segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Eu quero saber

 


Tudo!

Como foi... Porquê... Quem... Como!

Saco(la) cheio de ouvir a palavra "incompetência", “omissão”, “apuração desse, daquele, do outro... do Saci! Estão trocando os significados das palavras que traduzem os fatos de uma realidade captada por drones, câmeras de segurança, de celulares e transmitidos ao vivo por emissoras de tevê – invadindo o sossego de uma singela tarde de domingo-netfix. Aconteceu tudo diante dos nossos olhos e debaixo dos nossos narizes. Nós vimos!

Com o passar do tempo, é bom que se registre, novos fatos, novas conexões, novas imagens, novas palavras, tratativas, novos registro foram configurando e dando compreensão a um quebra-cabeça de milhares de peças. E quanto mais peças encontram seu lugar nessa hedionda configuração, dando mais luz aqui, um pouco mais ali, uma quase totalidade da mídia “nacional” deu início à Operação - do que já vivenciamos em outros momentos nefastos na história do nosso país - de pautar a verdade; alterar códigos; tirar o sofá da sala; instaurar, e, sorrateiramente, produzir e reverberar uma narrativa higienizada. A novilingua, começa a se infiltrar, invadir mentes incautas e dominar os noticiários, interpretando, distorcendo e impondo a forma como veem as imagens captadas aqui e ali pelas câmaras que - fiéis aos acontecimentos - desenharam e retrataram os acontecimentos, que a gente viu (ora, bolas!) e, agora, a gente vê (ainda) mais.

 

O Dia da Infâmia é um dia pra ser dissecado por inteiro, na mesa de autópsia; ser entendido e não ser esquecido por nenhum de nós. As palavras têm significados constituídos ao longo do tempo nos códigos do imaginário comum; ocupam uma semiosfera onde se registra a História da gente; dos povos; do nosso país; do mundo. Termos como invasão, ocupação, usurpação, baderna, crime, incompetência, responsabilidade, depredação, inocência, averiguação, punição, manifestação, pacificação, ordem, liberdade, forças, instituição, Constituição... têm decodificações quase que precisas. A palavra golpe também a tem! Não vi, não sei, não estava lá, esqueci... não valem nessa hora aziaga pela qual atravessamos c-o-l-e-t-i-v-a-m-e-n-t-e. Nós, os 50,90% (60.345.999), nós, os 49,10% (58.206.354) estamos vivenciando o depois; o Agora. Parou! Chega! A diferença -  que até cabe em uma sacola de mercado - foi a suficiente para que a Democracia fosse e permaneça imperativa. Que siga o baile e a História: quem ganhou governe; quem perdeu espere o próximo bonde! É assim. Está assim: USVs sem bandeirinhas; camisas amarelinhas nas gavetas; hinos e marchas dentro dos quartéis.

Não, não é suficiente pegar o bando de zumbis, analfabetos funcionais e políticos que perambularam física e dementemente depredaram as instituições democráticas da Praça dos Três Poderes, fluindo leves e soltos por Brasília como se fosse Carnaval. Não é suficiente isolá-los na Papuda, ou na Colmeia, nem os liberarem portadores de novos apetrechos (que alguns até ostentam com orgulho) nos tornozelos. Não é.

Buscar os idealizadores, os que tinham mando pra mandar... os (sabidos) articuladores... os roteiristas da trama e  deixar tudo muuuuito claro, nesse filme de terror em que a Pátria foi vilipendiada, anarquizada, ferida é o que urge.

Está tudo claro. Claríssimo. Mais do que nunca imagens captadas falam mais do que mil palavras; elas, minuciosamente, dizem tudo. Transparência, senhores! Eu exijo!

Sobre o Dia da Infâmia que nos assolou em 8 de janeiro...

EU QUERO SABER TUUUUUDO!!!!

Professora Maria Angela Colho Mirault

Doutora em Semiótica