segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

CATALÉPTICOS E ANESTESIADOS COMEMORAMOS O NATAL

Ufa! O pior já passou, mas, ainda é Natal. Tem ressaca, preguiça, árvores e luzinhas acesas, ofertas, presentes inúteis ainda ensacados, restos da ceia, peru na geladeira, bebidas não consumidas e desperdiçadas no decorrer da semana. Mantendo o estado de letargia, aguardamos o réveillon para que, novamente, bebidas, ceias, fogos de artifícios, retrospectivas, voltem a anestesiar e consumir nosso precioso tempo, blindando nossas verdadeiras necessidades, privações e preocupações com o mundo real.
Somos presas fáceis da praga do consumismo. Somos presas fáceis da alucinação. Somos presas fáceis da postergação. Anestesiados pelos apelos midiáticos, só iremos acordar mesmo depois do Carnaval. Mas, antes, passaremos pelo 12º. big-brother, quando, então, teremos em quem canalizar nossa raiva, exercitar nosso critério de julgamento e tripudiar nossos semelhantes enjaulados para o gaudio do populacho e dos anunciantes. A rede vai cuidar para não arrefecer esse estado cataléptico; que se exploda o mundo. Só, então, em alguma manhã de março, ao nos darmos conta do tamanho da nossa dívida, da realidade da nossa inadimplência, olharemos de frente a vida real e, pela necessidade premente de sobreviver, espremeremos salários (este ano, particularmente, venderemos votos) e pagaremos, com suor e sangue, a exorbitância dos juros, ao longo de todo o ano, para dar conta do desvario de final e início de um novo ano. É sempre assim.
Não tem jeito, tento sempre reprimir esse sentimento de aversão ao natal como festa de consumo, de falsos valores e de genéricos votos de felicidades. Muitas vezes me peguei pensando em "como sou uma pessoa má, sem sentimentos de confraternização e coisa e tal", mas, este ano decidi assumir isso. Enfim, não há meio de gostar das alucinógenas comemorações natalinas, nem, tampouco, das do ano novo, na atualidade; que fazer? O certo é que não gosto – pronto - falei. Poucos de nós têm o verdadeiro significado das datas festivas; alguns as comemoram com sofreguidão e insanamente, enquanto, milhões sofrem a agonia da solidão, da doença, da carência, da ausência. Para esses, este é um tempo de depressão, de amargor e desconsolo. E nesse estado, a dor fica maior, a desigualdade econômica e social, mais cruel, a festa lá fora apunhala sentimentos de perda e as ausências dilaceram mais ainda as feridas do coração. Esse paradoxo me incomoda e não me permite desfrutar, com consciência tranquila – e alienada - e o coração festivo, a festa, a ceia, os presentes. Então, prefiro manter o prumo, compartilhar a realidade que avassala a vida de todos nós, procurando sair desse emaranhado de pisca-piscas - papai-noeis degradantes - fogos de artifícios e derivados natalinos. E, mais: convicta de que não sou doida, nem má, nem uma pessoa insensível. Num mundo de expiação e de provas como o nosso, em que a dor é maior do que o prazer, creio até que sou coerente e sã, assim como sei, também, que, no fundo de suas essências, muitos compartilham esses sentimentos e essas reflexões.
Mas, vamos lá deixar de ser chata nessa tentativa de estabelecer esse choque de ordem, porque você não tem obrigação nenhuma de pensar como eu. Então, se puder, mantenha a luzinha acesa e a "alucinação" do Natal nos dias que virão em 2012. Que, realmente, o nascimento do menino Jesus tenha significado em sua vida e que possamos, na luta diária da sobrevivência e do crescimento moral e espiritual, que teremos de enfrentar, obter sucesso em nossas conquistas diuturnas e cotidianas. Assim é que lhe desejo, de mente aberta e lúcida, coração afetuoso (mas, sem sininhos nem músicas ofuscantes), um permanente Natal em sua vida. Que, no balanço do ano que finda, a somatória seja de êxitos superando todos os fracassos e decepções cotidianas. E ainda desejar, com o mais profundo respeito... Feliz ano novo.

Maria Angela Coelho Mirault – é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
Mariaangela.mirault@gmail.com

sábado, 19 de novembro de 2011

A PATÉTICA E INSISTENTE VOLTA DOS MORTOS-VIVOS

Chega a nos parecer patética a ressuscitação do debate de um assunto morto, cremado, cujas cinzas já se espraiaram ao vento. Falo da obrigatoriedade do diploma de bacharel em comunicação social, na habilitação de jornalismo, para o exercício da profissão. Já que o debate retorna a nos assombrar, vamos lá. O Decreto-lei 972/69 que regulamenta a profissão já havia sido revogado, por direito e de fato, pela Constituição Federal, em 1988, ao determinar em seu artigo 5º e 220 “ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de COMUNICAÇÃO, independente de censura ou licença”. Revogado, também, fora pelo Decreto-lei 9.610/98 – Lei do Direito do Autor - que qualificou o trabalho jornalístico, de qualquer natureza, como de caráter intelectual, retirando o jornalista da condição de mero prestador de serviços no campo da Comunicação (DL 972/69) para colocá-lo no nível de autor de obra cultural. E, finalmente, foi morto, cremado e sepultado pela decisão do Supremo Tribunal Federal, em 17/06/2009, sob as seguintes (parte) alegações dos Ministros: “Danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista e não podem ser evitados com um diploma...”; “... foi criado (DL 972/69) no regime militar para afastar, do jornalismo, intelectuais contrários ao regime”; “... a exigência de diploma é resquício do regime de exceção”; “... preservar a comunicação de ideias é fundamental para uma sociedade democrática”; “... restrições, ainda que por meios indiretos, como a obrigatoriedade do diploma, devem ser combatidos”.
A tentativa nazifascista de controlar os processos de comunicação entre o Estado e a sociedade sempre foi um almejo daqueles que lutam única e exclusivamente por suas causas. No Brasil, é icônica a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, em 27/12/39, pelo Estado Novo, cujo objetivo explícito era o de controlar os meios de comunicação, bem como a propagação ufanista e ideológica do governo Vargas, sob a falsa concepção de que caberia ao Estado, em seu papel de organizador da sociedade, controlar e vigiar a informação.
Durante a ditadura militar, o governo Costa e Silva, além do Ato Institucional no. 5 (AI-5), criou, também, a Assessoria Especial de Relações Públicas – AERP, cujo objetivo era o de centralizar os órgãos governamentais de propaganda, com o intuito de fornecer as “verdades” do governo e conquistar o apreço da opinião pública brasileira. Propagandeando o “milagre econômico”, sob a convocação de um patriotismo exacerbado, obteve pleno êxito durante o governo Médici.
A regulamentação profissional imposta pelo DL 972/69 e a consequente criação dos bacharelados em Comunicação Social, notadamente, no que diz respeito às habilitações em jornalismo, surgiu e se disseminou sob esse viés nazifascista e esse respaldo filosófico-ideológico, que, na prática, busca sustentar a “verdade” deontológica de que seja preciso, necessário, primordial à espécie humana, a existência de um tradutor da realidade, desde que, devidamente regulamentado, sindicalizado e diplomado. Como se fosse possível credenciar-se alguém a tornar-se interlocutor entre o acontecimento e a sociedade leiga. Isso não é possível porque é impossível a isenção na narração do fato vivenciado. Toda expressão é a manifestação de um pensamento a respeito de um evento reelaborado, visto, sermos seres semióticos que detém em seus repertórios codificados do mundo, suas subjetividades e essas intersubjetividades invadem as interpretações e narrativas sobre a realidade. Isso joga por terra qualquer presunção de neutralidade do observador frente ao objeto observado, e, consequentemente, qualquer possibilidade de que, a isenção da notícia pelo viés do jornalista diplomado, se concretize.
Quando se argumenta a favor da ressuscitação da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista e, dialeticamente, se compara essa atividade com outras profissões como a medicina, a advocacia, a arquitetura e a engenharia, deixa-se de dar relevância a uma evidência crucial: enquanto estas - se desregulamentadas - podem auferir danos a terceiros, à outra só causa danos aos que a exercem e pleiteiam uma descabida reserva de mercado. Não é possível que se creia que um diplomado “clínico-geral”, só pelo fato de ter passado (às vezes, muito mal - haja vista os “Biais”) pela faculdade, seja mais competente do que alguém que traduza, com conhecimento de causa, as “verdades” da sua área de especialidade.
Ao se radicalizar em uma questão sabiamente morta, cremada, sepultada como esta, em plena segunda década do século XXI, mantendo-se a opção feita na década de 70, do século passado, em detrimento à liberdade de expressão e manifestação do pensamento e em favor do tecnicismo, ocultando o caráter ideológico-político pelo qual foi criado, chega a ser patético, inconsistente e, antes de tudo, um anacronismo retórico. O mundo gira, velozmente; as mídias, cada vez mais mutantes, convergem ao encontro de todos e cada um de nós, indistintamente; captura os fatos da realidade, em conformidade com as miríades de intersubjetividades, deglutem-na e devolvem-na em imagens e palavras, inundando blogs, sites, redes de relacionamentos, jornais e canais de televisão. Assim, a volta da obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da função tecnicista-funcionalista do jornalismo, nada mais traduz do que um saudosista ranço autoritário da ditadura a serviço do maior poder de restrição e controle sobre a liberdade de imprensa, nos dias atuais. Que, então, os mortos-vivos se mantenham como estão; sepultados.

