terça-feira, 8 de setembro de 2015

O “11 de Setembro” de todos nós..


Naquele momento em que a insanidade dos ataques terroristas - muito bem planejados, coordenados e executados pela organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda - atingiu com precisão os alicerces do poderio militar, político e econômico dos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, a DATA tomou de assalto um lugar cativo no calendário da História Humana Contemporânea. Rememoremos.
Naquela manhã, o mundo pode assistir de todos os lugares - tal como na narrativa orwelliana da transmissão diuturna do “minuto de ódio” pela teletela -, em tempo real, o mais odioso espetáculo de vingança, retaliação e contundência, do pensar e do agir do homem contra o próprio homem, na atualidade. Por intermédio da ação executada por (apenas) dezenove terroristas, quase três mil pessoas (227 civis e os 19 sequestradores a bordo dos aviões) foram mortas, principalmente, civis de mais de 70 países. 
Obviamente, o confronto pertinaz e milenar entre o Bem e o Mal ocorre desde tempos imemoriais. Entretanto, na História Moderna, cenas similares a estas nos chegavam em películas cinematográficas, por rádio e pelos jornais, porém, absolutamente editadas. Tomávamos tênue conhecimento dos fatos pela interpretação, impressão, e, tradução dos correspondentes, que, por sua vez, recebiam a interpretação, a impressão e a tradução dos seus editores. O que houve de novo no Onze de Setembro foi a instantaneidade proporcionada pela tecnologia dos satélites, levando a visão do inferno ao olhar estarrecido e impotente de toda a Humanidade.  Hoje, também temos o nosso   “onze de setembro” que acirra o que há de pior da essência na espécie humana e nos incita à segregação, à segmentação, à discriminação, à violência, ao isolamento, à intolerância, à indiferença e à eliminação do Outro. Em decorrência, qualquer um de nós que professe ideologias diferentes, sejamos, em todas as esferas da vida, talibãs e não-talibãs.
De certo que convivemos imersos em grande perturbação social, na qual o antagonismo de cosmovisões distintas tem se traduzido pela emersão da virulência de pensamentos e atos, em toda esfera Humana. A discórdia, a agressividade, o ódio, a inquietação, o pânico, a dor, a desesperança colocam-nos todos contra todos. A pergunta que se faz, catorze anos depois, é se o mundo tornou-se mais violento, ou, mais visível. Talvez o Mal tenha hoje mais visibilidade, e, se apresente agora com toda sua pujante crueza desde as novelas-da-globo, passando pelos noticiários da tevê, invadindo as redes sociais - lugar das mais absurdas exposições, ataques e difamações irreversíveis que interliga, a todo o tempo, todo mundo a qualquer um.  Parece-nos que nunca nos odiamos tanto. Vivemos um mundo de cartarze coletiva de nossas doenças da alma; os cadáveres estão expostos em todos os lugares, eles chegam aos nossos lares pelo brilho da alta definição, pelos touch screen de nossos celulares, tabletes e laptops; hoje, extrapolam as páginas dos jornais e os noticiários de tevê.
Roberto Crema, reitor da Universidade Internacional da Paz - Rede UNIPAZ (uma instituição sem fins lucrativos, que iniciou suas atividades no DF, em 1986, com tem sede em diversas cidades do país), diagnostica esse momento e diz: “Nenhuma época, como a nossa, apresentou uma face tão explícita e atordoante da demolição, lição do demo, do egocentrismo, do desamor, da fragmentação e desvinculação, da alienação ética e generalizada desumanização. Como parcelas que estamos sendo de um organismo global, células de um mesmo corpo da coletividade humana, estamos todos soterrados pelos desabamentos de torres e de valores, ao mesmo tempo vítimas e algozes, atravessando as inevitáveis consequências do exercício sistemático da estupidez humana, do esquecimento do Ser. Na afirmação de Sartre, estamos sós e sem desculpas”.
De certo, que desde esse momento de insanidade da ação humana, nosso mundo mudou radicalmente, levando-nos a refletir sobre o papel e a responsabilidade de cada um de nós, viventes desse século. Esse ciclo de ódio precisa ser interrompido por um novo paradigma que emirja da Ètica e da Estética da Paz. Pode ser que um novo paradigma capaz de promover uma Cultura de Paz e Não-Violência por intermédio da educação e reeducação do homem seja a última e única possibilidade de reversão à ode ao terror e a todas as suas circunstâncias e consequências.
É preciso, antes de tudo, que aprendamos a pensar e a agir em prol de uma conquista efetiva de Paz, em nosso mundo particular, promovendo pequenas ações que sejam realmente potenciais para a quebra desse paradigma de violência em toda a instância e lugares, a partir de ações individuais, locais e coletivas em benefício de nós, de toda a sociedade; enfim, de toda a Humanidade.

