sábado, 29 de outubro de 2022

É Tempo de Celebração

 



O Brasil precisa e vai voltar ser mais feliz, harmônico e amoroso.

A Alma da Pátria de degredados, pobres e excluídos não será capturada!

Há uma Ordem. Essa ordem é Divina e inquebrantável.

Sob os Desígnios de Deus, a Vontade Vigilante de Jesus e a Guarda Diligente de Ismael, tudo será dizimado pela Força da Luz que já emana do Alto do Cruzeiro, no céu abençoado do Brasil.

O predestinado volta e com ele a Alma da criança, do jovem, do adulto e do idoso brasileiro; a vibração dos que partiram como mártires desse tempo obscuro pelo qual passamos, volta a sorrir.

É e será o começo do fim do fundo do abismo a que nos permitimos lançar, inebriados pela “mensagem” do mensageiro da ilusão, da mentira e da reverberação das Sombras, que não só tentam voltar do passado, mas fixar-se na Pátria do Evangelho.

Não é mais! Tudo mudou. O mundo muda! O Brasil muda! O exército do mal foi instado a se afastar, pois não há mais lugar para a manutenção sombria do engano, muito menos do ultraje  de Almas incautas capturadas. Todos acordarão. Todos!

É hora de AGRADECER e OFERECER tudo o que pudermos para que aqueles que permanecem no erro por interesse ou fixação se libertem, cada um no seu tempo, rumo à Nova Terra e a um Novo Tempo que de há muito já reside no Horizonte da Pátria Brasileira.

A hora é de LIBERTAÇÃO das CONSCIÊNCIAS!

Vibremos no AMOR e na PAZ. Tudo já foi preparado. A CEIA DO SENHOR está em festa, e, à partir de então, mais uma estrela no Céu fulgurará.

Comemoremos!

Confiança!

Fé!

Determinação!

A Ceia preparada espera por todos. ´

É TEMPO DE CELEBRAÇÃO!

FESTEJEMOS, POIS!

Por Maria Angela Mirault, em nome de Todos Nós/ MENSAGEM SOB INSPIRAÇÃO NA NOITE DE 29.10.2022, às  21H30

domingo, 16 de outubro de 2022

Como micro-organismos



Foi a curiosidade filosófica ancestral de explicação do mundo que desvelou leis e verdades absolutas sobre tudo. Por um tempo esse paradigma que deu origem à Física Clássica nos contemplou. Contudo, foi a dúvida e a insubordinação filosófica debruçada sobre os mesmos fenômenos que nos legou um novo jeito de olhar e tentar compreender o que existe fora de nós. A partir de então, iniciou-se uma revolução epistemológica. Há, sim, um novo e surpreendente modo de olhar o tudo. Paradigmas inalteráveis foram ampliados. Há que se considerar, a existência de um ente que olha, determina o que vê, o transforma e nada mais é o que é. Mais ainda: não há um lugar fora a ser apreendido; as coisas não são como são, mas, como somos aptos a vê-las. São, portanto, o que nos parecem ser. O que vejo (se destaca de um todo), me vê também. Há um corte e um foco e esse foco destaca, do corte que fiz da realidade a qual direcionei meu foco e a co-criei. Nova fórmula de decodificar o mundo, as pessoas, as ideias... se impõe. Se estou interessado em direcionar meu foco em um “ford-k”, o “ford-k” passa a se interessar por mim; aí, só vejo “ford-k”; não vejo “ferrari”, “mercedes”, nem “fusca”. Tem gente que sabe intuitivamente usar isso a seu favor e em prol de sua ideologia: fala o que se quer (ou, se pode) ouvir. Líderes totalitários (de todos os tipos e seitas) o fazem bem.  Seja lá porque o recorte – e o foco - se assemelhe ao nosso, seja porque o nosso se assemelhe ao deles. De semelhança em semelhança, comunhão em comunhão, uma egrégora é formada; lugar do imponderável, onde dormem as verdades, que, acolhidas, dão lógica a tudo. Na egrégora pertencemos; pensamos e agimos como manada, irmanando forças e dando energia e forma ao todo.