Maria Angela Coelho Mirault – Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
mariaangela.mirault@gmail.com

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O QUE QUEREM OS MAURICINHOS E PATRICINHAS DA USP, FUMAR MACONHA, É?

Interessante acompanhar a repercussão que a anárquica invasão e ocupação da USP vem obtendo na sociedade e na imprensa. Protestantes mesclam-se sob os mais variados cursos, nos mais diversos níveis, unidos em uma mesma bandeira de libertinagem. Demorou. Pífias apresentam-se à sociedade todas as instâncias por eles provocadas; da reitoria, passando pelo governo do Estado de São Paulo, pelo Ministério da Educação e seu ministro, pela própria polícia, e, por que não, pelo judiciário. A demora na tomada de decisão, com a qual o episódio foi – e está sendo – gerido, é preocupante e arranha a ordem constitucional de toda uma nação. Denota incompetência e ignorância de todos os envolvidos. E medo, muito medo, principalmente, o medo do ano que vem, já que sabido é que o ministro já é um candidato explícito do PT às eleições municipais, na cidade de São Paulo.
Tanta coisa necessitando de mobilização popular dos jovens e adultos brasileiros: tanta gente que sai de casa para o seu trabalho e não volta, mortos como moscas no trânsito, na mira de um fuzil e tantas desgraças mais; tanta indignação legítima para se indignar, principalmente, pela corrupção que assola o País e emporcalha nossas salas, via TV, respingando em nossas roupas e subindo às nossas narinas; tantas mortes nas calçadas em frente aos hospitais; pela falta de escolas públicas decentes, no roubo à infância brasileira, sem creche, sem pão, sem nada... E esses “estudantes” fizeram o que fizeram em prol de um pseudo-direito que atribuem ter três dos seus colegas de fumar maconha, no ambiente universitário? Poupem-nos o dissabor e a perda da esperança.
Vale ressaltar que, embora, seja referenciada no Brasil e no mundo, a USP nunca foi um oásis de candura universitária; que testemunhem os familiares de filhos perdidos e assassinados em trotes violentos e que volta e meia vem a público. Agora, após a morte de um aluno assaltado no campus universitário, num flagrante registro da insegurança do local e que, como providência absolutamente coerente com a causa, policiamento é requerido e acordado, acadêmicos encontrados fumando um baseado no campus, que sabiam policiado, ainda ganham notoriedade nacional? Mundial? Apoio dos colegas, de seus pais, dos pais de seus colegas, de sindicatos, além da omissão do governo? Onde e em que pé estamos? Tem tanta gente boa emitindo tanta bobagem em defesa desses vândalos, que nos causa espanto e embrulha nossos estômagos.
Não, não se pode permitir a politização desse movimento que nada tem a ver com direitos, com repressão e legitimidade. Pois, agora, que a justiça decide pela reintegração de posse do prédio público ocupado, que sejam punidos, fichados, expulsos do ambiente acadêmico que não souberam respeitar, é tudo que esperam os que têm um pouquinho de racionalidade. Que paguem tudo que destruíram do patrimônio púbico. É tudo o que uma sociedade assoberbada de problemas deve exigir. Ou será que fumar maconha em público já é permitido no Brasil e nem os policiais nem resto da nação brasileira disso sabia? Se pode é já é permitido, então, avisa lá!
O que querem, então, os mauricinhos e patricinhas da USP? Espero que se tornem exemplo, sim. Exemplo do que não se pode e não se deve fazer em um ambiente universitário, com o patrimônio público. Que a sociedade brasileira seja respeitada. Que as autoridades a quem cabe gerenciar essa crise, que já foi longe demais - sem violências de qualquer espécie - tomem as rédeas da situação que já se apresenta insustentável, insuportável. Que o ministro se manifeste com rigor e eficiência, que a polícia aja, que o reitor acorde, que os pais dos anarquistas atuem. Punição para os rebeldes sem causa e sem razão. E que o dinheiro da fiança paga por sindicatos seja restituído vintém por vintém. A luta e o protesto dessas pessoas é ilegítima, ilegal e inconstitucional. Enfim, por que os uspianos que lá não estão não se rebelam também? Por que se omitem e continuam suas vidinhas corretas sem nenhuma alteração.? Acordem! Acorda Brasil.

MARIA ANGELA MIRAULT – Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo

terça-feira, 11 de outubro de 2011

NENHUMA RELIGIÃO PODE ASSEGURAR A CURA

A crença no sobre-natural sempre esteve presente na história da humanidade. Desde que o homem, buscando compreender a morte, passou a adornar os túmulos dos seus entes queridos, a crença no que possa existir além da vida vem acompanhando sua jornada terrena. Desse modo, crer em deuses, anjos, demônios e espíritos não constitui nenhuma novidade, nem, tão pouco, privilégio dessa ou daquela crença. Não tendo condições de apreender a realidade sobre-natural, esse homem a foi traduzindo de acordo com o seu entendimento, parâmetro, repertório e padrão cultural ao longo dos séculos. Dos Vedas a Bíblia e aos Evangelhos constata-se o registro de manifestações extra-físicas, sob as mais variadas denominações. A tradição judaico-cristã foi a grande responsável pela sacralização ou demonização dessas ações interventoras, provenientes de entidades sobre-naturais, inclusive, em conformidade com os interesses políticos da época; Joana D’Arc foi sacralizada e demonizada de acordo com o poder político absolutista e arbitrário, na França, sob a égide da igreja romana.
De modo geral, as religiões derivadas do cristianismo optaram por manter a ideia secular de forças sobre-naturais, apresentando-as, ora como anjos e santos (espírito-santo), ora como demônios satanizados a influenciar os seres do mundo físico. É justamente nesse vórtice que se pode situar a contribuição do pedagogo e professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) ao pensamento histórico-filosófico-religioso-ocidental. Buscando o entendimento sobre os fenômenos considerados sobrenaturais, debruçou-se ele em seus estudos. Resultante de sua verificação e de suas constatações depreendeu e extraiu um novo corpo de conhecimento, independente de crenças e de denominações religiosas. Seus estudos - sem que tivesse a pretensão de tudo revelar - levantaram parte do véu que cobre a realidade da vida transcendental. Determina que - seja por ignorância ou incapacidade de compreensão humana - o que se creditava ao sobrenatural nada mais seria do que parte intrínseca às Leis Naturais que regem a vida. Publicando seus estudos e constatações em cinco obras, sob o pseudônimo de Allan Kardec, o ilustre professor derrubou alguns conceitos filosófico-religiosos tidos como incontestáveis a sua época: 1) sim, existe uma causa e um propósito para todas ocorrências da vida, determinando, com isso, a inexistência do acaso; 2) os seres são preexistentes e sobreviventes ao fenômeno da morte; ou seja, a morte não existe; 3) somos todos seres imortais habitantes dessas realidades e em processo contínuo de aperfeiçoamento; 3) sim, o mundo físico e extra físico relacionam-se, portanto, um ente de um mundo pode interferir no outro e, por ser inerente às leis da natureza, o fenômeno nada tem de anormal ou de sobrenatural. Em regra geral, essa poderia ser a síntese do legado de Kardec ao pensamento religioso contemporâneo e direcionado a todas as religiões – ele nunca pretendeu ter seguidores ou constituir segmentos arrogantes da verdade absoluta.
O Espiritismo, hoje, é uma religião constituída, institucionalizada e tem sua fundamentação nas obras de Kardec e em inúmeras outras obras complementares (não só as de Chico Xavier). Suas práticas, derivadas desse conhecimento, são disponibilizadas no que se convencionou denominar de centros espíritas. Nesses lugares (mas, não em todos), onde se deve oferecer o estudo desse legado, e, principalmente, se deve praticar a caridade, busca-se, também, a orientação e a intervenção do mundo espiritual em favorecimento aos que lá vão, assim como todas as práticas religiosas procuram fazer, por intermédio de medianeiros, tradutores, dessas duas realidades. Mas, o Espiritismo não é só isso.
Desse modo, a propagação de que o Espiritismo é capaz de promover a cura de doenças que a medicina imputa como incuráveis denota ignorância a respeito da finalidade do Espiritismo. A fé atribuída e propagada, pela mídia nacional - em matéria de capa – ao ator global que “alia tratamento convencional ao espiritismo” pode até ter seu caráter meritório, posto que sirva de inspiração a outras pessoas que possam estar atravessando o mesmo drama em sua jornada terrena, mas, a expectativa e a promessa de cura de um câncer raro e avassalador pela intervenção espiritual, a qual se submete, é uma falácia. Nada mais nefasto para o próprio Espiritismo do que a difusão insensata dessa promessa de cura. Nenhum intermediador (médium, padre ou pastor) pode garantir isso.
O Espiritismo é, antes de tudo, esclarecimento. E porque esclarece, consola e porque consola, conforta. O Espiritismo não pode ser vendido como mercado de troca, confrontando-se com a Ciência. Não foi o que o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail prenunciou e muito menos o que prognosticou para o campo de conhecimento que legou ao pensamento filosófico-religioso-ocidental-contemporâneo. Não, nem o Espiritismo nem nenhuma outra religião pode assegurar a cura do corpo. O que o referido ator poderá obter por intermédio do Espiritismo será um melhor conhecimento de si mesmo; uma maior compreensão de sua jornada imortal; o consolo de que sua integridade existencial ultrapassará as fímbrias do que denominamos morte. E, se, realmente, estiver bem orientado (e nem todos o são) atravessará esse momento e esse portal com lucidez, confiança, serenidade, compreensão e conforto, e, talvez, por isso, seja capaz de tornar-se o agente de sua cura.