Professora Maria Angela Mirault (Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo)

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sábado, 29 de agosto de 2015

"BIFE" NA EDUCAÇÃO, SÓ SE FOR NA MERENDA


            Lamentável as notícias que prenunciam a escolha do gestor da Secretaria de Educação do município de Campo Grande. PT pegando pesado e impondo um nome que nada tem a acrescentar. Bife na Educação só se for na merenda das crianças. Afff! Vamos ficar de olho, professores que se cuidem, o passado do "dono da fábrica de giz" tem muito a nos dizer.  A passagem de “bife” no Congresso foi tão boa e profícua que não conseguiu reeleger-se, e, agora, que está ao leu, sem eira nem beira, nem de seu próprio partido que ainda manda nesse país, sem nadica de nada, seus "cumpanheiros" de todas as estirpes e escalões, visando abocanhar um pedaço do poder municipal, estão encontrando a brecha para impor o “bife” sem ser na merenda escolar. Que a classe se rebele e mostre ao alcaide que errar é Humano, mas errar de novo, agora por excesso de zelo (compromisso com certa linhagem de partido), será fatal. Se o “antigo-ex-agora- novo-prefeito” quiser poderá até fazer uma gestão capaz de reelegê-lo, mas, se não atacar de frente os problemas cruciais que deixaram a morena á míngua e de quatro no chão, principalmente, nas áreas de SAÚDE e EDUCAÇÃO, será fritado e banido, só que, agora, pela população. E, como prenuncia-se que o "bife" não vai pra merenda das crianças, só temos a lamentar. Enquanto o Brasil grita "FORA PT", o PT de MS, aliado ao PPS e ao PDT, volta e se impõe numa prefeitura e numa gestão fragilizada. É esperar pra ver, e, lamentar.
            O povo ressabiado não acredita em mais nada. Com nove vereadores investigados pela Polícia Federal e o Ministério Público, com um sujeito que ocupava a prefeitura e outro que ocupava a presidência da Casa de Leis afastados, Campo Grande entrou na “moda” da safadeza e da corrupção que assola o país. Por outro lado, os “quatro” cavaleiros do Apocalipse que se rebelaram contra o “coffee breack” da grife solurb-amorim, agora, estão se achando os grandes mosqueteiros e posam como os íntegros postulantes da lei. Não soubéssemos nós que alguns deles precisariam de uma revisão das contas de campanha, no TSE. Um vereador, um dos que garantiram a estapafúrdia gestão-olarte-dos-infernos, está blindado. Apesar dos vídeos que rolam nas redes, essa pessoa ainda nem foi mencionada. Por quê? O povo quer saber.
            Senhor prefeito, seu retorno é tênue e pode desmoronar a qualquer momento por outra liminar. Seus dias estão contados e sua gestão tem a duração de 24 horas, todos os dias, pois pode amanhecer e não adormecer no cargo. Tenha juízo, não se deixe manipular, não se deixe levar por nomes impostos pelos cavaleiros do apocalipse, estes, sim, blindados pelos voto popular. Se tudo der errado, eles voltam aos seus lugares.
            Triste morena, que se vê arrolada por uma quadrilha de mandantes que extrapolam a esfera dos seus gabinetes de gestão. Sabe-se, hoje, que o governante-mor não sentava na cadeira do Paço, mas governava do seu gabinete empresarial, com a abertura do seu cofre, oferecendo migalhas de sua riqueza. Olha, Prefeito, foi muito fácil, sua cassação, custou apenas alguns cafezinhos. Seu retorno ainda não muito bem entendido. É certo que faça um limpa nos “comissionados”, mas, mais certo ainda, é saber quem serão seus aliados, de agora (lembra dos samis?). Por isso, todo cuidado é pouco, olhos bem abertos, principalmente, porque, os problemas da Educação não serão resolvidos com bifes, a não ser que a intenção seja melhorar a merenda escolar.

