sexta-feira, 27 de março de 2009

FURACÃO E BRISA


Eu sou isso, não sou aquilo. Eu tenho, isso não tenho aquilo. Todos somos assim, dependendo dos olhos de quem vê e da mente que interpreta. Mas, estou convencida de que ninguém tem tempo (ou inteligência) para dissimular, por muito tempo, o que não é e o que não tem. A gente é sempre um pouco do que os outros acham e parte do que pensamos que somos. Por isso, somos pessoas, praticametne, desconhecidas, de nós mesmos e dos outros. Agradamos e desagradamos esse, ou aquele; a nós próprios, até. Assim, sou isso mesmo que você pensa de mim, mas, também, não sou, sou mais, quem sabe, menos. Sou furacão e brisa, dependendo da hora em que nos encontramos, então, enganam-se quem só conhece a brisa, porque, uma hora o furacão vai chegar, do mesmo modo em que se enganam os que me vejam só furacão. Ninguém é só o que pensam e dizem que é, muito menos o que pensa ser. Somos multifacetários, graça a Deus. Então, quando eu for, suave e insegura como a brisa, aproveite, mas quando estiver esbravejando e forte como um furacão, sai de perto. O tempo me fará dominar os ventos, e, aí, mesmo suave como a brisa, serei forte e determinada como o furacão. Enquanto espero e você espera, vamos indo com cuidado que a mudança metereológica, ainda, é muito brusca.

terça-feira, 3 de março de 2009

COMO PERCEBEMOS E AGIMOS NO MUNDO



Dentre as inúmeras descobertas da Física moderna, a conclusão de que o universo é composto por mais de 90% de matéria “invisível” talvez seja a que melhor nos auxilie no sentido de entender a temática que se apresenta.
A realidade não é o que está fora de nós. A realidade, o “mundo”, os outros e o eu fazemos parte de um mesmo e complexo sistema, cada qual se constituindo também em um sistema em si, que interage - e que se deixa interagir - alterando-se mútua e constantemente. O mundo como totalidade e representatividade do que é real para nós é inapreensível aos limitados sentidos humanos, inaptos por natureza a percebê-lo em toda sua inusitada complexidade, não havendo, portanto, uma realidade totalizadora, uma verdade absoluta e unificadora, ou um saber confinado e definido universalmente.
Sob essa análise, o próprio conceito de totalidade é uma abstração limitadora e um equívoco epistemológico originado nas concepções provisórias e incompletas que o homem tem de si e do mundo.
Assim, toda abordagem da realidade é pessoal, incompartilhável e única. Não percebemos as mesmas coisas, não compreendemos do mesmo modo, e nos expressamos sempre de maneira original. Nossa realidade é circunscrita à cosmovisão que possuímos com relação ao todo, abrangendo sobremaneira também nossa concepção de gente. É essa visão particular da realidade e que chamamos por cosmovisão que nos auxilia a organizar o caos circundante, nos aquietando frente ao desconhecido e aplacando-nos o medo. Percebemos, apreendemos, expressamos e suportamos o mundo pela filtragem da cosmovisão que temos de tudo.
Na verdade, estamos o tempo todo recodificando e reconfigurando nossos conhecimentos sobre tudo e sobre todos, em todos os dias, em todas as horas e a cada experiência. Qualquer tentativa de compreensão e expressão do mundo constitui-se teias de significações particulares que temos – sempre provisoriamente – sobre todas as coisas que, de algum modo, destacou-se do caos e nos afeta.
Nesse contexto, o aprendizado é uma tarefa individual e resultante do esforço e da vontade pessoal de organização e sobrevivência. Ninguém tem o poder ou a capacidade de ensinar, mas sim o potencial de promover em si a aprendizagem de que necessita para se manter vivo, em contínuo processo de metamorfose e acomodação de sistemas prévios. À medida que vamos adquirindo novas informações, passamos por experiências novas, reconfiguramos permanentemente todo nosso repertório de conhecimentos anteriores, o qual, reelaborado, amplia nossas concepções sobre tudo, alterando-nos a cosmovisão, e, conseqüentemente, nossa relação com coisas e pessoas, sempre vulnerável a novas aquisições e complementações futuras. Desse modo, somos hoje diferentes do que fomos ontem, ou agora, tanto quanto o seremos amanhã, ou daqui a 1000 anos, por exemplo.