Uma egrégora é a força inefável, não verificável, não visível, não mensurável formada a partir de campos de energias comuns e coletivas de pensamentos e sentimentos; de olhares peculiares sobre tudo. Esse campo - de códigos comuns e sentimentos similares - se forma e é mantido por padrões frequenciais vibracionais de um determinado grupo de adeptos. Essa semiose de significações contida nessa semiosfera de simbolizações do real – inapreensível em sua objetividade – forma o caldo onde moram as ideologias, as concepções, os “eu-acho-quê”; em seu extremo, o fanatismo e o fundamentalismo. Não são amorfas, ou inocentes, são altamente infecciosas; buscam uma homeostase no fluxo dos seus semelhantes, e, como todo micro-organismo que se preza propaga-se aleatoriamente, desde que captada pelo recorte de quem se identifica, olha e recorta esse pedaço do todo, dele se apropria e nele passa a sobreviver.

Não há jeito; somos facções polarizadas por processos de homeostases singulares. Neste momento, especificamente, constituímos e habitamos egrégoras física e extra-física impermeáveis. Queiramos ou não, optamos por fazer parte de uma delas, seja por inclusão, seja por exclusão. Do mesmo modo que a vemos, ela nos vê, e, tal como seus componentes, captamos, compreendemos e expressamos o que vemos.

Ninguém vê “ford-k” quando foca em “Ferrari”. Resta-nos saber que, em busca da homeostase, devagarzinho, somos nós quem nos deixamos capturar por essa ou por aquela egrégora; aquele campo de força de energias comuns. É bom saber que as egrégoras não morrem; organizam-se homeostaticamente. E, assim, o ato de pertencer e de se alinhar a essa ou aquela é de nossa inteira responsabilidade. Melhor: podemos abandonar um campo patogênico de produção de doenças, e, migrar para outros que nos ofereçam inúmeras e benéficas possibilidades. Sobreviver é preciso; saber o como é arbitrário e pessoal. Podemos optar simplesmente em sermos patógenos, ou antígenos; fungo ou penicilina; vírus ou vacina.

Maria Angela Coelho Mirault

Professora Doutora em Comunicação pela PUC de SP

Campo Grande, 19.09.22

 

 

 

 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Torre de Babel


 


Embora alguns ainda creiam possíveis alterações do cenário, os campos estão delimitados, demarcados, intransponíveis e deflagrados. Vai haver embate e Plebiscito, sim. Há um ruído retumbante para o estabelecimento de qualquer entendimento entre os combatentes: quem é quem já o é e ponto final. Tudo agora é possível diante da escolha de Sofia. Somos todos, sob o mesmo “pavilhão de justiça e do amor”, o mesmo “pendão da esperança”, nós e eles.

À luz de teóricos e teorias respeitáveis, concebi a tese de que a Cultura é um ruído considerável (de qualquer possibilidade) para o estabelecimento da comunicação. Esta, sim, um fenômeno imponderável e submisso a um sistema de códigos, premissas e verdades intrafronteiras semióticas - lugar onde se dá a captação, a interpretação e a compreensão de um mesmo fenômeno. É assim que todo processo de estabelecimento da comunicação se dá em um ambiente circunscrito a um contexto habitado pelas concepções culturais peculiares que, nós, estudiosos, denominamos semiosfera.  É por isso que ninguém entende ninguém; cada lado da trincheira detém um peculiar patrimônio cultural que lhe confere certo padrão de organização “do mundo” e lhe confere a singularidade do seu ambiente ecologicamente semiótico, único em sua complexidade, e, pelo qual - é só pelo qual – é capaz de enxergar, captar, interpretar e expressar o outro, a vida e o que lhe aparenta ser, pois é esse contexto semiótico - e espaço de lealdade que lhe abriga - que o mantém na singularidade de pertencente a uma ordem e reconhecimento social, mesmo que anticivilizatório.

Agimos com o modo como codificamos e decodificamos o mundo. Cada “lado” do embate que se confronta é composta e alimentada por miríades de microculturas individuais, que, somadas, dão o contorno final daquele campo maior; todas as concepções individuais forjadas ao longo da vida fornecerão os ingredientes do fechamento das convicções; absolutamente inatingíveis e abertas à outra forma de concepção de mundo.