            Por último, não se esqueça nunca do ditado popular “diga-me com quem andas e te direi quem és”; ou, “diga-me quem és, que eu te direi com quem andas”. Tanto faz! O PT em ruínas, o PDT e o PPS oportunista de sempre, estão de olhos e bocas bem abertas. Cueca de aço, Prefeito, é com o que desejamos presenteá-lo nesse momento de muito oportunismo, “cumpanheirismo” e absoluta solidão que preenchem suas 24 horas por dia, cruciais.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A vilania da capatazia


            O capataz é aquele que gere a riqueza que não é sua, domina o que não é seu, faz o que o chefe mandar, age pelo que o mandante não age; são suas as mãos sujas que ferem, que roubam, que violentam, que caneteiam, engavetam, em segundo, terceiro, quarto e último escalão. Em troca de míseros trocados de um cargo, de um pixuleco qualquer, cujo rendimento vai alça-lo às filas dos “outbacks”, dos “hondas” e das “rovers”; aos resort luxuosos, ao vinho mais caro, ao whisky mais antigo; as grifes internacionais.
            O capataz é o escalonado que faz e desfaz, em nome do dono; sim, ele tem dono; é fiel em sua empreitada; é empreiteiro de mandados, aceita qualquer negócio, se vende e se prostitui por qualquer trocado; quer apenas se dar bem. Por ser indigno, envilecido, não precisará apresentar currículo para o exercício de sua função, aliás, prescindirá de qualquer formação acadêmica, precisará apenas de sua argúcia, esperteza e sagacidade para escamotear, sabotar com toda sua vil competência, sem qualquer tipo de escrúpulo. Esse exemplar proliferado em todos os lugares: repartições, empresas, igrejas têm tido lugar garantido na esteira de um mercado cuja ganância, competitividade, distinção predominam. Esquece o capataz, que tudo isso, também, o introduz nas entranhas do inferno, o conduz irremissivelmente, às dores cruciais do remorso e do ranger de dentes, ainda, mesmo, aqui, nesse espaço-tempo do agora, nessa vida, até antes dos sete palmos e do caixão de luxo.
            A indignidade, a falta de decência, a prática dos mais baixos costumes envilecem o ser humano. Contra essa chaga não há remédio, não há purgativo, não há oração! O acometido nem se enxerga como tal; não se reconhece como pária da sociedade e, muito menos, procura a cura de sua doença moral. No entanto, ser indigno tornou-se item curricular, ainda, imprescindível, no mundo de hoje (já em ruínas). Ainda se imagina ser preciso ter ao lado, mexendo na podridão, indivíduos que não se importam em chafurdar na incúria do mal feito, infringir leis e fazer o diabo, em nome e no lugar de quem detêm o mando, a propriedade, a riqueza e o poder. Essa é a triste função da capatazia; intermediação entre o opressor e o oprimido; também, conhecida como assessoria, cargo de confiança, gerência, gestão, ficha suja.  
            Os capatazes vicejam, perduram e perpassam por governos e partidos; são úteis. Agem como coveiros, cuidadores de porcos - longe dos ambientes de trabalho honesto desses profissionais - porque precisam mexer na lama, cavar o chão, enterrar quem possam, em nome do pseudo poder de um cargo, em nome de um chefe, objetivando simplesmente a sua sobrevivência, e, até, prosperidade, dependentes de generosas sobras das mesas dos seus donos.  São capatazes, intermediários, nada mais, dependem de si mesmos, de suas vontades de serem o que são.
Mas, a vida segue, o tempo corre e esses vis serviçais, sem mesmo se aperceberem, já fenecem, em vida - de dentro de suas câmaras mortuárias ambulantes, do conforto de seus home theater, nas cadeiras estofada de seus gabinetes - dominados ainda pela crença de que dominam, mandam e reinam.
            Salvem todos aqueles que, tendo passado pela dura prova do convite, negaram-se a esse ofício imundo, preferindo trilhar o caminho da digna, honrada e dura vida dos milhões de comuns mortais, que acordam, lutam e adormecem sem terem prejudicado a uma única alma, sem terem-se apropriado de um único bem que não lhes pertença. Salvem os honrados, os que já conseguem enxergar que estamos vivendo um novo momento histórico-energético no planeta Terra. Nesse tempo, eles, os capatazes, já começam a ser reconhecidos e identificados. Distinguir-se-ão, não pelas roupas de grife que enfeitam seus cadáveres ambulantes, mas pelo rastro que deixam em seus fracassados caminhos. Haverá o dia em que o poder e a riqueza prescindirão de suas “competências”. Esse momento está chegando, já se pode vislumbrar logo ali, no horizonte que já vem.

