sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Não, ao seu “Ninguém”

            
            A hora é de decisão. Hora de Ação!
            Elegemos 31% de vereadores sem qualquer graduação: um com ensino fundamental; cinco com ensino médio; alguns com problemas sérios na justiça (talvez todos graduados, porém). Talvez esteja se evidenciando com muita clareza o tamanho da ignorância (daquele que ignora) em relação à análise dos graves fatos que nós, a sociedade, enfrentamos. Somos conectados; temos smartphones, ipedes, tecnologia de ponta que desnuda o cotidiano e só falta falar por si própria. Mas, a ignorância faz com que ainda se utilizem na propaganda política eleitoral recursos e ferramentas da década de 70, 80 – se é que não podemos nos referir à época de Josepf Goebbels. É de matar, de raiva e de rir. A “adesivagem” de carros nas ruas, por exemplo, é um grande desperdício de recursos. Bobos nem nada, muito poucos se deixaram rotular, expondo-se por essa mídia do século passado. Ainda bem que as camisetas, as dezenas de bandeiras e bandeirolas, os outdoors, os muros coberto com cartazes e caras esquisitas, as comilanças foram impedidos de emporcalhar nosso ato cívico de votar. Devagar, quase parando, “com passo de formiga e sem vontade”,vamos melhorando! Novíssimo tempo.
            Embora tenha gostado de ver a cidade limpa desses entulhos, estou perplexa com a “qualidade” de alguns dos edis eleitos. Como conseguiram, me pergunto. Preocupada com a frieza desse primeiro e segundo turnos com relação à campanha e aos candidatos; um dos quais - queiram, ou não, as abstenções – terá o poder da caneta e irá influir diretamente em nossa vida, por 4 longos anos. É bem verdade que os selecionados oponentes dizem menos do que falam. Leem textos produzidos por outros neurônios que não os seus. Muitas vezes, escritos com bílis e sangue. A Corte do Parque das Primaveras perdeu-se num emaranhado de má-abordagem, péssimo marketing e muito mimimi. Aquele jeito coronelista de se fazer política, envolvendo funcionários “leais” já era! Cabrestear pessoas está difícil; só os servis se obrigam a prostituir-se nessas campanhas políticas sem verdade; inodoras e insossas.
            Não é preciso que sejamos demógrafos, geógrafos, sociólogos, economistas para constatarmos que nossa cidade está à beira de um colapso. Vista como entreposto comercial, ainda, nos parece que para cá, qualquer coisa serve; tudo pode ser mais ou menos; remendado: “o que for possível” será suficiente. Só que não. Mas, os Programas prometem a maquiagem em tudo que o Orçamento, já votado (?), permitir. Ou seja, Orçamento comprometido: a promessa é  n-a-d-a!
            De todo modo, não é hora de lamúria nem pieguismo para tenta laçar um pobre de um eleitor indeciso. Urge que os marqueteiros e assessores usem da capacidade assertiva. Quem sabe, da inteligência emocional de um e de outro, nessa batalha. A comparação de um pobrismo, que não mais existe (portanto, falso), com a boa sorte do moço de família e bem situada na sociedade é, absolutamente, ineficaz. O que importa mesmo aos eleitores é a resolução da situação caótica que vive Campo Grande: na Saúde, na Educação, no Trânsito, no Comércio, na Segurança, na vida da gente ...
            Embora a eleição seja logo amanhã e não dê mais pra reverter certos rumos, o cenário político já está apontando o vencedor, pelas grandes e gordas adesões já expressas. Tudo leva a crer - parece que - a eleição já terminou mesmo. Tais a evidência de qual Partido acertou mais na indicação do seu candidato. Ambos já se deram conta disso e, agora, só cumprem tabela, até dia 30.
            Depois da lástima das reeleições de algumas figuras grotescas na vereança, outros novos representantes, os quais terão como tarefa elaborar nossas Leis (lembremo-nos da lei das carroças e a tentativa de uma escola sem partido, na gestão passada), o certo é que domingo (30) já dormiremos com o Maktube.  Ou com a pouco provável vitória da mão-grande dos coronéis, desviados de Bela Vista e Maracaju, preparando o caminho para mais um naco de poder (2018)... Ou, com a possibilidade de mais um dos Trad (evidentemente, aliançado com todos que querem pular no barco, agora), com história e carreira política – para o bem e para o mal – tendo de dar conta do caos em que mergulhamos, após os vendilhões do templo ungirem a dinastia Olarte (e alguns de seus comparsas reeleitos na Câmara, e, nas beiradas, esperando uma boquinha). Simples assim.
            Nós estaremos esperando o café da manhã do dia seguinte. Já escolhi por decisão e eliminação do que não quero para Campo Grande. Não adianta ganhar as eleições, “Seu Ninguém” não poderá governar. Dessa vez, moçada, não temos nem o direito de anular o voto. De uma ou de outra forma, Campo Grande fará por merecer. Ajamos, pois. Cobremos, depois.


Maria Angela Coelho – Professora Doutora pela PUC de São Paulo e integrante do Movimento Por uma Cidade Democrática