Maria Angela Mirault – Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
mariaangela.mirault@gmail.com

sábado, 3 de setembro de 2011

GAMBÁ CHEIRA A GAMBÁ


Ela foi absolvida por seus pares. Não há surpresa nisso. Em toda corporação, do Vaticano ao planalto central, dos terreiros às igrejas, dos sindicatos às associações, o espírito de corpo e a comparsividade prevalece. Aliviada, quem sabe, agradecendo aos céus, a lídima e simples “cidadã brasileira”- como se rotulou após a absolvição - contou com a mãozinha dos 265 colegas de trabalho. Foram 265 votos confessos em seu (e no deles) benefício. Não tem jeito: gambá cheira a gambá. O medo da complicação e da exposição do que ainda possa estar na sombra da vida de cada um dos que legitimaram o impedimento da cassação motivou e impulsionou as mãozinhas nervosas, ágeis e escamoteadas debaixo das bancadas de suas excelências, sem deixar marcas, rastros ou pegadas de quem votou o quê. Embutidas nesse placar estão interesses e acordos partidários - já celebrados ou em vias de - com vistas às eleições do ano que vem; a tal da governabilidade também é uma das responsáveis pela absolvição da simples dona de casa flagrada em um ato criminoso e que todos nós cidadãos brasileiros assistimos das janelas eletrônicas de nossas casas. Mas, o que foi que vimos? Vimos uma reunião de quadrilha: três pessoas, uma mulher (a não-cassada) acompanhada pelo marido e um assessor de governo. Os maços de dinheiro, saindo das mãos do funcionário, passando para as do marido, eram condicionados em uma bolsa preta, sob a cumplicidade da mulher. Todos sorriam. Ressalte-se que quem entregava não era uma pessoa qualquer e quem recebia e compartilhava também não. Contudo, o que importa é que ali estava uma quadrilha em ação. Ocorre que, poucos anos depois do fato, a quadrilheira foi eleita e o mote de sua absolvição pelos comparsas de agora é o de que, no flagrante, de um acontecimento criminoso do passado, ela ainda não era uma representante do povo. Mas é.
O que assistimos tanto no vídeo, quanto na sessão de não-cassação foi apenas a confirmação de que “gambá cheira a gambá”, tanto lá como cá. Tanto lá como cá, seus assemelhados se juntam e agem pelas emanações de seus próprios odores. Mas, é preciso que o defendamos, eles não estão lá por acaso, não invadiram a Terra oriundos de Marte nem de Plutão; são terráqueos, brasileiros, nossos concidadãos. Fomos nós, seus compatriotas, quem os pusemos e os mantemos lá. Demos, com nossos votos convictos, vendidos, insensatos, displicentes, ou não, o abono do qual se utilizam para fazerem o que bem querem. Eles, os que estão lá – e aqui – são também nossos assemelhados; nem santos nem demônios, cheirando a gambás, ou não, apenas tão humanos, como nós, mesmo que, muitos deles, da pior espécie. Seja lá como for eles estão e permanecerão lá às nossas custas, sob as nossas barbas e complacências. Mas, já que assim é e está, revisemos então nossos valores e entendamos os valores dos gambás: roubar enquanto se está pensando que ninguém vê, ou grava – o que hoje é quase impossível - antes de qualquer mandato eleitoral, pode. Sob esse aspecto, beira-mares e assemelhados podem candidatar-se, agora, já que cumprem pena e, aparentemente, não cometam mais crimes. O que se constata é que tudo é válido no brasil-político-contemporâneo; assopra que passa. Na verdade, já passou; o povo anestesiado já nem se importa mais com isso, o que importa agora é descobrir quem-matou-salomão-ayala.
Mas, e os que não cheiram a gambá e nem querem saber quem-matou-salomão-ayala vão ficar fazendo e tomando “o cafezinho dos indignados”? Escrevendo artigos como este? Vão apagar a luz depois de “o-astro” e tocar a vida no dia seguinte; esperando as notícias-do-datena, o fantástico-de-domingo? Gambá cheira a gambá e esse odor já chegou ao nosso olfato, impregnando e contaminando nossas vidas. Seremos mesmo uma nação mutante de milhões de gambás levando a vida de big-brother em big-brother, no samba-carnaval-e-cerveja, esperando a copa do mundo e as olimpíadas? Sei não... se a profecia dos maias estiver errada e o mundo não acabar, 2012 será mais um ano eleitoral. Talvez, ainda dê tempo de acordar, espantar os gambás e voltar a acreditar que a vida decente vale a pena. Acorda Brasiiiiillllll!

Maria Angela Coelho Mirault - Doutora em Comunicação pela PUC de São Paulo
http://mamirault.blogspot.com

domingo, 17 de julho de 2011

www.LivrosGratis.net :Florais de Bach - Edward Bach

Nome: Florais de Bach - Edward Bach

Nome Original:

Autor: Edward Bach

Gênero: Flores

Ano de Lançamento:

Editora:

Sinopse: Dr. Edward Bach nasceu em setembro de 1886, em Moseley, um povoado perto de Birmingham,

Inglaterra. Aos 20 anos de idade ingressou na Faculdade de Medicina de Birmingham,

especializando-se em bacteriologia, imunologia e saúde pública. Durante a I Guerra Mundial,

trabalhou intensamente, sendo responsável por 400 leitos de feridos de guerra no Hospital

Universitário.

Naquela época, o Dr. Bach pôde observar como os pacientes reagiam diante das enfermidades e

como essa reação influía no curso delas. Percebeu que o mesmo tratamento aplicado a pessoas

diferentes nem sempre curava a mesma enfermidade, que medicamentos eficazes para algumas não

atuavam em outras, e que pacientes similares em temperamento melhoravam com o mesmo

remédio. Tornou-se para ele evidente que, no tratamento das enfermidades, a índole do paciente

tinha mais importância que seu corpo físico.




domingo, 10 de julho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A MESMA PRAÇA, O MESMO CHARCO

Sarneyzinho é um provecto que já deveria ter deixado a história e partido para as profundas. Mas, não, sarneyzinho é mantido no vinagre e dos confins do nordeste, ou de sua cadeira no planalto-central, faz e desfaz brasil-a-fora. Debaixo dos rarefeitos cabelos pintados, há pouco, achou bobagem mencionar a parte protagonizada pelo seu - atual e mais fiel - aliado e não incluir o registro do único impeachment da República Brasileira, na linha do tempo da História do Brasil, em exposição, no senado. Arguido, argumentou que aquilo foi um “equívoco” (sic) e que foram os historiadores, organizadores da exposição, quem assim o decidiu. Ou seja, na avaliação de sarneyzinho, um impeachment é coisa pouca e é pra gente esquecer. A imprensa vazou, os historiadores voltaram atrás, remendaram a exposição e o caçador-de-marajá - a contragosto - foi parar nos murais da casa da república.
Sarneyzinho, o provecto, agora, acha que sigilo eterno de documentos oficiais é bom pro Brasil e que tem dois ou três assuntos oficiais que devem ser ocultados para sempre; e-t-e-r-n-a-m-e-n-t-e. Com ele, aliadíssimos, estão collorzito e idelinda. Mas, sarneyzinho é um democrata e diz que os documentos do período da militarização do poder, no Brasil, pode sim, e, que, depois, “não se pode fazer um WikiLeaks da história do Brasil”. Aí, para esclarecer mais ainda, solta a pérola: “documento histórico é diferente de documento atual” e que, portanto, podem abrir até os documentos relacionados ao período presidido por ele. E sarneyzinho não sabe que ocultar informação e infringir o direito à livre expressão fere a Constituição? É por isso – por esse preceito constitucional - que o STF, por unanimidade, preservou o direito que alguns brasileiros têm em marchar pela maconha, é por isso que, também, derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da função; é por isso que Preta Gil e Bolsonaro podem manifestar suas opiniões. O pior, sarneyzinho, é que tem gente na sala, tem criança na escola, tem gente na sacristia, tem gente trabalhando; tem gente morrendo. Pior é que tem gente, ainda, acreditando no futuro desse país; gente que acorda cedo e sai pra trabalhar todas as manhãs...
Sarneyzinho, que já segurou muita barra, muita governabilidade nesse país e que já esteve meio cansado da lida, agora, está mais aliviado; pode contar com a governança das três mosqueteiras matriculadas em sua escola, estudando a mesma cartilha e aliadas a sua filosofia. Também, quando a coisa esquentou pro seu lado e quase foi impeachado, quem garantiu sua legislatura e o pregou na cadeira, esqueceu? A governabilidade - as instituições brasileiras – a ordem. Vamos aprender de uma vez por todas: governabilidade é o nome que se dá a aconchambração política.
Por aqui, em mares de xaraes, não se fez feio; também, por aqui, fizeram-se diabruras e deu-se a cartada mais abusada, mais absurda de, sequer, ser imaginada, ganhando-se no voto, na legalidade, a mais louca elucubração. Terreno plainado para as próximas eleições, indicou-se e se conseguiu eleger - em OUTRA esfera de poder - só na conversa; só no conchavo, no diz-que-diz - uma potencialidade adversária política, que ($$$), não resistiu - é muita competência ($$$), muito reconhecimento público ($$$). Segue, impávida, para o olimpo da vitaliciedade, e, passa a colaborar com a contabilidade da casa. Tudo é permitido, tudo é permissível em terras-de-vera-cruz e em mares-de-xaraes; a mesma praça, o mesmo charco em que sarneyzinhos e assemelhados pululam, colonizando seus iguais. Pobre incauto-displicente–ignorante-conivente povo brasileiro.

