Vitória - foi o nome
que lhe deram, após ter sido seviciada e recolhida - morreu! Treze dias durou
sua agonia em uma clínica particular de Campo Grande. Resgatada por dois anjos
bons, que, solitariamente, se responsabilizam por animais de rua, Vitória trazia
60% do couro das costas arrancado e as patas fraturadas. A cadelinha da raça
pinscher fora torturada por seres humanos como nós e permaneceu por 13 dias em
agônico tratamento. As benfeitoras que a resgataram, agora, fazem apelo para
pagar a conta da clínica que a atendeu. À tarde do domingo (14/6/2015) foi
destinada á manifestação pública de protesto contra a recalcitrância de crimes como
esse em nossa cidade. Neste caso, seus autore, se identificados – diz-se que
eram usuários de drogas – arcará com multa administrativa (sic) de R$ 500 e R$
3 mil. Só no primeiro dia de atendimento, a conta já estava em mais de 500.
Ter o coração
trespassado a cada assassinato como este, já não basta, para mim. Recolher animais,
providenciar tratamento e abrigo, participar de vaquinha para ajudar a custear
as clínicas (e, são poucas as que acolhem um animal de rua!) que oferecem
tratamento a esses desvalidos, também, não dá mais. Sair em uma tarde de
domingo para protestar, não é solução, a não ser, imediata; não resolve,
sequer, paliativamente, o problema gigantesco que a maioria das autoridades e
dos concidadãos não quer ver.
Atribuem a Mahatman
Ghandi a expressão de que “a grandeza de uma nação e o seu progresso moral
podem ser avaliados pela forma como são tratados os seus animais”. É claro que
sim. Que sociedade somos nós que testemunhamos esses crimes, fazemos o que
podemos em nosso ambiente restrito, convocamos ajuda financeira, vamos à praça
protestar, mas, que não vai as vias de fato, em busca de uma digna e real solução
do problema. Saibam todos que o Estado é responsável por seus animais. E, você
argumentará, mas, também por crianças, por idosos, e o mais o quiser colocar
nesse rol. Concordo com a omissão generalizada. Mas, o Estado, e, digo as Prefeituras
Municipais são responsáveis, sim, constitucionalmente, pelos animais abandonados
em seu território. Ações paliativas não darão conta; gente envolvida com a
proteção animal, sozinha, não dará conta, eu, ou você e nós não daremos conta
da demanda, se não formos ao cerne da questão: o município não pode apenas
eliminar os cerca de 1200 animais de rua, por mês, em suas câmeras mortíferas
do CCZ. Pessoas, munícipes, estão abandonando seus animais por diversas razões:
muda-se para apartamentos e os abandonam; tem-se um bebê, em casa, os abandonam;
adoecem e os valores cobrados pelas cínicas são inviáveis, os abandonam; ficam
idosos, são abandonados. Como é que um pai de família, às vezes, desempregado,
que não tem recursos para comprar um medicamento para um filho, vai arcar com a
despesa de R$ 80 a consulta, fora a internação, fora o medicamento, em uma
clínica particular? Com a (bendita!) lei de que não se pode mais sacrificar
animais apenas por serem portadores da leishmaniose, os levarão ás centenas
para as ruas; não há alternativa, o tratamento de um animal contaminado pode ser exorbitante, se tratado em clínicas veterinárias
particulares.
Hospitais públicos
veterinários municipais é a demanda da hora! Por incrível que possa parecer, pasme-se,
há um lobby de proprietários de clínicas que são contra o atendimento público!
Não podemos mais nos permitir a esse abuso; trata-se de uma questão de saúde
pública, de humanidade, de progresso moral, de dignidade de um povo.
O FBI anunciou que a
partir de 2016, as pessoas que cometerem atos de maus-tratos contra os animais
serão agrupadas na mesma categoria dos assassinos nos Estados Unido e que o
abuso de animais receberá uma nova categorização, sendo tipificado como “crime
contra a sociedade”. As informações são do site Dog Heirs. O conceito de crueldade,
para o FBI, se define na “execução intencional, com conhecimento de causa ou de
forma imprudente de uma ação que maltrate ou mate qualquer animal sem justa
causa, tal como a tortura, mutilação, atormentação, envenenamento ou abandono”.
Aqui, no nosso país,
existem leis (Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998), está na Constituição (artigo
225). Recentemente, foi prevista a ampliação de pena, em projeto aprovado na
Câmara, que vai para o Senado, de autoria do deputado Ricardo Tripoli
(PSDB-SP).
Conforme pesquisas do FBI
cerca de 80% dos psicopatas começam os seus crimes cometendo abusos contra os
animais, como já foi mostrado pela jornalista colaboradora da Agência de Notícias
de Direitos Animais – ANDA - Fátima Chuecco, na série “Matadores de Animais”,
que aborda o universo dos serial killers. No entanto, ainda não despertamos
para essa gravíssima questão social, humanitária, moral, em nossa cidade. Ou
matamos todos, via CCZ, ou, acordemos para os “casos vitória”. Não dá mais pra
enxugar gelo. UPA veterinária e hospital veterinário municipal, já! Castração,
responsabilização de tutores, denúncias, cadeia para os criminoso; apoio às
entidades de proteção animal, responsabilização da Prefeitura, URGENTE! Chega
de nhe-nhe-nhe, de passeatas, de tentativas domésticas e solitárias de
solucionar tão grave problema. BASTA DE TANTA OMISSÃO!
Em tempo, o que vai
acontecer mesmo com os assassinos de peixes do aquário?
Maria Angela Coelho
Mirault
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