terça-feira, 22 de agosto de 2017

“Cota petista...cota petista...cota petista”



Por acaso é isso uma manifestação xenófoba, ou, uma constatação? Eis a questão, nesse mundo de denuncismo em que vivemos. O governo brasileiro que deu início a segregação entre negros e brancos (sic), em pleno século XXI, foi o governo petista do Sr. Luis Inácio da Silva. Inventou o negrismo e o pobrismo. O intento dos criadores do regime de cotas era o de promover o resgate da desigualdade entre nós, e, reparar as injustiças do passado.  Ao trazer a tona, uma abominável luta secular de segregação racial, ao classificar brasileiros, pela cor da pele, e, não pela “cor” do bolso, de sua origem emigratória, o governo petista valeu-se da mesma ideologia fascista klukluscaniana que, hoje, subjaz os conceitos e pronunciamentos do governo Trump, nos EUA. Ao privilegiar descendentes negros, pardos (o que é ser pardo?), em desfavor dos brancos (o que é ser branco, no Brasil?), esses separatistas, dotaram-nos de uma culpa, uma subserviência descabida. Perigosa. Mesquinha. Abominável.
Vivíamos como brasileiros cafusos, mestiços, honrados pela miscigenação até que os ilustres ideólogos do “Partido” decidiram lançar-nos uns contra os outros. Ausentam-se da análise de que, ao privilegiar uns, segregam outros, e, justificam sua decisão em Lei, sem considerarem que nem negros, nem brancos, nem mestiços são minorias. Minorias, em uma sociedade democrática, são as pessoas; o indivíduo, para o  qual, o artigo 5º. da Constituição assegura a igualdade plena de direitos. Desse modo, o verdadeiro defensor da minoria é aquele que defende a liberdade individual de cada um e de todos, sem considerar como prioritário suas diferenças de “raça” (inexistente na Biologia, mas, uma construção social), sexo, credo, classe social. Evidentemente, que, a lei que originou essa segregação é absolutamente anacrônica e discriminatória. Sou educadora, nunca avaliei meus educandos pela cor da pele, classe, ou, credo. Avalio-os pelo crescimento de si mesmos, individualmente, sem comparações, isso, das favelas do Rio de Janeiro (aonde iniciei a docência) às universidades, em cursos de graduações e pós-graduações.
Os defensores da “causa” trazem como argumento rançoso, malcheiroso, do caráter de reparação de uma injustiça com o passado dos povos africanos. Desconsideram que, hoje, não temos africanos, entre nós. Somos descendentes de judeus, índios, emigrantes europeus, asiático; todos, de um passado colonizado por Portugal. Somos uma nação de indivíduos multirraciais e multiculturais, mas, somos, antes de qualquer rotulagem, brasileiros. Não merecemos o privilégio e cotistas, muito menos o desmerecimento por não o sermos.
A polêmica gerada, nas redes sociais, a respeito da “cor” da nova miss Brasil, difundiu uma torrente de ódio de um país segregado. Não se pode mais emitir opiniões e comparações entre a beleza da mulher brasileira; as mulheres “cotistas” estão acima de qualquer julgamento. Posts racistas são replicados por defensores (sic) dos direitos da “raça”, agora, privilegiada e intocável. Quem não achou merecido o resultado do concurso (que nada mais tem a ver com os concursos oficiais do passado, e, hoje, são produtos de marketing) são taxados e (pasme) denunciados de “racistas”. Lamentável, pois, dentre outras aberrações, a isso, também devemos ao PT e aos xiitas do partido, ou seus colonizados simpatizantes. Não percebem, os “delegados” do Grande Irmão que essa luta preconceituosa acirra cada vez mais a segregação e a discriminação, entre irmãos, os quais, independentes e todas as diferenças, são filhos de um mesmo Brasil. De um Brasil que precisa de todos, nesse quadrante da vida nacional. Não se pode aceitar que um comentário a respeito de uma individualidade, vencedora de um concurso de marketing, seja policiado, invadido de uma “timeline”, e, venha a servir como “prova” de denúncia. Como educadora, bem antes disso tudo, afirmo que esse regime de cotas implantado pelo PT, é um acinte à sociedade. Somos todos iguais, nacionais e irmãos. Chega de denuncismo. Chega de policiamento da expressão de pensamento. Basta de confrontos entre nós. Preconceituosos e racistas são os defensores dessa causa injusta e inconstitucional.