Maria Angela Coelho Mirault – doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo – pobre cidadã brasileira.
http://mamirault.blogspot.com

Publicado no jornal Correio do Estado, em Campo Grande, MS, 18.06.2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

“SUPOSITÓRIO AQUÁTICO” GOELA ABAIXO


Nem a festa, nem o testemunho de ministros e autoridades são suficientes para que nos conformemos com a autorização da execução da obra (900 dias) para a construção do “maior aquário de água doce do mundo”. Divulgou-se que sairá do tesouro estadual, declaradamente, R$90.000.000,00 para a edificação do projeto, com 6,6 milhões de litros de água doce, 263 espécies e 7 mil animais. Informações revelam, ainda, que a empresa vencedora apresentou proposta de R$ 84.749.754,23 sobre o orçamento inicial, dando um descontinho de seis milhões, duzentos e sessenta mil, trezentos e quarenta e seis reais e setenta e sete centavos. A encomenda deverá ser entregue no 36º aniversário de criação do Estado em 2013, coincidentemente, ao término do mandato da autoridade que a gestou e quer pari-la.
O requintado e estranho “supositório aquático” ocupará 18.636 metros quadrados dos 119 hectares do Parque das Nações Indígenas, também aqui, o maior parque urbano do mundo! Ao contrário do que pensam seus idealizadores, será um ultraje ao turismo sul-mato-grossense. Não nos orgulha e não catapultará Campo Grande no cenário mundial, porque a nossa verdade socioambiental, vez ou outra, é revelada na mídia nacional e internacional, sintomatizando a falência administrativa do nosso Estado. São os safaris pantaneiros, as pescas predatórias, os corredores do tráfico de drogas e de animais silvestres, os contrabandos, as invasões de terras produtivas e as ocupações de terras indígenas.
A construção do “maior aquário de água doce do mundo” não nos orgulha, porque, o mesmo governo, que vai destinar recursos próprios para a obra, destacou-se como um dos cinco (Estados) que brigou na justiça para não pagar o salário-base dos seus professores, agora, garantido pelo Supremo Tribunal Federal. Porque falta aos nossos conterrâneos um atendimento médico básico e digno na área da saúde - os corredores dos nossos hospitais assim o atestam. Não nos orgulhamos disso, porque nossas mais tradicionais escolas estaduais (Lúcia Martins Coelho e Joaquim Murtinho) revelaram um índice de avaliação no IDEB, de 2,5 e 3,7 respectivamente - o nível mínimo para se considerar uma educação de qualidade é de 6.0. Não, nos orgulhamos, porque nossos jovens morrem como moscas no trânsito e em briga de gangues, inserindo Mato Grosso do Sul na estatística de uma das capitais com aumento gradativo do nível de violência.
O projeto do “maior-aquário-de-água-doce-do-mundo”, que infla o ego de seus idealizadores, megalômanos, é, antes de tudo, um absurdo. Os recursos a ele destinados construiriam um conjunto habitacional do tamanho de uma “moreninha”, ou um hospital com 250 leitos, por exemplo. O projeto é inviável, inadequado e, sobretudo, agride os mais elementares princípios arquitetônicos, ao importar e viabilizar um projeto de um profissional que, se por aqui passou, foi pelos ares, de avião, estranho a nossa cultura.
O “supositório aquático” é um acinte à capacidade profissional da arquitetura sul-mato-grossense e vilipendia todos os profissionais e todos os órgãos vinculados à arquitetura do nosso Estado. Além de tudo, retrata o desmantelamento do ramo empresarial na área da construção civil do Estado e o desrespeito à categoria e ao ensino de arquitetura de Mato Grosso do Sul. É tão sofisticado que não poderá contar com mão-de-obra local para executá-lo; ela também será importada.
O “maior” aquário de água doce do mundo, aqui em Campo Grande, é injustificável e desnecessário, sobretudo, porque - se concretizado – destruirá a capacidade turística de nossas cidades circunvizinhas, cuja localização, a pouco menos de 3 horas de estrada, disponibiliza o mais belo e requintado ecossistema do mundo. Lugares esses, onde - seja para atender objetivos turísticos, ou de pesquisa – se pode, não, apenas, contemplar, mas, mergulhar em um riquíssimo ambiente aquático e desfrutar de toda sua biodiversidade. Tudo isso, nas mais límpidas e cristalinas águas do planeta, em cidades, essas sim, com potencial turístico genuíno e em vias de naufragar de vez se o devaneio de agora se concretizar. Para nós, aí está mais uma vez, dinheiro público jogado fora.

MARIA ANGELA COELHO MIRAULT – doutora e mestre em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo; CELSO COSTA – arquiteto com 5 milhões de metros quadrados de obras construídas, galardoado pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura, um dos cem Conselheiro de Minerva da UFRJ e ANDRÉ COSTA – arquiteto e empresário.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

QUALIFICANDO UM CANDIDATO



Foto THIAGO MOSER

As muito próximas eleições já se abeiram a 2012, quando seremos novamente convocados a cumprirmos nossas obrigações eleitorais. Embora, até lá, a recente legislação já esteja valendo, tenho cá as minhas dúvidas se, nós, os eleitores, já teremos aprendido. Apesar do reconhecimento de que muita coisa pode ter melhorado com a nova lei, creio que, em grande proporção, continuaremos votando errado e elegendo quem não deve, não merece e não poderia ser eleito, e, que, até aprendermos, continuaremos únicos responsáveis pela política brasileira e nossos políticos serem exatamente como são.
Antecipando-me à campanha do ano que vem, quero, desde agora, qualificar um candidato que justifique meu comparecimento às urnas. Em princípio, meu voto será dado a quem, pautado na ética, garanta transparência de gestão e prática, tanto em sua vida privada quanto na pública. Será para quem anunciar comprometimento com a promoção da meritocracia funcional e prometer não formar quadrilhas de incompetentes, nomeando cabos-eleitorais, sustentados com nossos impostos, para gerirem nossos problemas e interporem soluções a partir de suas limitadas convicções. Será para aquele que apresentar um programa de governo voltado a uma educação decente, a partir do qual, creches funcionarão ininterruptamente e terão funcionários capacitados e suficientes, provendo as nossas crianças de cuidados permanentes. Nesse programa de governo estará explicitado, como prioridade urgentíssima, derrubar, queimar e salgar o chão dos anexos de lata (os containers) de algumas escolas públicas municipais, onde crianças torram em uma tortura diária a guisa de educação. E, por conta disso, com essa pasta entregue a gestão competente de um educador, as anacrônicas e caríssimas cartilhas que estão em uso para alfabetização serão abolidas, professores serão competentes, valorizados com salários e carreira decente. O ensino fundamental obrigatório - dever municipal – buscará incessantemente alcançar a média 6 e deixará de dar vexame em sua avaliação periódica junto ao MEC.
Meu candidato à prefeitura será aquele que anunciará seu comprometimento com a saúde, assumindo-a como ponto de honra de sua gestão, multiplicando e aparelhando os postos de atendimento, que terá corpo médico de competência comprovada e dignamente remunerada; quem sabe, buscando recursos federais (até) para a construção de um hospital municipal. Esse candidato, conhecedor de que o transporte público é uma concessão, comprometer-se-á a deslocar-se de ônibus, por algum tempo, para sentir o que é fazer parte dos “sem carro” para, desse modo, compatibilizar o número de linhas e quantidade de coletivos, com a demanda dos usuários, e, não, somente, sob a perspectiva dos empresários. Para isso, atentar-se-á ao devido planejamento urbano das vias públicas e a adequada ocupação do uso do solo e tomará medidas muito mais eficazes do que as impostas, simplesmente, pela indústria da multa, reduzindo, com isso, acidentes previsíveis. Será aquele que enxergará a poluição urbana imposta pelos tapumes publicitários - que agridem cotidianamente nossos olhares e mentes, interpondo-se a nossa já tão desprivilegiada paisagem urbana - e os restringirá, independente de qualquer objeção e pressão.
Meu candidato a prefeito terá que prometer derrubar, em eventos múltiplos e públicos, TODOS os monstrengos “monumentos-pastilhados-informativos-ideia-de-sei-lá-quem” que propagandeiam e numeram (já estamos no segundo milhar), desnecessária e abusivamente, as óbvias e obrigatórias intervenções da prefeitura na cidade; prática essa que vem se perpetuando desde o primeiro mandato do antecessor do atual prefeito. Comprometer-se-á a manter nossa cidade asfaltada e limpa sem precisar anunciar e fazer propaganda disso; olhará nossa cidade, repleta de bares, mas rarefeita de praças e as fará florescer em todos os lugares. Retirará imediatamente a trapizonga que serve às festividades natalinas (e só), no mais caro e valorizado espaço urbano da cidade e o ocupará com finalidade mais útil e ecologicamente mais compatível com o local.
Sobretudo, meu candidato será aquele que aceitará as críticas do cidadão comum como pontos de vista que devem merecer consideração e para isso instituirá ouvidorias que ouvirão, de fato, o cidadão- contribuinte-eleitor e a ele responderá e prestará contas. Se, esse candidato surgir no horizonte de 2012, pleiteando o meu voto, ele obterá. Pois, farta como muitos, não quero mais me responsabilizar pelos maus políticos e suas desditas que mantém o status quo da política brasileira. Começando daqui, do meu lugar, fazendo valer o meu voto.

