sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Não foi brincadeira...é crime


Quatro verdades insofismáveis: primeira,“não foi brincadeira”; segunda, “é crime”; terceira, “família é conivente”; quarta, “os coleguinhas, que o acompanhavam, também”. Por quê?
Andar empunhando arma procurando um animal, qualquer animal, intencionalmente, para alvejar, nunca poderá ser justificado como brincadeira, por quem quer que seja, há desejo na alma de ferir e de matar, próprios de quem não tem a vida como valor absoluto. Ponto!
Maltratar, ferir e matar animais é crime. Ponto!  Os animais são tutelados do Estado Brasileiro, são resguardados e protegidos por legislações federais, desde o governo Vargas (!), pelo Decreto 24.645/34; a Lei Federal 9.605/98 - dos Crimes Ambientais, cujo art. 32 determina penalidades a quem “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais...”. Fere absurda e covardemente o item VII, §1º Art. 225, (da lei maior) Constituição Federal (na íntegra: ... incumbe ao Poder Público - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que (...) submetam os animais a crueldade”.
A Família (?) que incentivou esse comportamento e não transferiu valores com relação ao respeito à vida, não educou e permitiu que o indivíduo desse vasão ao seu instinto criminoso,  é responsável e cúmplice do ato do marmanjão – o carro era da mãe que “não sabia” a motivação do rolezinho do seu rebento, que tem como brinquedinho uma arma de pressão... Quantos animais não vitimou essa alminha-inocente?! Ele mesmo afirmou ter alvejado vários (!!!) gatos, mas, só essa foi atingida.
Acompanhar alguém a praticar um crime é cumplicidade, os amigos têm de ser, também, incriminados: quem são, o que fazem; fichinha deles na delegacia e responsabilização. Por que um criminoso da periferia tem a carinha estampada nos jornais, divulgadas na televisão e a desse pobre-filhinho-de-mamãe, não?! O abafa-abafa já atingiu até as (livres?) redes-sociais.
Gente! Ele é maior, possui segundo grau completo, é de família com poder aquisitivo bom, é acadêmico de M-E-D-I-C-I-N-A e não sabe NADA a respeito da Vida, da Dor, sobre a Infração de Leis?! É ignorante? Não, não e não! É consciente, se não for declarado doente.
Diante dos fatos e das verdades insofismáveis, então, como cidadã brasileira, decreto: (1) Fichado, sim; (2) Que seja obrigado a delatar seus comparsas, sim; (3) Responsabilização dos pais pela “arma de brinquedo” que o sujeito usa para ferir e matar, pelas ruas da cidade, de brincadeirinha, sim; (4) Que pague as custas da clínica que socorreu “Vivi”, a gatinha exterminada, sim; (5) Tenha uma conversinha boa com protetores de animais; que seja “convidado” a visitar animais agredidos e recolhidos por essas Ongs, além, (Senhor Juiz!) de prestar serviços voluntários à Ongs de proteção animal, sim;  (6) Seja exemplarmente punido pelo Conselho de Ética da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, de preferência com a expulsão – pessoas desse tipo não devem ser custeadas por nós para o ensino gratuito em uma universidade pública, sim.
Por último, recomendo: Vai brincar com a sua mãe; ferir e matar animais na via urbana com uma espingarda de pressão não é brincadeira, é crime! Assuma sua insensatez, e, procure ajuda psiquiátrica, se possível. Quem sabe, você, ainda, possa adquirir alguns valores que lhe negaram na infância?
O fato: Na madrugada do sábado, dia 23 de janeiro deste ano, Leonardo Lyrio de Souza -  um indivíduo com 24 anos de idade, acadêmico de medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – ocupando o banco de trás do carro emprestado de sua mãe (um HB20), dirigido por um colega e acompanhado de outros – decidiu brincar de matar gatos e atingiu com arma de pressão (chumbinho) uma gatinha de rua, acertando-lhe a coluna cervical. Socorrida por moradores, a gatinha de nome Vivi passou por cirurgia, mas, como diria o “acadêmico de medicina”, não resistiu e veio à óbito. Identificado por câmeras de segurança, o malfeitor, depois de localizado e intimado, apresentou-se  à equipe da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais, quando, então, justificou-se: “foi uma brincadeira que acabou mal”.  Na ocasião, revelou, também, haver atirado em outros felinos e não saber se os atingira. O corpo jurídico da instituição manifestou-se dizendo que não haverá punição por não estar previsto no Regimento. Sendo assim, Leonardo, as nossas custas, formar-se-á em medicina e daqui a pouco nos espreitará, quem sabe, em um leito de UTI. Não nos esqueçamos de quem é.

Maria Angela Coelho Mirault – Professora Doutora pela PUC de São Paulo

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