Dado ser a Cultura a memória não hereditária, significada, armazenada e transmitida por um grupo aos seus iguais, é, também o lugar propício à ressignificação de códigos de linguagens do outro, do desigual, do diferente, desde que em prol de um mínimo de entendimento e compartilhamento de ideias e ideais.  Existe, sim, uma região de fronteiras intersemióticas, bilíngues de culturas distintas que necessitam intercomunicar-se e relacionar-se dialogicamente. Existe, sim, um lugar que permite tanto a internalidade quanto a externalidade de “verdades”. Nessa região limítrofe e porosa de fronteira-cultural, a troca de informações entre sistemas aparentemente incomunicáveis, é possível, porque, viver é justamente ser capaz de ressignificar e confrontar códigos de lealdade; superar esses códigos de forma majorante; abandonar premissas; aceitar e adquirir novos contextos de compreensão do mundo e da vida; agregar; compreender; se preciso, mudar de opinião; de rumo; de cara; de identidade. Irmos ao encontro do outro, do divergente, do aparente inexpugnável é objetivo da própria vida.

O fechamento espiritual-cultural a que nos submetemos evidencia-se porque ainda carecemos de figuras mitológicas que nos justifiquem o que somos e aos nossos atos. Mas, urgente é, nesses tempos trevosos, que, àqueles a quem foi dado enxergar - nesse espaço de fronteira intersemiótico - continue a ver; a analisar e a acreditar na construção de um novo paradigma ético-político-social que nos permita a imprescindível interlocução entre os entrincheirados de agora. Nem nós nem eles: todos estamos conflagrados aos resultados nesse plebiscito imposto pela Torre de Babel Cultural a que nos colocamos. Quem viver, e enxergar, verá. Que o Espírito Democrático do Tempo prevaleça dentre e entre nós, em Terra de “Santa” Cruz.

 

Maria Angela Coelho Mirault

Professora Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de  SP

Campo Grande, MS, 3.08.2022

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

A HORA É MUITO GRAVE E ESTAMOS MUITO PRÓXIMOS DO PRECIPÍCIO

Eu estou pensando na gravidade em que estamos TODOS envolvidos. O mundo em estado de guerra (última guerra!). Nós, aqui, sofrendo as consequências de uma Democracia em estado terminal (tanto que necessita de manifestações da sociedade e de cartas para manifestação do óbvio). Prova cabal de que estamos diante de Instituições pífias que deveriam defendê-la, independente do nosso apelo, mas foram sequestradas pelo pior do nosso DNA social e político

Elegemos esse palhaço-terrorista-indisciplinado, em 2018, com raiva e ódio no coração e mente. Elegemos um criminoso, palhaço, inconsequente, sem caráter, enlouquecido e ameaçador. E, que - graças a Fernando Henrique (não nos esqueçamos desse aí!) que "comprou" todo um Congresso com sua proposta imunda de reeleição – se mantém no trono, mais como marionete e bobo da corte do que governante; mas, um bobo-da-corte de alta periculosidade com sua caneta bic ainda em mãos, mantido por seus cúmplices aliados em um projeto de sanha pelo poder, simplesmente, o poder e as benesses do poder. Um país nas mãos de um condenado do mensalão, que senta no Congresso e suja a cadeira com suas artimanhas macabras diuturnamente. Gente, que nos parecia de boa-fé, subjugada, obsediada, sequestrada mental e espiritualmente, participante de uma Erégora de mortos que, de onde estão, urram por justiça; almas que foram assassinadas pelo descaso e ações do negacionismo, insensatez, crueldade. Todos liderados por um ser abjeto que está no quarto “casamento” e se manifesta dentro dos templos-de-barrabás como “defensor da família”. Ódio atrai ódio. Foi nosso ódio, que nos levou a acreditar na "farsa da faca" tramada por um moleque. Foi nosso ódio, reação e oposição a um governo que se mostrou corrupto durante 14 anos, que conseguiu driblara todo o aparato de justiça desse país e catapultou nossas mentes em favor do miliciano. Condenamos o ladrão e escolhemos barrabás.