Maria Angela Coelho Mirault – eleitora
http://mamirault.blogspot.com
Publicado no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS, 28.05.2011
mariaangela.mirault@gmail.com

quinta-feira, 12 de maio de 2011

CRIME NÃO É TRADIÇÃO E NÃO TEM JUSTIFICAÇÃO

Muito cuidado com as Ongs e todo tipo de organização que recebe o dinheiro dos nossos impostos, repassado pelo governo, para suas bandeiras de luta. É evidente que as há pautadas na ética e em preceitos morais elevados e incontamináveis. Mas, aquelas (e são muitas) que se utilizam desse instrumento de ação social para saciar a cobiça, a falta de escrúpulos e a alma corrupta de seus dirigentes devem ser execradas, e, mais ainda, punidas com o máximo rigor da lei – nesse caso a redundância é oportuna. Essas nos ferem e maculam as que são sãs.
Uma organização de preservação ambientalista, cuja presidência está sob a responsabilidade de um ser humano, que empunha uma bandeira publicamente e a desonra e a mancha com sangue, na clandestinidade de suas ações em sua pseudo propriedade, não pode ficar impune. Sua abastança não pode justificar a corrupção do seu não indiciamento legal. Como assistir, sem nojo, sem indignação, seu sorriso imoral frente à carcaça de sua matança? Como admitir e passar por cima dos seus atos hediondos contra a natureza que, publicamente, diz conservar? Safari no Pantanal é tão absurdo quanto “casa de tolerância” na santa–sé, tão abjeto quanto a permissividade com a pedofilia. Como se pode justificar o crime cometido contra um patrimônio público que é a fauna brasileira como simples empreendimento econômico de lazer, justificado na tradição cultural? Tradição cultural de quem, cara-pálida? De que tradição cultural está se referindo seus defensores? Era tradição, econômica e cultural a escravatura, NÃO É MAIS, desde sua abolição. E daí, vamos permiti-la, assimila-la ou justifica-la nos dias de hoje?
Que gente é essa que tem em seu arcabouço racional-humano, por tradição, assassinar fria e covardemente animais em extinção protegidos por leis, sabendo, inclusive, que sua ação criminosa estava sendo filmada? Que gente é essa que julga ter o poder de infringir costumes e leis civilizadas, em nome de sua ganância, de sua tradição, do referencial do seu nome? Que gente é essa que se utiliza de um status junto a sociedade e, na privacidade, dá vasão aos seus instintos criminosos?
Desinformada do seu crime (existem leis de proteção animal e ambiental nesse país!) esse ser humano não o é. Sua livre adesão a uma organização não-governamental ambientalista, sua liderança a esse movimento, mais do que nunca, são sua expressa confissão e deve ser o móvel de sua condenação. Provavelmente, essa ser humano usufruiu, com os recursos dos nossos impostos, a todas as mordomias que esse tipo de ação social acaba por conceder, com viagens – até para o exterior - para participar de reuniões, congressos e tudo mais. No Evangelho encontramos “perdoa, Pai, porque eles não sabem o que fazem”, justificou Jesus no auge do seu flagelo. As onças e nós não poderíamos dizer o mesmo porque esse ser-humano sabia, muito bem, o que fazia, o que infringia e o que permitia nos hediondos safaris que promovia. Não só sabia como ganhava muito por sua contravenção; seus safaris custavam, aos bolsos dos frios criminosos, muitos mil reais, que, com certeza, lhes pesam, agora, multiplicados, pelo menos, nos seus bolsos; em suas consciências ainda não.
Esse ser humano abjeto- senhora respeitável da sociedade sul-mato-grossense - tornou-se um símbolo, o símbolo da desonra, da desonestidade, da criminalidade, igualando-se a todo e qualquer criminoso e tem o dever de dar satisfações a sociedade a que pertence e a quem conspurcou: indiciada, processada, julgada e punida. É só o que merece, nesse momento, o rigor da lei, e é apenas o que esperamos. Que os milhões em espécie ou patrimoniais que lhe pertençam não permitam a omissão da justiça. Que lhe custe muito caro as dantescas matanças que promoveu, assim como é urgente que se faça uma devassa administrativa, financeira e fiscal no organismo ambiental a que presidia.
E que, antes de tudo, sirvam de exemplos e lições, para que os nossos olhos e, principalmente, os olhos da justiça, por intermédio do dever do Ministério Público, se voltem para essas organizações que, em grande maioria, não passam de fachadas para a locupletação de seus dirigentes. Não apenas os ambientalistas, como todos organismos sociais que se criam e se sustentam em favor da criança, do adolescente, dos usuários de drogas, por exemplo, e dela se utilizam para o ilícito e vergonhoso enriquecimento próprio, para a prática do nepotismo em sua estrutura. Mesmo porque nós, o povo, nada podemos fazer contra esses, aparentemente, respeitáveis e invisíveis criminosos.

Maria Angela Coelho Mirault, cidadã brasileira.
http://mamirault.blogspot.com
Publicação em 11.05.11: http://www.webartigos.com/articles/65755/1/CRIME-NAO-E-TRADICAO-E-NAO-TEM-JUSTIFICACAO/pagina1.html
Publicação em 12.05.2011: jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS.
http://www.marcoeusebio.com.br/artigos-ler/crime-nao-e-tradicao-e-nao-tem-justificacao/10664
http://autonomista-br.blogspot.com/2011/05/crime-nao-e-tradicao-e-nao-tem.html

terça-feira, 10 de maio de 2011

CRIME NÃO É TRADIÇÃO E NÃO TEM JUSTIFICAÇÃO

Muito cuidado com as Ongs e todo tipo de organização que recebe o dinheiro dos nossos impostos, repassado pelo governo, para suas bandeiras de luta. É evidente que as há pautadas na ética e em preceitos morais elevados e incontamináveis. Mas, aquelas (e são muitas) que se utilizam desse instrumento de ação social para saciar a cobiça, a falta de escrúpulos e a alma corrupta de seus dirigentes devem ser execradas, e, mais ainda, punidas com o máximo rigor da lei – nesse caso a redundância é oportuna. Essas nos ferem e maculam as que são sãs.
Uma organização de preservação ambientalista, cuja presidência está sob a responsabilidade de um ser humano, que empunha uma bandeira publicamente e a desonra e a mancha com sangue, na clandestinidade de suas ações em sua pseudo propriedade, não pode ficar impune. Sua abastança não pode justificar a corrupção do seu não indiciamento legal. Como assistir, sem nojo, sem indignação, seu sorriso imoral frente à carcaça de sua matança? Como admitir e passar por cima dos seus atos hediondos contra a natureza que, publicamente, diz conservar? Safari no Pantanal é tão absurdo quanto “casa de tolerância” na santa–sé, tão abjeto quanto a permissividade com a pedofilia. Como se pode justificar o crime cometido contra um patrimônio público que é a fauna brasileira como simples empreendimento econômico de lazer, justificado na tradição cultural? Tradição cultural de quem, cara-pálida? De que tradição cultural está se referindo seus defensores? Era tradição, econômica e cultural a escravatura, NÃO É MAIS, desde sua abolição. E daí, vamos permiti-la, assimila-la ou justifica-la nos dias de hoje?
Que gente é essa que tem em seu arcabouço racional-humano, por tradição, assassinar fria e covardemente animais em extinção protegidos por leis, sabendo, inclusive, que sua ação criminosa estava sendo filmada? Que gente é essa que julga ter o poder de infringir costumes e leis civilizadas, em nome de sua ganância, de sua tradição, do referencial do seu nome? Que gente é essa que se utiliza de um status junto a sociedade e, na privacidade, dá vasão aos seus instintos criminosos?
Desinformada do seu crime (existem leis de proteção animal e ambiental nesse país!) esse ser humano não o é. Sua livre adesão a uma organização não-governamental ambientalista, sua liderança a esse movimento, mais do que nunca, são sua expressa confissão e deve ser o móvel de sua condenação. Provavelmente, essa ser humano usufruiu, com os recursos dos nossos impostos, a todas as mordomias que esse tipo de ação social acaba por conceder, com viagens – até para o exterior - para participar de reuniões, congressos e tudo mais. No Evangelho encontramos “perdoa, Pai, porque eles não sabem o que fazem”, justificou Jesus no auge do seu flagelo. As onças e nós não poderíamos dizer o mesmo porque esse ser-humano sabia, muito bem, o que fazia, o que infringia e o que permitia nos hediondos safaris que promovia. Não só sabia como ganhava muito por sua contravenção; seus safaris custavam, aos bolsos dos frios criminosos, muitos mil reais, que, com certeza, lhes pesam, agora, multiplicados, pelo menos, nos seus bolsos; em suas consciências ainda não.
Esse ser humano abjeto- senhora respeitável da sociedade sul-mato-grossense - tornou-se um símbolo, o símbolo da desonra, da desonestidade, da criminalidade, igualando-se a todo e qualquer criminoso e tem o dever de dar satisfações a sociedade a que pertence e a quem conspurcou: indiciada, processada, julgada e punida. É só o que merece, nesse momento, o rigor da lei, e é apenas o que esperamos. Que os milhões em espécie ou patrimoniais que lhe pertençam não permitam a omissão da justiça. Que lhe custe muito caro as dantescas matanças que promoveu, assim como é urgente que se faça uma devassa administrativa, financeira e fiscal no organismo ambiental a que presidia.
E que, antes de tudo, sirvam de exemplos e lições, para que os nossos olhos e, principalmente, os olhos da justiça, por intermédio do dever do Ministério Público, se voltem para essas organizações que, em grande maioria, não passam de fachadas para a locupletação de seus dirigentes. Não apenas os ambientalistas, como todos organismos sociais que se criam e se sustentam em favor da criança, do adolescente, dos usuários de drogas, por exemplo, e dela se utilizam para o ilícito e vergonhoso enriquecimento próprio, para a prática do nepotismo em sua estrutura. Mesmo porque nós, o povo, nada podemos fazer contra esses, aparentemente, respeitáveis e invisíveis criminosos.