Maria Angela Coelho Mirault – Professora, Doutora e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo.

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quarta-feira, 15 de julho de 2015

Xô, sincericídio virtual

“Diga-me de fato o que você quer, e precisa por escrito, (...) pois não quero e não vou responder à criticas, ofensas, impropérios, idiossincrasias, gritaria ...” blá-blá-blá!
Estou há mais de uma semana sem falar com entes familiares; nem bom-dia! Pode? Pode!
Covardia esse é o nome que temos de encarar, assumir e nominar. O advento – é advento! -  das novas  (novas?) e cada vez mais surpreendentes tecnologias está fazendo emergir um comportamento altamente antiético, virulento e que expõe um tipo quase novo de sentimento devastador que engole a coragem, a sinceridade e desabrocha  no que, no fundo , nada mais é do que a covardia de se “falar verdades” por intermédio das - nesse caso - malditas redes sociais. É o sincericídio. Esse treco tem feito muito mal, no intuito de fazer o bem; é quase um demônio travestido em ícones, signos, imagens; letrinhas - àquelas que a gente aprendeu para usar para o bem e o progresso da Humanidade –formatadas como adagas; punhais que ferem e tiram do combate brutalmente a quem foram dirigidas.
Parece-me que as “verdades” agora só encontram lugar na escrita virtual: e-mails, facebock, instagran, twiter, wahtsApp... Muitas vezes, com o intuito de atingir “um”, fala-se para todos. “Felicidades”, “conquistas” expostas em imagens do “eu fui lá e você não foi”; “eu sou e você não é” permeiam esses circos da prodigalidade hedônica dos nossos dias, tão malditos, tão cheio de dores, de fracassos (dos outros, é claro!). Mas, o autofalante, a reverberação é dirigida a todos que acabam por serem contaminados com tantas verdades-verdadeiras, tão distantes do seu mundinho acinzentado: “Show de Truman”!
Creio que todos já conhecemos casos de sólidas amizades desfeitas por causa e dessa forma. Por escrito parece que tudo pode ser dito; o outro, o infeliz (in) digno da investida, não está lá, cara-a-cara para rebater, interagir, defender-se; cuspir na cara, berrar e expor seu ponto de vista. É covarde porque parte de uma única premissa, a “verdade” do emitente da fala, já que o “agredido”, se tiver um mínimo de bom senso, embora ferido, só tem como recurso silenciar (o silêncio é mensagem): calar-se-á, bloqueará o ex-amigo-ofensor, mas, o maldito malfeito, já terá produzido estragos irreparáveis, relacionamentos terão ficado despedaçados e seus danos irrecuperáveis. Não dá pra desdizer o que se grafou no ambiente  virtual; flecha flamejante lançada jamais retornará, ou se apagará. Bons tempos aqueles em que usávamos borracha e lápis preto. Ou aquele em que cartas podiam ser rasgadas, para o próprio bem de quem as escrevia e de quem as recebia, tantas e tantas vezes manchadas pelas lágrimas de um e de outro. Hoje não mais, a punhalada grafada com o artifício frio e lancinante do teclado torna-se imortal, fincada no coração, na alma e na nuvem virtual. De súbito, não mais necessário é terminar-se um relacionamento ”to meet  face to face”.  Termina-se pelo smartphone, pelo laptop: “não deu”, “a fila anda”, e só.
O que dizer, então, das divergências normais entre familiares: irmãos, pais, filhos, em que se podiam discutir na sala, no almoço, no jantar? Nem pensar! Tudo, tudo, tudo é levado ao pé da letra e as ofensas mais sinceras desaguam e encontram seu leito nas redes sociais; aí, é filho bloqueando mãe, é mãe bloqueando filho, marido e mulher nem pensar, tudo pode acontecer: “desfiz amizade com você”, ponto final! Ou, “não se meta a comentar meus posts”!
Chegamos ao absurdo do mundo do business. Na Austrália, a empresa “Sorry, it’s over” especializou-se na mais nova forma virtual de se dar um “pé--na-bunda” de alguém, sem ter de mostrar a cara e oferece aos covardes várias opções para que se dê o ponto final, seja pelas mídias eletrônicas, ou, mesmo por telefone (ops) smartphone!
Só na minha família (verdade), irmãos tiveram relacionamentos abalados, sogras e noras, mãe e filhas e filhos, marido e mulher, tios e sobrinhos, amigos ex-queridos... Toda uma vida de bom relacionamento, de esporro normal, cara-virada, impropérios, xingamentos, roupa-suja que logo se lavava e se passava, hoje, por escrito, tornaram-se poluentes das nuvens virtuais; são os novos obsessores mentais, e, porque não, sociais, desse bendito século XXI. Tenho pensado seriamente que esses recursos tecnológicos vieram direto do inferno, do purgatório, sei lá; pois, seus efeitos duram e perduram ad eternum, e, com certeza, irão nos assombrar do lado de lá: “Ahhhhhh, te peguei! Agora, me explica o que você quis dizer com aquele post”!  
Daí, moçada, a partir dessa constatação, recuso-me a escrever o que venha da minha alma como forma de desabafo, também, me recuso a receber “ má-criações” pelos whatsApp d vida. Quer falar comigo? Quer brigar comigo? Quer me xingar? Vai ter que ouvir e aturar a “portuguesa”, in loco. Por favor: face to face! Amém?