Temo 2023, Nem um dos apóstolos d Cristo conseguiria – conseguirá - levantar o Brasil que lutou arduamente por sua Democracia, pós ditadura militar...

E é daqui mesmo, do meu lugar de indignação e fala, que pergunto aos céus: tinha de ser no colo das gleiesses, dos gedéis, dos eunícios? De um lula-ancião, caquético e fragilizado (e que não foi inocentado!) e toda a canalhada que o apoia e apenas substituirá a outra canalhada?

Triste de nós. Povo triste, faminto de pão, de circo, de educação e de saúde. Miseráveis é o que somos e continuaremos a ser. Brasil imundo, enxovalhado, acovardado. Seja o que for, tudo nos conduzirá à manutenção do caos.

Resta-nos as Forças do Bem - se insistirem a nos encaminhar -pobres e culposas ovelhas burras, ignorantes e desgarradas; religiosas até - porque vem das igrejas, dos templos a colonização de muitas dessas almas: católicas, evangélicas, espíritas...) e desgarradas.

Quem será por nós?

Que o inferno – e a Egrégora dos mortos pelo negacionismo – os aguardem com Fé.

Eu assinei o manifesto, mas, não sou louca. sei que isso não basta. Estou fora dessa dialogicidade-suicida e espero que os Céu consertem o que não podemos consertar; expulse os satanases da garganta do nosso povo e liberte nosso amado Brasil!

 

Profa. Dra. Maria Angela Coelho

05.08.2022

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Quem são elas

 


Todas... todas estão a serviço da Vida. Um mistério insondável envolve esses seres que - a partir da semeadura em um Big-Bang-biológico-epiritual - dão a luz a outro ser, vindos de outro mistério e que aportam o mundo para sua singular jornada. Parte da ciência assegura: como tudo o que vive, são feitas de poeira estelar. São, antes de tudo, uma subespécie - ou sobre-espécie- existente em todo o espectro feminino-ecossistêmico-animal. Dizem que as mães nascem com instintos que emergem ao se transformarem naquelas que - ao transmitirem o mistério da vida- são responsáveis pela preservação e continuidade da própria existência terrena. Basta a observação do mundo animal para a constatação de que é por esse intermédio que a própria lei da Natureza determina a existência e a sobrevivência de todas as espécies. Afinal, mesmo sob os avanços científicos das barrigas de aluguel, inseminações artificiais, o começo de tudo se encontra na constituição do único ser passível de concretizar o sopro divino em vida.

De certo, há um mistério envolvendo essas a quem se determinou a corresponsabilidade pela continuidade da existência na esfera planetária. São naves que interligam mundos diferentes; transladam existências e fabricam seres os quais, desde que semeados, chegam com toda sua complexidade bio-existencial para adentrarem o privilégio de cursar suas próprias experiências existências. São, sim, criaturas interestelares. Não exercem papel, ou fortuita missão; são mistérios gerando mistérios na igreja bendita do seu interior. São elos que ligam toda a herança ancestral - física (DNA) e informacional; que liga o passado ao futuro. É desse lugar - e somente desse lugar - que todo passageiro chega ao seu destino, tendo experimentado tudo que necessitava durante essa imperscrutável jornada. Nesse aspecto, toda mãe cumpriu sua missão de mediação entre o sagrado e o profano, interligando mundos distintos.  Muitas só fizeram isso, porém, por mais paradoxal que seja, isso foi e é tudo. Todo viajante trouxe, por essa vinculação, a experiência da abundância e do sucesso de sua própria frutificação.

Muiiiiiito recentemente o pesquisador e sintetizador das experiências que fez ao longo de sua abundante carreira, Bert Hellinger, veio nos desvendar a grandiosidade do vínculo que se estabelece nessa composição inigualável entre mães e filhos.  Por essa proposição, todos os indivíduos conheceram o primeiro e imprescindível sucesso de suas vidas no ventre materno. É desse lugar que tudo lhe é graciosamente ofertado para aportar nessa vida. Vem desse corolário de conhecimentos e experimentações a concepção sistêmica de Campo (de informações) Morfogenético, segundo o qual vidas se interagem e todos fazem parte. Desse modo, a singularidade da maternidade e esse consequente vínculo é O Mistério inigualável e indestrutível muito além do aparente e concebível. À luz da abordagem sistêmica, pode-se concluir: mães são naves-espaciais e especiais – carregaram (e carregam) todo o mistério da co-criação; elos pelos quais não só é concebível a perpetuação da vida, como manutenção das memórias ancestrais oriundas do campo-genético-informacional tangente e vigente em conexão permanente.  