Maria Angela Coelho Mirault, cidadã brasileira.
http://mamirault.blogspot.com

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A imprensa e a crise de valores

“A imprensa e a crise cívico-ético-moral” foi o tema determinado para uma palestra em um curso de pós-graduação. O título subjaz embutidas, pelo menos, duas premissas: a de que vivemos uma crise de valores, e, a de que a imprensa poderia ser responsabilizada por isso.
Expressar, difundir, intercambiar idéias sempre foi uma necessidade humana, até para a sobrevivência da própria espécie. A liberdade de expressão é um direito preceituado pela Declaração Universal do Direito do Homem, desde 1948. A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 5o. determina ser “ livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença” (até para o deputado federal Bolsonaro, como se vê). Esses princípios atribuem à imprensa o papel e o dever social de intermediar o fluxo das mensagens informacionais para que, livremente, possa o homem formar o seu juízo de valor, diante dos fatos.
A imprensa – palavra cujo significado vem de “prensa móvel” - surgiu há muitos milênios , como um artefato para suprir a necessidade humana de informação. O estabelecimento de uma função social à imprensa deu-se a partir de três grandes movimentos revolucionários e paradigmáticos: o produzido na Alemanha por volta de 1495, com a descoberta de Gutemberg, subsidiando a Reforma Luterana, ao disponibilizar e popularizar a Bíblia; no século XVIII, durante a Revolução Industrial, e, tendo, de fato, seu alvará libertário, por ocasião da Revolução Francesa (1879), fazendo emergir uma imprensa revolucionária e opinativa, cumpridora do seu papel social junto à burguesia, naquele momento.
O século passado viu surgir uma nova e potente diversificação dos canais informacionais trazidos pelo rádio e pela televisão. Em atendimento a um nascente mercado consumidor, a propaganda e o marketing passaram a influir, ideológica e economicamente, nos aparatos midiáticos, inaugurando uma cultura (e um consumo) de massa, na qual consumo e consumidor tornaram-se alvos de suas mensagens. Ao transformar cidadãos em consumidores, a cultura de massa inaugura, também, o distanciamento da imprensa com os princípios que lhe deram origem e marcaram sua trajetória.
O advento das novas tecnologias da comunicação assinalaram nova revolução, ao oferecer - por intermédio das mídias digitais e todo seu aparato, aceleradamente, inovador e renovador - ao, antes, receptor passivo, novas perspectivas de compartilhamento e gestão da informação. Atualmente, vivemos uma revolução mais radical, irreversível e paradigmática, ainda, trazida, principalmente, pela potencialidade quase infinita do uso – para o bem e para o mau - da internet.
Então, como poderíamos imputar (somente) à imprensa a crise de valores da sociedade contemporânea? Em princípio, pode-se significar crise como momento de ruptura do status quo vigente para o estabelecimento de novos paradigmas. Desse modo, a crise de valores instala-se no âmbito das normas, procedimentos morais e práticas de uma sociedade. A crise, pois, nunca será Ética, pois é do âmbito da moral.
É fato que a imprensa, dos tempos atuais, a mídia em geral - utilizando-se das prerrogativas universais e constitucionais de liberdade de expressão, submetida que está à força do capital, da propaganda e do marketing - deixa lacunas (morais) no cumprimento do seu papel social. A nefasta força mercadológica da propaganda (mais do que a publicidade), infelizmente, extrapolou as páginas dos classificados, invadiu as páginas e telas midiáticas, e, mesmo o espaço urbano, ocupando o lugar da notícia. Mas, mesmo com esse desvirtuamento, não se pode imputar à imprensa – que, de fato, de livre expressão nada tem - a responsabilidade pela crise de valores porque passa nossa sociedade. Grande parte dessa responsabilidade tem sua raiz no desvirtuamento da Política, principalmente, no que diz respeito às políticas públicas em todas as esferas de governo, no aporte de recursos financeiros e orçamentários, na priorização de programas governamentais relacionados ao direito, à saúde e à educação. A mídia não cria, não inventa, não abduz, simplesmente, traduz, reflete, divulga desejos e práticas, antes, adotadas e circulantes no espaço da cultura. Desse modo, a crise moral e cívica que se instala na sociedade contemporânea vem, sobretudo, dela própria. De fato, uma imprensa, realmente, livre auxiliaria muito à formação de um povo conduzido ao processo permanente de educação. A imprensa responsável por sua função social poderia, sim, ajudar a promover nova revolução; a revolução da consciência crítica, do juízo de valor, do discernimento e do critério sobre o que deve, ou não, vigorar como princípio ético. Não havendo essa reflexão, o colonialismo, o consumismo e o escravismo continuarão marcando com ferro e fogo nossa pele, refletidos nas estéticas, mas, nem sempre éticas, peças publicitárias que, ao nos propagandear, retratam, sem dó nem piedade, nossa coisificação, divulgados e vulgarizados, tal como somos, por uma imprensa que não quer (talvez nem possa mais) assumir de fato o seu papel social de atender a carência de informação e um direito de expressão, essencialmente humano.


Maria Ângela Coelho Mirault – Doutora e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo
mariaangela.mirault@gmail.com
Publicado na http://www.webartigos.com/articles/63714/1/A-IMPRENSA-E-A-CRISE-DE-VALORES/pagina1.html, em 14.04.2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

NOTÍCIAS DO LADO DE LÁ

“É tudo mentira; a comunicação com os mortos nâm-ecxistem”, afirmaria o mitológico, ontológico e parapsicólogo padre Quevedo, caso fosse pela milionésima vez questionado sobre a questão. Contudo, se expande, no mundo, a crença na possibilidade de que seja possível, por intermédio de uma mediação, obter-se notícias sobre aqueles que já seguiram viagem para outras paragens que não a nossa dura realidade regida pelas leis da física.
A constatação da intercomunicabilidade entre as dimensões distintas da existência humana tem sido profusamente difundida no mundo atual, pela literatura, seriados de tevê e produções cinematográficas. Esse evento, porém, ainda tido no campo da ficção e da paranormalidade, tem seus registros desde o atavismo de nossos ancestrais, perpassa a mitologia grega; os livros sagrados do Oriente; o Velho e o Novo Testamento, e, contemporaneamente, é exaustivamente estudado e apresentado na codificação kardequeana.
O filme “Chico Xavier” assistido por 3,5 milhões de pessoas e “Nosso Lar” por 4 milhões de expectadores comprovam que a temática não só se dirige aos que estudam e praticam o espiritismo, como ultrapassa as mais diversas correntes dogmáticas do pensamento filosófico-religioso, despertando, cada dia mais, o interesse de multidões de expectadores.
O filme “As mães de Chico Xavier”, lançado no último dia 1o. de abril do corrente ano (2011), foi roteirizado a partir das 256 páginas do livro “Por trás do véu de Ísis” (Editora Planeta), de autoria do jornalista Marcel Souto Maior. O filme retira dessa obra jornalística três testemunhos que aborda a ultrapassagem do momento de ruptura trazido pela morte. Registra relatos mediados por Chico Xavier (1910 - 2002), atestados pelas figuras maternas enfocadas, com relação às mensagens recebidas de seus filhos mortos, desvendando uma realidade metafísica além do nosso parco entendimento.
É inegável o dom da mediunidade que distinguiu Chico Xavier como intermediário de milhares de comunicados de outra dimensão da vida, aliviando dores, explicando o inexplicável, consolando, esclarecendo e aproximando amores apartados. Sua “paranormalidade” foi exaustivamente estudada, sempre com o objetivo de desmascara-lo, exauri-lo, descredencia-lo, mas, isso nunca foi possível. Há estatísticas que contabilizam 50 milhões de exemplares vendidos de suas 451 obras psicografadas, desde 1932 - só Nosso Lar (editado pela Fedederação Espírita Brasileira) alcançou 1 milhão e oitocentos exemplares. Tendo sua obra traduzida nos mais diversos idiomas, Chico Xavier jamais usufruiu os dividendos provenientes do direito autoral; viveu com simplicidade e sacrifício seu apostolado. Trabalhador na seara de César, ali obtinha sua sustentação, dedicando-se em extenuantes serões noturno ao labor dessa interlocução, incansavelmente.
Contudo, não era, Chico, nem santo, ou paranormal. Dotado de grande sensibilidade sensitiva, cujos valores morais-cristãos capacitavam-lhe a ultrapassar as fronteiras do invisível, trouxe, não apenas, com as notícias do lado de lá, o alento aos corações enlutados. Trouxe, também, para a normalidade o que se considera, ainda hoje, como anormalidade; para o natural o que se entende, ainda, por sobrenatural, demonstrando na prática o que, antes, o cético professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), sob o pseudônimo de Allan Kardec, já o fizera, em 1857, desde o lançamento, em Paris, de “O livro dos espíritos”, primeiro de suas cinco obras a respeito do tema. Com espírito lúcido, debruçara-se, ele, na questão da intercomunicabilidade entre as duas dimensões, concluindo que ambas, porém, eram regidas pelas mesmas leis naturais da vida, trazendo, já naquela época, a hipótese da preexistência e sobrevivência da alma a que chamou espírito, fundamentando os princípios da doutrina espírita. Somos todos, segundo suas constatações e as, posteriores, milhares de notícias trazidas do lado de lá, querendo ou não, crendo ou não, seres imortais, vindos de um mundo transcendental para o qual retornaremos.
Os relatos apresentados no filme “As mães de Chico” parecem assegurar que a intercomunicação com os mortos “ecxistem”, sim. Não se tratam de testemunhos levianos, fantasiosos, dilações provenientes da perturbação de mentes vulneráveis e crentes. Quem de nós ousaria, de sã consciência, desacreditar do testemunho de um coração de mãe? Mas, para que os incrédulos comprovem, de fato, tal fenômeno, basta que aguardem um pouco mais a inexorável hora da partida, e, de lá, quem sabe, tentem encontrar um medianeiro que lhes sirvam de interlocutor. Por enquanto, em conformidade com o pensamento de William Sheakespeare, em Hamlet, acreditemos: “há mais mistérios entre o céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia”.