Maria Angela Coelho Mirault – Professora doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de SP

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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Eu estou saudando a mandioca.. e, o milho!


... Porque não há mais nada a fazer. Mulher sapiens que sou, me entrego; vou assoprar foguinho, fazer minha fogueira, esquentar os pés e largar mão. Relaxar e gozar como quer a energúmena marta-suplicy. Não dá. Sociedade omissa. Está tudo parado e sob o eclipse do Sol. Anoiteceu e não amanheceu; estamos na escuridão; voltamos a idade das trevas, cujo colorido só se vislumbra sob a luz da parada gay.
Campo Grande está à deriva. Prefeito, que caiu do caminhão, e sua massa de fiéis e profitentes-assessores não dão conta da pobre morena e não cumpre lei. Tudo está à venda, em Campo Grande - exceto o que está disponível pra aluguel – e os serviços básicos e mínimos (Educação e Saúde, por exemplo) para que uma sociedade sobreviva, estão em greve há séculos e nada, nada, absolutamente nada, acontece. Sonífera ilha!
O Estado foi sequestrado pelo segmento agropastoril, cujos representantes, repentinamente, tomaram acento nas macro e nas micro decisões político-sociais e econômicas e fazem sua gestão das torres das secretarias de governo, como se de suas varandas do casarão, ou dos seus pastos, estivessem. Não fazem nada, com os olhos no retrovisor, apenas criticam o que fizeram ou deixaram de fazer seus ancestrais – mas, não foram eleitos pra reclamar do mal-feito, mas, sim, pra agir, mudar,  resolver com o olhos no futuro!
Bancada parlamentar mugindo em todos os níveis - da vereança ao Congresso Nacional (excetíssimo, alguns pouquíssimos abnegados, resignados e prescindíveis, por assim sendo, representantes nossos), não dão uma dentro: fazem leis pra reconhecimento de “nome social”, fazem audiências públicas aqui e ali, mas, nada flui de concreto em benefício e merecimento da boiada.
No parlamento federal, crápulas decidem o futuro, já que deram cabo do presente. Um país que tem um Jean Willis - catapultado de um Big Brother - pra “fazer” leis, não pode ser um país sério (finado, De Gaule!). Um país que tem como governante mor uma ser humana, com 9% de aprovação e que, pra lá de Bagdá, não diz coisa com coisa e saúda a mandioca (e, o milho) publicamente, não pode ser um país digno de respeito. E nesse caldo de bobó, tanto faz minoridade ou maioridade penal. Já que estamos todos fadados a mesma má sorte, tanto faz Temer, Renan ou Eduardo Cunha; Lula de novo, Dilma até 2018, ou, mesmo, Aécio (o que faz Aécio – morde e assopra - nessa grande conjuntura? O que faz o PSDB nesse contexto burlesco atual?). 
O povo que foi pras ruas em 2013, certamente, já voltou pra Marte; não era brasileiro. O brasileiro mesmo, aquele do jeitinho, do samba, do futebol, está preocupado com o Carnaval, com o Brasileirão, com a festa de Parentins; com a abertura de mais uma igreja pentecostal, com a Parada Gay.  
Os corruptos nossos de todos os dias, que pipocam aqui e ali, emergindo de seu status quo, de suas mansões, iates e carrões, são tão bandidos que, levados algemados para olharem nos olhos o juiz (um ser estelar e de outra galáxia) Sérgio Moro, têm estômago pra Papuda e, não têm o menor receito de passar alguns dias de desconforto por lá, fazendo coco de cócoras, sem seus casacos de couro e perfume francês;  sem seu champagne  e seu vinho de todas as noites e suas belas (e, muitas putas) mulheres. Delações premiadas não são respeitadas pela mulher sapiens que confunde tudo, mistura alhos com bugalhos, e ameaça delator, dos microfones da Disney.
Eu estou saudando a mandioca! “Me”perdoem os que tinham alguma consideração por minha pessoa; os que esperavam algum tipo de resistência, de luta, de enobrecimento. Sem munição, ligando o fod..-se!