 

Campo Grande, MS, 05.05.2022

Maria Angela Coelho Mirault

Mãe

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Lavemos nossos pés

 


Lavemos nossos pés

Durante o pregão e confiante de seu lugar de fala, o celebrante dirigiu-se aos fieis e disse: “todos vocês” são pecadores; eu também o sou! Será? Teremos, nós - pequenos e vulneráveis mortais - que pagar por aqueles pecados que assombraram nossa infância, do caderninho-de-deus, na porta-do-céu; aquela continha enooooorme cobrada no “juízo-final”?! Afinal, quem é o pecador? Aquele emaranhado com as agruras da própria vida, que metendo os pés pelas mãos, sai do eixo da virtude e segue na vida como pode, como sabe, como viu, como aprendeu? Aquele que sabe que peca e, mesmo assim, se pauta no pecado? Será aquele que sabe que erra e finge que não sabe que erra e vaaaai? Rebanho de pecadores, estaremos destinados ao descarte e ao caldeirão? Será que essa roda do Sansara nunca terá fim?

Será que aquele homem que dividiu a História e o calendário, que lavou os pés dos seus discípulos - signo e mensagem da compreensão e do perdão - pensaria isso de nós? Não, certamente que não: estaria ao nosso lado, nos acolhendo, consolando e clamando aos céus, de novo, por nós: “Pai, perdoai porque eles não sabem o que fazem”.

A regra de ouro do percurso de qualquer Mensagem é a premissa categórica de que jamais teremos as condições ideais para a traduzi-la, tal como se originou; a comunicação é mera possibilidade. Ainda entendemos tudo errado (origem de todos os conflitos). Tudo que nos soa aos ouvidos, assim como a tentativa que empreendemos, não passa de um esforço peculiar e individual de compreensão, de acordo com nosso potencial de competência.  Mas, a pureza mesma entre Emissão-Recepção nunca se dará. No trajeto, sofrerá transformações, impregnada que será de crenças, valores e filtros culturais. Por isso somos tantas vozes dissonantes sobre um mesmo tema. Sempre.

As religiões judaico-cristãs ainda nos fazem rememorar a “morte” do judeu na cruz; não a celebração e vitória da vida do judeu sobrevivente; signo e mensagem de sua peregrinação entre nós.  Talvez, nunca entendamos aquele jovem homem de 33 anos que se conduziu ao calvário; que, antes, expulsara vendilhões. Àquele que se apresentou e se submeteu ao Sinédrio, sem temor; que não disse nem negou que era, ou não, Filho do Homem; que vinha trazer a Boa-Nova da Vida Eterna. Do alto de sua grandeza, preferiu optar por comprovar sua Mensagem de Ouro, vivenciando e deixando-se levar à humilhação, ao reproche; às admoestações criminosas. Quando nos legou do alto das Oliveiras o seu pedido de perdão, sabia bem que estava lidando com o povo de Barrabás. Sem dúvida, a mídia exibirá inúmeras paródias da tragédia. Encenações se propagarão pelas cidades; o cenário hediondo do calvário será remexido e repetido incessantemente. Mas, a Mensagem de Ouro com o qual comprovara todo seu propósito de vinda e vida entre nós, não nos será, de novo, compreendida, nem exaltada. Sequer, será ouvida. Nessas “comemorações”, Barrabás ainda é o nosso herói.

Nestes dias significativos e simbólicos, na intimidade de nossas vidas, lavemos, pelo menos, as poeiras dos nossos pés. Não lamentemos nem celebremos a morte. Reflitamos e acordemos para a Mensagem da Vida Plena, tão mal decodificada naquele e nesse tempo. Não, não somos pecadores, senhores do templo; temos, sim, um longo caminho a caminhar, com honra e respeito, mesmo sem entender por que. Mas, o inferno não será nosso pódio.