Maria Ângela Coelho Mirault é doutora e mestre em comunicação e semiótica pela PUC/SP
http:mamirault.blogspot.com/ mariaangela.mirault@gmail.com

Publicação na webartigos, em 01.04.2011-http://www.webartigos.com/articles/62627/1/NOTICIAS-DO-LADO-DE-LA/pagina1.html

terça-feira, 22 de março de 2011

NA REFORMA POLÍTICA QUEM SERÁ POR NÓS?

Imagine delegar ao Fernandinho Beiramar a atribuição para que apresente um projeto de lei para combater o tráfico no Brasil. Inconcebível. Agora, imagine se é possível esperar que deputados federais concebam e apresentem projeto e alcancem um denominador comum de consenso a respeito de reforma política verdadeiramente coerente com a necessidade e a exigência que a sociedade brasileira lúcida reclama. O que se pode esperar de tal delegação, se lá, no Congresso Nacional, encontram-se muitos dos que foram eleitos pelas espúrias brechas que o sistema político brasileiro perpetua? Quais daqueles em quem votamos e ajudamos a eleger teriam a ombridade, a cidadania, a honradez e a sensatez de debruçar-se sobre a questão com desvelo e ética e apresentar a nós e ao Brasil sua cívica e histórica contribuição?
Qual político, eleito pelo sistema viciado, optará por excluir, nesse projeto, o danoso recurso que o senhor Fernando Henrique criou, utilizou e legou á nação, da reeleição? Quem, dos que lá estão, teria coragem suficiente de aplacar a dança frenética da mudança e, mesmo, criação de partidos ao bel prazer, mas dentro da lei eleitoral vigente? Quem coibiria a ida e vinda de políticos de um para outro, mesmo quando a gritante história de vida denuncia a incoerência ideológica da mudança? Como pode um latifundiário, um capitalista – para usar categorias distintas - ingressar em um partido socialista, por exemplo, na maior cara de pau? Para que servem as ideologias partidárias, os programas de partido se é possível ir e vir de cá pra lá, como se sua mala de votos lhe fosse de propriedade particular? Ou mesmo – o que também é muito estranho -, ficar no mesmo lugar, mas mancomunar-se com adversários, com os quais travava debates contundentes, sem explicações alguma ao eleitorado, que, provavelmente, o elegeu pela oposição que fazia em seu mandato anterior?
Só para exemplificar, dentre tantos outros camaleões, muito recentemente, tivemos em Campo Grande uma reversão ideológica sem necessidade alguma de mudança de partido. Um dos mais combativos vereadores de oposição ao governo municipal da época, a quem combatia com veemência e até agressivamente, ungiu-se ao poder a que se opunha da noite para o dia, sem prestar contas a ninguém, talvez nem mesmo ao seu partido. Colonizado, passou a usufruir das benesses que o poder passou a conferir-lhe, estendendo aos companheiros de partido o colonialismo a que se submetera. A trincheira que o tinha como aguerrido esfumaçou-se e a legenda, enfraquecida, sofre até hoje a irreversível perda de identidade partidária.
E o que é, e para que serve, a coligação partidária? Quem ganha com o loteamento de cargos públicos de confiança política – originados desses acordos - pagos com o meu, o seu, o nosso dinheiro e que permite a mais danosa corrupção; a corrupção da incompetência, do acerto de contas, do conchavo político, da falta de probidade, indecoro e impunidade? Por que os cargos de direção são confiados a cabos eleitorais e candidatos não-eleitos em detrimento de toda uma massa de funcionalismo efetivo? Alguém já questionou porque, no Brasil, necessita-se tanto de “cargo de confiança” sem concurso público? Não seriam merecedores de confiança os concursados? Não teriam eles competência para tal missão? Ou seriam eles mais difíceis de manipulação, já que sujeitos estão à regulamentação da Lei?
Não, os “beiramar” jamais discutirão ou apresentarão projeto de lei para coibir o tráfico no Brasil. Disso estamos a salvo. Mas, esperar dos políticos que ocupam o Congresso, conduzidos pelo status quo vigente, que, tenham um pouco de dignidade e cumpram sua obrigação e apresentem uma reforma política minimamente decente e que satisfaça os anseios da sociedade brasileira, seria ingênua e vã esperança. Discutirão, emendarão propostas, tergiversarão, mas não o farão. Eles não podem faze-lo, pois, antes, já venderam sua alma e no pacote, todo idealismo e patriotismo que um dia os impulsionaram à vida pública. Os que, deliberadamente, se omitirão e não meterão a mão na massa, apregoarão sua tentativa e apresentar-se-ão como ilibados cidadãos aos seus eleitores. Tal como os aviãozinhos do tráfico, justificar-se-ão com a lei de mercado e que, lá – por nós - atendem a demanda e se contentam com isso, sem culpa ou remorso. Essas santidades, ignorantes de que nada detêm sem a representatividade do povo que os elegeram, virão, seguramente, outra vez, buscar os votos de suas reeleições. Muitos conseguirão, o próprio povo inculto os dará (ou os venderá).
Quem, então, estará do lado de cá, do lado do povo, tecendo as reformas políticas que, verdadeiramente, o tempo e o povo brasileiro precisa e o momento exige? Eu? Você? Quem será por nós, meros cidadãos, contribuintes, pagadores de impostos e eleitores displicentes?



Maria Ângela Coelho Mirault
Mariaangela.mirault@gmail.com

Publicação no jornal Correio do Estado, 24/03/2011, Campo Grande, MS
http://www.webartigos.com/articles/61802/1/NA-REFORMA-POLITICA-QUEM-SERA-POR-NOS/pagina1.html, em 21.03.2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

