Dizem que a eleição de Bernal, sobre
Azambuja, deu-se desde o primeiro turno, de maneira estapafúrdia e negociada.
Dizem que se elegeu pelos votos de rejeição, e, ou, apoio (ou, retirada de) dos
coligados, no segundo turno. Da mesma forma, a eleição de Azambuja, para o
governo do Estado, ganhou força na coligação capitaneada por Nelson Trad Filho (PMDB)
– no caso, o rejeitado era Delcídio do Amaral (PT).
Vivemos o tempo da eleição da
Rejeição. Não sabemos quem queremos, e, elegemos quem não desejamos. Nessa rebeldia e inconsequência, acabamos por
engolir – depois, acometidos por uma indigestão de 4 anos - os olartes-da-vida; ponta do iceberg do que se pode conceber como
inaptidão de gestão, mesmo para uma capitania hereditária. Parte dessa
responsabilidade cabe ao Sistema Eleitoral, facultando aos Partidos a imposição
dos seus quadros. Com o eleitorado fatiado, os nanicos vão bicando votos com o
intuito de se coligarem com alguém, num segundo turno promissor, e, aí, sim,
darem partida ao jogo sujo do sucateamento do Poder. É esse o momento em que o
eleitor que compareceu às urnas, já era; foi esquecido e sepultado. Morreu!
Um estudo de caso, das eleições
estaduais passadas, dá um exemplo vivo dessa questão. A professora doutora, pedagoga,
Angela Costa (UFMS) - à época filiada há mais de 12 anos ao PSDB, à convite do
então candidato á Prefeitura, Oswaldo Possari, que já a escolhera para a pasta
da Educação – apresentou-se candidata ao
pleito à Deputada Federal. Sem qualquer auxílio do Partido, acabou por
“eleger”, com seus votos, o deputado federal Marcos Monteiro (veja bem, se é
que me entende: sem os votos de Angela Costa, o PSDB não teria essa “vaga” na
Câmara!) ficando com uma suplência quimérica. Monteiro, preferindo não assumir
a legislatura, optando por uma gorda Secretaria de Estado, acabou por guindar
ao Congresso, o, então cândido vereador Elizeu Dionísio (hoje, denunciado na
Operação Coffee Brack, do GAECO, que detém a sujeira da cassação do Prefeito
Alcides Bernal). Ou seja, os votos dados à professora Angela Costa estão
levando o vereador indiciado ao foro privilegiado do Congresso. A
professora-candidata serviu, com sua exposição e campanha solitária, quase que
autônoma, para o “ordenamento dos fatos como estão”. Enquanto muitos nelsinhos, puccinellis, petistas (e, mais alguns naniquianos) compõe os quadros do
governo estadual, hoje, Angela Costa - que teve participação expressiva na
elaboração dos nos Planos de Governo do probo Azambuja, sequer foi absorvida
pelos galhardos vencedores, voltando a sua lídima docência e a sua permanente
luta-cidadã, do lado de cá do front. Convidada pelo PROS, desfilhou-se do PSDB,
com vistas ao pleito deste ano. Porém,
muito recentemente, surpreendida pela investida da turma dos
asseclas-convertidos-missionários-olartianos, ao PROS - Partido este que se rendeu
aos cifrões dos dízimos e cheques em branco dos fiéis – fez com que desistisse
de sua candidatura à vereança. A coerência de vida, seus familiares e amigos
não lhe permitiriam embarcar nessa canoa comprada e furada. Está desfilhando-se
do nanico PROS.
Hoje, temos um elenco pavoroso de
candidatos, seja com vistas à reeleição (um mal abominável!), seja a plêiade
que quer mesmo é uma boquinha, na Câmara. Temos um elenco pavorosamente
oportunista de candidaturas ao supremo cargo de Prefeito: 15 ungidos por seus
partidos lançam os dados, na perspectiva de que pode dar qualquer coisa nessas
eleições! O primeiro turno é só aquecimento para os conchavos no segundo,
quando a coisa pega pra valer no jogo baixo do toma lá da cá.
Se você, como eu, tem interesse de
ser um agente nestas eleições, comece a prestar atenção - e guarde junto ao seu
título de eleitor - na declaração de patrimônio dos 15 candidatos á Prefeito,
entregues ao TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral): (1) Alcides Bernal (PP)
(candidato que não era candidato à reeleição, mas, é), declarou um patrimônio
de R$ 1,7 milhão; (2) o deputado estadual Marquinhos Trad (PSD), R$ 1,4 milhão;
(3) o eterno candidado do PV e ex-vereador Marcelo Bluma, R$ 1,3 milhão; (4) o
bolsonariano candidato Coronel David, R$ 825 mil; (5) o eterno candidato (rei
das boquinhas desde o governo Zeca do PT, secretário de Cultura de Azambuja,
pelo sempre coligado aonde a canoa vai), Athayde Nery (PPS), R$ 610 mil; (6) o
nãos-sei-quem, Adalton Garcia (PRTB), R$ 422 mil; (7) Rose Modesto (PSDB),
vice-governadora, R$ 413 mil; (8) Elizeu
Amarilha (PSDC), R$ 325 mil; (9) Aroldo Figueiró (PTN), R$ 250 mil; (10) Alex
do PT, R$ 198 mil; (11) (ai, meus sais! ) Suel Ferranti ( PSTU), R$ 151 mil;
(12) Rosana Santos - quem?! - (PSOL), R$
46 mil; (13), Flávio Arce - hem?! - (PCO), R$ 10 mil. Agora, pasme! (14) o
pecuarista Luiz Pedro Guimarães (PROS) e (15) o ex-deputado Pedrossian Filho
(PMB) declararam patrimônio ZERO!
Como se depreende tudo mesmo pode
acontecer. Só que não. Mesmo com a conjuntura imposta, consciente, ou
inconscientemente, comprado, omisso, ou, vendido, em verdade, quem forma esses
quadros horripilantes (ou, não), guindados por nós ao poder imperial (ops!)
municipal, somos nós, os eleitores, um a um, por sua vontade própria. Aí, o
imponderável pode acontecer. Quem sabe não surpreendamos a previsível eleição
da Rejeição.
Maria
Angela Coelho – Professora doutora pela PUC de São Paulo
http://mamirault.blogspot.com – Movimento Por
uma Cidade Democrática
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