De certo, que a
História do Brasil registra - desde que aqui chegaram os primeiros degredados -
um suceder-se de malfeitos e malfeitores nos desígnios do país. Há de se convir que o Brasil, antes de tudo, era
um lugar que Portugal não queria descobrir: revelou-se aos invasores. Doou-se!
Mas, seja por conta da calmaria, seja por conta de Cabral, de D. João, cá
estamos, “descobertos”, “doadores”, mas, antes de tudo, “saqueados”! Primeiro,
por um Portugal fugido de Napoleão. Um Portugal, cuja cumplicidade dos nativos,
acostumou-nos a “vidinha ruim” a que nos acostumamos até hoje.
É fato que a nossa Proclamação
de Independência não resultou de gesto heroico de seu ninguém... nossa
Proclamação da República não foi uma brastemp... nossa participação na Tríplice
Aliança - e os atos “heroicos” de um caxias - um atentado de horror e
carnificina... e, nossa emblemática Abolição da Escravatura; a mãozinha de um ruy,
que deu fim à papelada dos sequestrados da África...
Tudo bem, até aí?
Pois bem, o Brasil Republicano
e Democrático, que tanto se alardeia hoje, nasceu da posse ilegítima – eu disse
ILEGITIMA - de um josé-sarney - benesse
dos militares (lembram que o vitimado da diverticulite ainda não tinha tomado
posse?). Acostumados àquela “vidinha ruim”, engolimos. Embora, talvez, até você, ainda acredite,
tudo fruto das “diretas já”; do “dr-ulysses”, etc e tal, tudo Mentira! Fruto de
acordos por baixo das saias da República, Sarney foi um escárnio na República
dos acostumados à “vidinha ruim”.
Collor, “o abençoado”, “o
famigerado salvador da pátria”, “o caçador de marajás”, chegou, chegando; era a
esperança de mudança, uma vez que o dono do vídeo cassete perdera (lembra?).
Imagine, agora, você, que votou “nessa esperança”, senhor do seu juízo, depois
de um mea culpa sincero, se um
coronelzinho daqueles, com a promessa de caçar marajás, confiscando poupanças, seria
capaz de honrar as calças e o governo? Depois das lambanças do (mau) finado PC,
com PC, sem PC, elba e jardim da dinda, remember,
o posto de mandatário da República caiu no colo-do-itamar. E dessa conjuntura
da sorte (da bruxa má, diga-se de passagem) é que nasceu - nessa sucessão de
mal entendidos, algumas tacadas, e, muita sorte - o douto FHC! Ah! FHC, “o
sábio”, “o letrado”, “o acadêmico”. E o que fez, quando chegou ao poder da “corte”?
Ah! “A mão do Estado é muito grande, quer tomar conta de tudo? A solução
neoliberalizante: Privatização! “Mas, pra dar conta de tudo, o mandato de
presidente é muito curto!” Reeleição,
oras! E, de privataria em privataria, sucateamento estatal, e, de sua “adquirida”
reeleição, fez e aconteceu em seus dois mandatos.
Foi nessa conjuntura,
foi nessa incúria que se formou o caldo que ajudou a emergir uma (hoje,
sabemos!) aparente força (do Bem), advindas da reação de quem já não estava
querendo mais continuar a viver uma “vidinha ruim”. Das profundezas da nação,
tão saqueada, surge e se viabiliza (2000) “O” salvador: Lula-lá. Eu acreditei.
Você acreditou. Sua avó acreditou. Seu papagaio acreditou. O dono do vídeo cassete,
namorado da míriam, chegaria para finalmente honrar as calças e os brasões da
República. Seu primeiro mandato necessitou de acordos inimagináveis, com os
marajás da República (capitaneado por quem? Sareny & Cia). Com sua “habilidade”,
manteve a “governabilidade” e seu índice de aprovação nas alturas e conquistou seu
segundo mandato, dando solo fértil ao já planejado Mensalão! A República
aparelhada! Projeto de mais de vinte anos do, hoje, encarcerado, zé-dirceu, em
curso; o propinoduto a pleno vapor! Para manter os acordos, o “projeto de
futuro”, a “roubalheira” e uma nova cor para “corrupção”, elegeu “O Poste”. O
povo do yogurte, do apartheid das cotas, continuaria nas mãos do poder,
acostumados e beneficiados; felizinhos com a “vidinha (já não tão) ruim”.
Do resto, da carcaça, da
carniça; disto tudo, estamos “acordando” e vivendo, agora! Também nós – em mea culpa - que acreditamos no oposto ao
douto, “no humilde”, “no ressurgente do povo”; “no operário, trabalhador”, como
alternativa ao liberalismo rechaçado. Contudo, hoje, nós podemos atestar ao
túmulo de Engls& Marx: Vocês erraram no quesito “classe trabalhadora no
poder”!
Mas, e Campo Grande?
Imersa em matagal, Aëdes aegypti, “lama asfáltica” e
afundada em buracos; com um colégio de vereadores que pode apagar a luz e
entregar a chave ao porteiro?! Loteada, pobre Campo Grande, capitaneada na mão
dos partidos, das igrejas, dos palhaços, encontra-se à deriva! De “pastor e
ovelhas” - nada crentes nas Leis Soberanas de Deus - estamos nesse atoleiro,
entregues aos donatários, acostumados à “vidinha ruim”. Elegemos prefeitos com conchavos
de gabinetes muito longe das mesas e dos mesários eleitorais. Claro que a ajuda
dos ignorantes, dos que se vendem são sempre bem vindas. O fato é que temos
elegido muito mal nossos representantes. Lembremo-nos, no entanto, que são “Eles”,
os Partidos políticos - que, ainda, projetam o futuro, em cima de perniciosos e
velhos costumes - que já estão alvoraçados e escolhendo seus quadros. Logo
estarão apresentando seu elenco, para as próximas eleições. Cuidado! Calma, lá!
Olhos muito abertos,
Campo Grande, para essas capitanias e seus donatários. Toda atenção possível para quem serão seus “enviados”.
Só que nós - os que não querem mais viver essa “vidinha ruim” - não queremos
mais chocolates-de-land-rover. Não queremos mais, velhos cabeludos! Chega de
palhaços! Acorde, Campo Grande! Reage, Campo Grande! Reviva, Campo Grande! Ou,
vai continuar vivendo essa “vidinha ruim”, entregue nas mãos dos donatários,
seus eleitos e reeleitos, outra vez?!
Maria Angela Coelho
Mirault – professora Doutora e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de
São Paulo
http:mamirault.blogspot.com.br
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– 21/03/2016
www.marcoeusebio.com.br - 22/03/2016
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– 23/03/2016
jornal
Correio do Estado, 29/03/2016, Campo Grande, MS
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