É CARNAVAL MAS SEGURA A BARRA AÍ

Segura a barra, aí, meu bem. Segura, porque 2011 não está de brincadeira. Nem bem se passaram seus primeiros 60 dias e já dá pra ver que este será um ano que deixará marcas profundas na História da Humanidade. É só conferir. O Oriente médio entrou em uma erupção irreversível; navios tanques estadunidenses já cruzaram o canal de Suez e podem ser vistos em tempo real pelos satélites do google earth. Depois dos tunisianos (a Tunísia é um país situado ao norte da África, banhada pelo Mar Mediterrâneo, entre a Argélia e a Líbia), o povo egípcio (o Egito é um dos mais populosos países do norte da África) conseguiu exterminar décadas de ditadura e inaugurar, por algum tempo, tempos de desgoverno e terror fundamentalista, antes da real conquista de uma nova ordem política e social. As calamidades de causas climáticas já ceifaram milhares de vidas em todo o mundo; vidas estas como as nossas e que, como nós, romperam o alvorecer de um novo ano cheio de esperanças e promessas, sob luzes e festas.
Segura, porque promessas de campanha eleitoral já não estão sendo cumpridas; os juros já estão pesando na balança contra a velha inflação; os cortes no Orçamento da União que, antes, jurou-se honrar, agora, já foram caneteados, enquanto que, paralelamente, novos cargos públicos e sem concurso já foram criados pelo Senado; o salário continua mínimo graças à maioria – base de governo - quase (e perigosa) unanimidade no Congresso; o deputado federal Tiririca (PR-SP) – eleito por mais de 1,3 milhões de votos e que teve de provar na justiça eleitoral que não era analfabeto e submetido a um teste de leitura e escrita - integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados; após candidatura única, indicado pelo PT, a vitória da disputa interna com Ricardo Berzoini (que, na tapetada, ganhará a benesse em 2012) e afirmando aos colegas que “sua vida é absolutamente limpa”, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), pasme, foi eleito por 54 votos para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, em que pese o processo judicial que ainda responde por conta do mensalão, aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato; Itamar Franco (33o. presidente da Repúbica - 1992/1994) já trocou farpas com sua excelência José Sarney (31o. Presidente da Repúbica – 1985/1990), na tribuna do Senado, um Senado presidido por nada menos do que ele mesmo, Sarney, eleito pela Cúpula dos Partidos (com 70 votos, 8 contra, dois em branco e um nulo) pela quarta vez, mantendo-se há mais tempo no poder (desde seu primeiro mandato de governador do Maranhão, em 1956) do que Zine el-Abidine Ben Ali (Tunísia), Hosni Mubarak,(Egito) e Muamar Al-Gaddafi (Líbia), sob as nossas indiferentes, omissas e pacíficas barbas. Tudo isso entremeado de mortes, dores e o flagelo com que milhares de pessoas praticamente romperam o ano, na região serrana do Rio de Janeiro e tantas outras cidades brasileiras, sob escombros e lama (de verdade). Ah! Os barracões de algumas escolas de samba do Rio foram queimados... Acidente com rede de alta tensão e trio-elétrico matou em segundos 15 foliões, deixando uma dúzia de feridos, na Região Sul de Minas Gerais. Quer dizer, se o Carnaval é o período de liberação geral, o Carnaval já começou há tempos. A festa pagã, na qual tudo é permitido - e, segundo os sociólogos, catarse coletiva para que se possa dar conta das neuroses pessoais - vai se dar nesse climão em que a gente não sabe bem se veste a fantasia durante os 3 dias dedicados a Baco, ou se despe a fantasia de palhaço, de pateta e de idiota, com as quais desfilamos o ano inteiro e a trocamos por uma outra, até menos ridícula.
Por tudo isso, cuidado com o andor, segura a barra, meu bem, porque os prognósticos para o resto dos 10 meses que vem por aí, não são lá muito bons. Se promessas (ou ameaças?) forem cumpridas, como as do presidente da Líbia, Muamar Al-Gaddafi frente à determinação de Hillary Clinton e a ação já iniciada por ordem de Barack Obama, a Líbia está prestes a tornar-se “um Vietnã”. No centro da questão, recrudecendo o conflito e a vontade popular libanesa, uma questão incendiária: o petróleo, enquanto milhares de refugiados da Tunísia, do Egito e, agora, da Líbia, estão buscando refúgio em uma Europa fóbica de estrangeiros; ou seja, mais um ponto de recrudecimento insolúvel até para a ONU. Sem esquecermos as bolsas da economia mundial, que sofrem seus primeiros abalos, já se pode sentir cheiro de fumaça no ar, assim como seus globais e devastadores efeitos em nossa vidinha comum
No fundo no fundo, neste período, em que é oficialmente permitido ser bobo, e em que as chaves das cidades estão entregues ao rei momo (até igrejas promovem “bailes com Cristo”), não passamos de nos assemelhar aos bem vestidos e esperançosos 228 passageiros do vôo 447 do Airbus da Air France, antes de embarcar do Rio para Paris, em seu mergulho fatídico e fatal no Oceano Atlântico, em 1o. de junho de 2009. Sem nos darmos conta de que tudo pode acontecer e de que não somos senhores absolutos do nosso destino e muito menos dos acontecimentos, nos preparamos para brincar o Carnaval, alimentar o ego e extravasar alegria e insensatez. Contudo, segura a barra, aí; se atente: cuidado nas estradas; cuidado com a bebida, com o uso de droga e o descuido com o sexo; cuidado com os excessos de todo o tipo. Não mate nem morra. Lucidez é tudo do que precisamos nessa hora. E, para os que ainda conseguem se manter atentos, uma boa pausa para reflexão. Afinal, o mundo pode explodir e tudo pode acabar antes mesmo do terceiro dia. Quem sobreviver verá.


Maria Ângela Coelho Mirault
http://mamirault.blogspot.com

Publicado no jornal Correio do Estado, MS, em Campo Grande, 05.03.2011.
jornal da cidade online

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FELIZ O TEMPO QUE JÁ PASSOU

Quando soaram as últimas badaladas, encerrando os 86.400 segundos do dia 31 passado, completamos 31 milhões e 536 segundos desfrutados ou sofridos do ano que se findou. Ninguém teve nem um nem menos um segundo desse tempo, equanimimente, disponibilizado pelas leis da vida a cada um de todos os bilhões de navegantes do planeta. O que foi feito, ou não, dependeu exclusivamente do gerenciamento diário e pessoal dos 525.600 minutos decorridos nesse período.
O ano marca o tempo aproximado de 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos em que a Terra orbita o Sol. Quando nossos ancestrais passaram a contar eventos repetidos, começaram também a medir e a marcar a passagem do tempo em antes e depois dos acontecimentos. Como eles, também nós precisamos marcar o tempo, encerrar períodos e recomeçar. É o que fazemos sempre, e, do mesmo modo, com luzes e cores, quando comemoramos a passagem do velho para o Ano Novo.
O físico-químico russo, ganhador do Prêmio Nobel de Química (1977) - por sua contribuição às leis da termodinâmica - Ilya Prigogine, em duas de suas obras, O fim das certezas e Entre o tempo e a eternidade, legou-nos uma teoria capaz de sustentar curiosa reflexão sobre o assunto. Ao estabelecer a idéia de que “o tempo não tem um início e provavelmente não tem fim”, propõe o axioma de que o tempo precede a existência. Talvez, sua tese esteja nos apresentando cientificidade ao conceito - estrito e latu senso – que se tem sobre a eternidade.
Dentre os argumentos que vão sustentando sua teoria, o instante do Big Bang, segundo ele, pode ter surgido de um momento entrópico (desordem) de ocorrências passadas. Esse evento, ao mesmo tempo em que significaria o ápice do caos, representaria, também, o começo de nova ordem; certo momento de escolha, de determinação do Universo que se cria a partir de então. Ordem e desordem criando nova ordem. A vida seria assim compreendida como resultante de inúmeras situações sucessivas de probabilidades originadas em instantes de caos.
Sua teoria pode nos levar a crer que o (nosso) futuro seja o resultado de opções – em momentos entrópicos e que conhecemos como passado - dentre inúmeras possibilidades de escolhas - as quais, continuamente, vão se apresentando na flecha do tempo. Cada ação, no presente, desencadeando, sempre, um futuro imediato e sucessivo, desconhecido enquanto não se realiza, já que se abre para outras escolhas; uma construção que se vai tecendo ao longo do caminho e do tempo.
Sob esse paradigma, estaríamos sempre na iminência de optar por fazer coisas que por sua vez desencadeariam outras, como conseqüências de múltiplas escolhas e decisões que podemos tomar pelo uso do livre-arbítrio, na construção do futuro singular da peculiaridade de cada um. Prigogine explicita que, tal como “nosso Universo seguiu um caminho de bifurcações sucessivas, poderia ter seguido outros”, afirmando, ainda, que, “talvez, possamos dizer o mesmo sobre a vida de cada um de nós”. Talvez, seja, justamente, no rompimento com o passado, nos significativos momentos entrópicos de nossas existências que encontremos a força necessária ao impulso gerador do futuro.
Gosto de viajar nas idéias de Prigogine e conceber a minha (e a sua) existência imortal como um acontecimento no percurso da flecha da eternidade, sempre suscetível a descortinar novas e novas oportunidades, muitas das quais, originadas de momentos entrópicos (de sofrimento até), e nas bifurcações que nos proporcionam sempre novas escolhas de caminhos que jamais terão um fim, expulsando de vez a idéia da culpa irremissível, do inferno, da perdição. Obviamente, Prigogine não inclui nessa perspectiva o impulso de um Criador. Gosto, contudo, de fazer o que Prigogine não fez (ou não pode) e inserir Deus nessa reflexão, como o elemento impulsionador desses instantes significativos de nossas existências, com Sua presença marcante em nossos momentos entrópicos e sentir Sua misericórdia nas oportunidades de refazer caminhos, reconsiderar decisões e corrigir os passo da caminhada e os rumos da viagem.
Na retrospectiva econômica do tempo que todos fizemos de 2010, é claro que computamos minutos perdidos e mal utilizados. Do mesmo modo, conta ao nosso favor, o bom uso do tempo que fizemos. Para os próximos milhões de segundos que teremos a frente, no transcurso das próximas mais de oito mil horas, de 2011, o que temos realmente de nosso e possível e certeza é o instante do agora do tempo presente, renovados a cada manhã pela permanente presença da Sabedoria Divina. Então, é no agora que devemos fazer, é no agora que devemos usufruir; é o agora o tempo de realizar; porque o ontem já foi e não mais nos pertence e o futuro continuará sempre uma incógnita, resultado de nossas opções.
Se das 8 760 horas transcorridas em 2010 formos capazes de retirar lições que nos tenham tornado melhores; se, com elas, pudermos ampliar as virtudes que dormitam em nós, feliz o tempo que já passou, porque, de certo, novos momentos entrópicos virão.


Maria Ângela Coelho Mirault: http://mamirault.blogspot.com
http://www.webartigos.com/articles/56386/1/-FELIZ-O-TEMPO-QUE-JA-PASSOU/pagina1.html
Publicado no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS, 13/01/20111
http://www.webartigos.com/authors/5858/maria-angela-mirault