Maria Angela Mirault – mulher-sapiens
Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (sim, senhor!) pela PUCde São Paulo


domingo, 14 de junho de 2015

BASTA DE TANTA OMISSÃO


Vitória - foi o nome que lhe deram, após ter sido seviciada e recolhida - morreu! Treze dias durou sua agonia em uma clínica particular de Campo Grande. Resgatada por dois anjos bons, que, solitariamente, se responsabilizam por animais de rua, Vitória trazia 60% do couro das costas arrancado e as patas fraturadas. A cadelinha da raça pinscher fora torturada por seres humanos como nós e permaneceu por 13 dias em agônico tratamento. As benfeitoras que a resgataram, agora, fazem apelo para pagar a conta da clínica que a atendeu. À tarde do domingo (14/6/2015) foi destinada á manifestação pública de protesto contra a recalcitrância de crimes como esse em nossa cidade. Neste caso, seus autore, se identificados – diz-se que eram usuários de drogas – arcará com multa administrativa (sic) de R$ 500 e R$ 3 mil. Só no primeiro dia de atendimento, a conta já estava em mais de 500.
Ter o coração trespassado a cada assassinato como este, já não basta, para mim. Recolher animais, providenciar tratamento e abrigo, participar de vaquinha para ajudar a custear as clínicas (e, são poucas as que acolhem um animal de rua!) que oferecem tratamento a esses desvalidos, também, não dá mais. Sair em uma tarde de domingo para protestar, não é solução, a não ser, imediata; não resolve, sequer, paliativamente, o problema gigantesco que a maioria das autoridades e dos concidadãos não quer ver.
Atribuem a Mahatman Ghandi a expressão de que “a grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados pela forma como são tratados os seus animais”. É claro que sim. Que sociedade somos nós que testemunhamos esses crimes, fazemos o que podemos em nosso ambiente restrito, convocamos ajuda financeira, vamos à praça protestar, mas, que não vai as vias de fato, em busca de uma digna e real solução do problema. Saibam todos que o Estado é responsável por seus animais. E, você argumentará, mas, também por crianças, por idosos, e o mais o quiser colocar nesse rol. Concordo com a omissão generalizada. Mas, o Estado, e, digo as Prefeituras Municipais são responsáveis, sim, constitucionalmente, pelos animais abandonados em seu território. Ações paliativas não darão conta; gente envolvida com a proteção animal, sozinha, não dará conta, eu, ou você e nós não daremos conta da demanda, se não formos ao cerne da questão: o município não pode apenas eliminar os cerca de 1200 animais de rua, por mês, em suas câmeras mortíferas do CCZ. Pessoas, munícipes, estão abandonando seus animais por diversas razões: muda-se para apartamentos e os abandonam; tem-se um bebê, em casa, os abandonam; adoecem e os valores cobrados pelas cínicas são inviáveis, os abandonam; ficam idosos, são abandonados. Como é que um pai de família, às vezes, desempregado, que não tem recursos para comprar um medicamento para um filho, vai arcar com a despesa de R$ 80 a consulta, fora a internação, fora o medicamento, em uma clínica particular? Com a (bendita!) lei de que não se pode mais sacrificar animais apenas por serem portadores da leishmaniose, os levarão ás centenas para as ruas; não há alternativa, o tratamento de um animal  contaminado pode ser exorbitante,  se tratado em clínicas veterinárias particulares.
Hospitais públicos veterinários municipais é a demanda da hora! Por incrível que possa parecer, pasme-se, há um lobby de proprietários de clínicas que são contra o atendimento público! Não podemos mais nos permitir a esse abuso; trata-se de uma questão de saúde pública, de humanidade, de progresso moral, de dignidade de um povo.
O FBI anunciou que a partir de 2016, as pessoas que cometerem atos de maus-tratos contra os animais serão agrupadas na mesma categoria dos assassinos nos Estados Unido e que o abuso de animais receberá uma nova categorização, sendo tipificado como “crime contra a sociedade”. As informações são do site Dog Heirs. O conceito de crueldade, para o FBI, se define na “execução intencional, com conhecimento de causa ou de forma imprudente de uma ação que maltrate ou mate qualquer animal sem justa causa, tal como a tortura, mutilação, atormentação, envenenamento ou abandono”.
Aqui, no nosso país, existem leis (Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998), está na Constituição (artigo 225). Recentemente, foi prevista a ampliação de pena, em projeto aprovado na Câmara, que vai para o Senado, de autoria do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
Conforme pesquisas do FBI cerca de 80% dos psicopatas começam os seus crimes cometendo abusos contra os animais, como já foi mostrado pela jornalista colaboradora da Agência de Notícias de Direitos Animais – ANDA - Fátima Chuecco, na série “Matadores de Animais”, que aborda o universo dos serial killers. No entanto, ainda não despertamos para essa gravíssima questão social, humanitária, moral, em nossa cidade. Ou matamos todos, via CCZ, ou, acordemos para os “casos vitória”. Não dá mais pra enxugar gelo. UPA veterinária e hospital veterinário municipal, já! Castração, responsabilização de tutores, denúncias, cadeia para os criminoso; apoio às entidades de proteção animal, responsabilização da Prefeitura, URGENTE! Chega de nhe-nhe-nhe, de passeatas, de tentativas domésticas e solitárias de solucionar tão grave problema. BASTA DE TANTA OMISSÃO!
Em tempo, o que vai acontecer mesmo com os assassinos de peixes do aquário?


