Tudo!
Como foi... Porquê... Quem... Como!
Saco(la) cheio de ouvir a palavra "incompetência", “omissão”, “apuração desse, daquele, do
outro... do Saci! Estão trocando os significados das palavras que traduzem os
fatos de uma realidade captada por drones,
câmeras de segurança, de celulares e transmitidos ao vivo por emissoras de tevê
– invadindo o sossego de uma singela tarde de domingo-netfix. Aconteceu tudo
diante dos nossos olhos e debaixo dos nossos narizes. Nós vimos!
Com o passar do tempo, é bom que se
registre, novos fatos, novas conexões, novas imagens, novas palavras,
tratativas, novos registro foram configurando e dando compreensão a um
quebra-cabeça de milhares de peças. E quanto mais peças encontram seu lugar nessa
hedionda configuração, dando mais luz aqui, um pouco mais ali, uma quase
totalidade da mídia “nacional” deu início à Operação - do que já vivenciamos em
outros momentos nefastos na história do nosso país - de pautar a verdade; alterar
códigos; tirar o sofá da sala; instaurar, e, sorrateiramente, produzir e reverberar
uma narrativa higienizada. A novilingua,
começa a se infiltrar, invadir mentes incautas e dominar os noticiários,
interpretando, distorcendo e impondo a forma como veem as imagens captadas aqui
e ali pelas câmaras que - fiéis aos acontecimentos - desenharam e retrataram os
acontecimentos, que a gente viu (ora, bolas!) e, agora, a gente vê (ainda) mais.
O Dia da Infâmia é um dia pra ser
dissecado por inteiro, na mesa de autópsia; ser entendido e não ser esquecido
por nenhum de nós. As palavras têm significados constituídos ao longo do tempo nos
códigos do imaginário comum; ocupam uma semiosfera onde se registra a História
da gente; dos povos; do nosso país; do mundo. Termos como invasão, ocupação, usurpação, baderna, crime, incompetência,
responsabilidade, depredação, inocência, averiguação, punição, manifestação, pacificação,
ordem, liberdade, forças, instituição, Constituição... têm decodificações
quase que precisas. A palavra golpe
também a tem! Não vi, não sei, não estava
lá, esqueci... não valem nessa
hora aziaga pela qual atravessamos c-o-l-e-t-i-v-a-m-e-n-t-e. Nós, os 50,90% (60.345.999),
nós, os 49,10% (58.206.354) estamos vivenciando o depois; o Agora. Parou! Chega!
A diferença - que até cabe em uma sacola
de mercado - foi a suficiente para que a Democracia fosse e permaneça
imperativa. Que siga o baile e a História: quem ganhou governe; quem perdeu espere
o próximo bonde! É assim. Está assim: USVs sem bandeirinhas; camisas
amarelinhas nas gavetas; hinos e marchas dentro dos quartéis.
Não, não é suficiente pegar o bando
de zumbis, analfabetos funcionais e políticos que perambularam física e dementemente
depredaram as instituições democráticas da Praça dos Três Poderes, fluindo
leves e soltos por Brasília como se fosse Carnaval. Não é suficiente isolá-los
na Papuda, ou na Colmeia, nem os liberarem portadores de novos apetrechos (que
alguns até ostentam com orgulho) nos tornozelos. Não é.
Buscar os idealizadores, os que
tinham mando pra mandar... os (sabidos) articuladores... os roteiristas da
trama e deixar tudo muuuuito claro, nesse filme de terror em que a Pátria foi
vilipendiada, anarquizada, ferida é o que urge.
Está tudo claro. Claríssimo. Mais do
que nunca imagens captadas falam mais do que mil palavras; elas, minuciosamente,
dizem tudo. Transparência, senhores! Eu exijo!
Sobre o Dia da Infâmia que nos
assolou em 8 de janeiro...
EU QUERO SABER TUUUUUDO!!!!
Professora Maria Angela Colho Mirault
Doutora em Semiótica