Maria Angela Coelho Mirault – Professora doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
22.08.2017

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Guilhotina não


Embora haja, sim, anacrônicos-professores-doutrinadores, em todas as instâncias, com predominância para aqueles “pentecostais”sem noção, para os quais, Marx e Engels são a solução do mundo, não se pode, sequer, considerar a proposta indecente de uma “Escola sem Partido”.
Mas, eles estão fortalecidos, agendaram evento, na Câmara Municipal de Campo Grande, trouxeram a liderança dos bolsonaro-da-vida para a empreitada, com o aval da Diocese de Campo Grande (será?), que, permitiu se distribuíssem panfletos a saída de suas igrejas.
Estamos mesmo todos abobalhados com os acontecimentos atuais. São estarrecedores os fatos que nos chegam por intermédio da mídia. Orwellianizados, somos todos vistos e escaneados todo o tempo. Não há mais privacidade; tudo está irremediavelmente desvelado. Estamos nus e não há a quem recorrer. Parece que vivemos um momento em que todas as instituições estão carcomidas pela ferrugem e contaminadas pelos fungos da corrupção, da falta de moral e do predomínio dos maus costumes.
Supor que a fixação de cartazes nas escolas de Campo Grande inibirá os doutrinadores de suas pregações é um pensamento canhestro, inconcebível e ignóbil. Eles foram treinados; saberão como se rebelarem, continuando suas pregações. Em contrapartida, uma nobre profissão e a maioria de seus profissionais estarão avassalados, em guetos de espúrias delações.
Será que toda essa desordem que toma conta do país, em todos os poderes, todas as esferas, em cada repartição de governo está nos desorientando; conduzindo-nos, agora, a imposição e a aceitação dos recursos da mordaça? A guilhotina do direito sobre nossa liberdade de expressão, limpidamente expressa na Constituição?
Será que a crise de autoridade, de ordem, de credibilidade e de respeito, que nos nocauteia todos os dias, está nos ensandecendo, empurrando-nos cada vez mais para o muro da insensatez?
Será que o controle, a denúncia de uns contra os outros nos trará uma escola limpa, anódina, mais “desemburrecente” do que a que produz milhares de analfabetos funcionais?
Somos, ainda, e, graças a Deus, um país livre. É livre a manifestação do pensamento. É um direito inalienável, emitir, livremente, opiniões, ideais, sem medo de retaliação ou censura, seja de quem for. Essa liberdade é conceito fundamental do estado de direito nas democracias. Qualquer inibição desse preceito é censura e é imoral.
Direito humano protegido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos - e, pelas constituições de vários países democráticos - desde 1948, prediz que “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras" (artigo XIX).
Estabelecer rédeas seja a quem quer que seja é crime constitucional. Como é possível que uma Casa de Leis; Igrejas e alguns idiotizados defendam essa ideia, e, proponha um Seminário, em nossa cidade, para que uma discussão direcionada legitime mais uma, dentre tantas, aberração inconstitucional? Essa tentativa já se frustrou há pouco tempo. Seus autores arredaram, e, agora, voltam fortalecidos pelo esculacho geral que toma conta do país, sob a liderança do filhote bolsonariano, trabalham por uma guinada de 180 graus em nossos costumes.
Não é porque o PT avacalhou com a democracia, usurpou a Nação, conciliou-se com a política no seu sentido mais abjeto, abrigou o pior disponível e cúmplice aos seus projetos, que nossa saída será o retrocesso. Não é. Não serão eles quem nos trarão a ordem, a esperança e a bonança.
É na liberdade de consciência que se encontra nossa maior riqueza de transformação de um mundo que volta a Idade Média e quer vingança, antes da justiça; controle, antes da ação.
Como professora há décadas, livre pensadora, cidadã do mundo, cumpridora de minhas obrigações só posso lançar o meu libelo. Não a guilhotina do pensamento! Não a mordaça em minha boca! Vocês não podem induzir parte da sociedade com esse imbróglio. É justamente o contrário, quando estamos e somos livres é que conseguimos buscar soluções para nossas divergências. Sempre haverá.


Maria Angela Coelho Mirault – professora doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
10/08/2017