “mamãe” dessa vez, como fizemos com “papai”. Se a senhora não viu, não dá pra ficar e, muito menos, nos pedir pra continuar a arrumar nossos armários e a fazer nossa comidinha; se viu e foi conivente, e, cumpliciou-se ao que há de pior na escória brasileira, seu lugar não é mais aqui em casa. “Asta la vista, baby!” Estamos implodindo! Somos 200 bilhões de náufragos saqueados. Acorda, Braziu! Que teus filhos não pensem, nessa hora das Oliveiras, que nada mais há a fazer e te entreguem por 30 dinheiros à sanha de Heródes, para mais adiante libertarem Barrabás. A HORA é de reverter o coma, levantar-se e, heroicamente, garimpar nos rescaldos, a preciosidade da escolha acertada da mudanã. Eles, o piratas, não são maioria, são bandidos! Tem gente como nós, honrada, patriótica, timidamente se apresentando nessas eleições; não nos basta ficar com o mais ou menos. E, Macunaíma, pense bem, “laranja” não é solução. As gerações futuras merecem uma história melhor; nossos filhos, um futuro decente. Acorda, Braziu! A corrida eleitoral mudou de novo e nova largada já foi dada, com tiros de festim, pimenta nos olhos e gás lacrimogênio. Embora a nação estertore, vitimada por filhos seus e o Luto; a Morte; a Desesperança e o Medo nos tomem de assalto... Resistamos! Senhores! Não admitimos mais! Maria Angela Mirault – professora doutora em Comunicação pela PUC de São Paulo http://mamirault.blogspot.com Publicado no site topvitrine,com.br, em 10.09.2014 jornal Correio do Estado, em 12.09.2014, Campo Grande, MS