 

Maria Angela Coelho Mirault

Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de SP

Campo Grande, MS, 13 de abril de 2022

 

 

terça-feira, 5 de abril de 2022

Tratado de paz

 

Niki apanhou na pré-escola. Na saída, um pranto incontrolável recortava suas palavras, e sua tentativa de contar o que acontecera e expressar a sua dor! Ele mal completara quatro anos e experienciou o amargor do seu primeiro ataque de um semelhante e habitante de um – presumivelmente - ecossistema favorável a ele e a convivência com seus iguais. Naquela manhã, Niki havia se deparado com a agressividade do mundo externo ao seu - naturalmente antropocêntrico, ameno, colorido, estético, ético e acolhedor – e, conheceu um dos seus porquês. O episódio aparentemente fortuito (há coisas tenebrosamente – meu Deus! – piores, neste mundo e perpetrado contra a infância!) fez com que Niki adentrasse em um novo mundo: lá fora, “a gente apanha”; lá fora, “dói”!

Em grande escala, somos Nikis. Mesmo que, munidos pelas experiências adquiridas; pelos inúmeros processos do bater e do apanhar, ainda choramos e morremos, perdidos na lógica do porquês.

O mundo de Niki é o nosso mundo contaminado e pulverizado por espécimes agressoras.  Parece mesmo que essa mutação esteja ganhando pelo grito e opressão; adaptados, tenham aprendido a reverberar seu domínio e seus demônios. O que sobressai é uma insanidade vigente insuportável, ofensiva, repugnante, mas, trivial, guerreando e fazendo suas ocupações em todos os territórios já em escombros; combalidos e tomados. Há uma carência retumbante de comprometimento com o Outro, com o Igual e o - mais hediondo - com o Diferente, em todos os espaços. Aliás ... nem precisamos do lá fora, já que nem damos conta dos bélicos conflitos do fogo-amigo, dentro dos nossos bunkers. De repente, nos vemos (ou sabemos) brigando na rua, nas casas, na família (ah! as famílias!). As pequenas guerrilhas  - entre seres, antes, queridos – eliminando qualquer possibilidade de entendimento e convívio, formando o exército de uma subespécie de almas migrantes em busca de um lugar de sobrevivência; uma nesga de espaço entre as fronteiras do antes e do depois.  Há evidência de muita revolta, muita raiva pronta a explodir em nossos – aparente e enganosamente pacíficos - pedaços existenciais. Todos os dias - kamikazes – saímos de casa, munidos dos nossos próprios coquetéis molotovs e deixamos nossas bombas reativas, colocando, all time, nosso arsenal de guerra em estado de alerta máximo. Em estado de guerra permanente, saímos dos abrigos nucleares, em que se transformaram nossas protegidas casas, apontamos nossos poderosos mísseis para qualquer um: o gatilho pode ser uma mera buzinada, um coco de cachorro na calçada do vizinho e nossos “tanques desgovernados” passam por cima de nossos próprios carros.

Sim, somos nós quem alimentamos, diuturnamente, esse estado de guerra; oferecendo ao mundo nossa alta densidade e psicosfera bélica, hipnotizados (imbecilizados?) pela força das redes,e, ainda, pela desinformação emanada dos canais abertos e restritos das tevês.

E, aí, camarada, de dentro dessa vida que levamos, neste lugar em que vivemos, apartados e conflagrados, quem somos nós, para palpitar e tomarmos partido em guerras e conflitos dos outros?

Desliguemos, urgente, e, primeiramente, nossos “tubos” de (des) informação e cuidemos um pouco mais e verdadeiramente das nossas querelas pessoais e cotidianas. Porque o tratado de paz, que vale, verdadeiramente, não depende do Capital Internacional e armamentista; da OTAN, da UE, de Beiden, de Putin e Zelensky. A nossa guerra desenrola-se virulenta e nefastamente dentro de cada um de nós e ao nosso redor. Nesse contexto, só nós temos o Poder de desligar o estado de alerta máximo; nossa fabricação doméstica de bombas e assinar Esse (nosso) Tratado de Paz.

Namastê!

Professora Maria Angela Coelho Mirault é Doutora e Mestre pela PUC de SP, em Comunicação e Semiótica: Signo e Significação das Mídias

Campo Grande, MS, 28.03.22

Em tempos escatológicos

 


Nesse momento escatológico, em que a bund*-da-anita catapulta a cantora brasileira para o number one de um streaming, e é comemorada pelos quadrantes como se fosse a Copa, tudo nos é permitido e possível. Mas, já que tudo é possível, também minha opinião o é.

A pior Campanha publicitária que subliminarmente associou VAGINA com VACINA foi premiada, recentemente, em SP! Rufem os tambores! Pasme-se! Misógina (Misógina!); abjeta; indecorosa; degradante; infamante foi considerada a melhor do mercado-erótico-sensual, na categoria marketing?!

Uma escatologia que bem caberia em um folhetinho, cartazete, mala-direta para usuários da lojinha, foi para em lugar público, por meio de vários outdoors espalhados pela cidade de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, em comemoração ao Dia dos Namorados, em 2021: ano da pandemia que assolou nossas vidas sobreviventes e deu fim a outras inesperadamente. Assim dizia: “Feliz Dia dos Namorados para quem só pensa na V A - I N A”, de forma que o receptor-decodificador daquela ideia completasse (jocosamente, segundo os expositores) a frase. O “oscar” deu-se em São Paulo, agorinha, quase junto com number-one-da-anita. Tudo a ver, em tempos escatológicos. Agora, contentinhos, voltam e comemoram com a “gente” e dizem publicamente:  “Mostramos o poder da V A – I N A!”. De novo, está lá replicada nos outdoors da cidade.

Desde quando associar VACINA com VAGINA é engraçado?! Aonde estão as mulheres-ativistas, as carolas, as dessa ou daquela cor partidária, que passaram, viram os outdoors, a mensagem, e, também acharam engraçado? Identificaram a misoginia? Sabem do que se trata? Não! Não vi reação à repugnante mensagem, nem lá, nem agora, na comemoração. Eu a vi exposta na Avenida Ricardo Brandão pra quem quiser. De novo,  embrulhou-me o estômago, embaralhou meus neurônios e me agrediu.  A escatologia e a misogenia não têm nada de engraçadas. Trocadilho e baixaria deveriam ser inadmissíveis no campo da Estética publicitária; já que o são no campo da Ética. Nem vem com a tal da licença-criativa pra cima de mim!  O outdoor foi uma peça publicitária inapropriada e totalmente outside. Uma mensagem – qualquer que seja – só se completa na interlocução de um receptor. E, nesse caso, propagada ao leu, não se completa como foi idealizada. Sofre as naturais distorções semióticas-culturais, próprias de cada um dos que a recebeu. Pois bem, chegou a mim que “completou” a letrinha e caiu mal; reverberou minha indignação, que se indigna agora com a mensagem de comemoração que grita aos meus ouvido outra vez: (eles) “Provamos o poder da va-ina!”.  Brincadeira. Acinte.

O que tenho aprendido nesses finais dos tempos? Aprendi que o que sempre se fez entre paredes - e, antes, publicamente, causava vergonha - sobe aos palcos, vira clipe, e é comemorado como um troféu da nação. Aprendi que chamar um morador e fazer sexo é doença psiquiátrica. Aprendi que juntar VACINA com VAGINA é muito engraçado.

Aguardemos os próximos Dia das Mães, Dia dos Namorados, Finados e o que a escatologia nos brindará. Os donos da lojinha já nos alertaram que vamos nos surpreender. Pelo jeito iremos morrer de rir ... e, quem sabe, comemorar de novo!

Em tempo, pra quem não deu um Google: 1) misogenia: oriunda da união entre os termos gregos “miseo” e “gyne”, cujos significados são respectivamente ódio e mulheres, a palavra misoginia é usada para definir sentimentos de aversão, repulsa ou desprezo pelas mulheres e valores femininos; 2) escatologia: relativo ao estudo dos excrementos ou à excreção.

Ficou claro, agora?

 

 

Professora Maria Angela Coelho Mirault é Doutora e Mestre pela PUC de SP, em Comunicação e Semiótica: Signo e Significação das Mídias

Campo Grande, MS, 29.03.2