Maria Angela Coelho Mirault

segunda-feira, 23 de março de 2015

Corrupção, aqui, agora, não

Ela, “a corrupção é uma senhora idosa”, vociferou a presidenta! A dita e santa oposição raivosa enfureceu-se. “A corrupção é uma menina”, bramiu o deputado federal Ronaldo Caiado, pois, tem a idade do poder nas mãos do PT. É menina, não. Ela é velha; usa minissaia, maquiagem extravagante, bolsa Prada, joias Chanel; é gananciosa, e, sedutora, senta no colo de qualquer um que esteja revestido (ou, travestido) de um poder, reles que ”seje”. Porque é no poder que se conferem valores, crenças, ideologias dos que o ocupam e, muito cedo cedem à sedução da maldita senhora e logo aprendem a se locupletar dos seus mimos, a ela cumpliciados, munidos da força e dos golpes do canetaço. Corrupção da grossa é arrumar a vida dos parentes. Sem nenhuma pecha de que essa indicação vá marcar e denegrir nosso passado e nos envergonhar pelo resto da vida, jogando por terra todos os discursos e ações que nos levaram ao estado de poder: “Vôtche!”. Há na mídia recente sul-mato-grossense, um manifesto público divulgado e assinado pelos concursados do Tribunal de Contas do Estado – lugarzinho danado de bom, cujo canto da sereia já encantou inúmeras pessoas, uma em especial que havia ido longe demais, e, considerada uma ameaça política, foi presenteada com um carguinho básico e vitalício no bendito Tribunal - o céu de todo político em fim de carreira. Pra quê ser Senador da República, e negar-se a um presente tão dignificante? Engoliu-se. Engolimos. Fora a ideologia, as centenas de milhares de votos (o meu, inclusive), confiança do povaréu, discurso afinado com a ética... Para os galardoados, a vaga concorrida de conselheiro, para seus apadrinhados, um cargo de confiança com salários exorbitantes, num país que vai às ruas gritando contra a corrupção. Não somos palhaços! O jovem e recém-formado Felipe Nunes Modesto de Oliveira - diz a nota, é filho do deputado estadual Rinaldo Modesto de Oliveira, líder do governo Azambuja na Assembleía e sobrinho (sorte dele) da vice-governadora Rose Modesto de Oliveira (todos do PSDB!) - foi contratado, pelo Tribunal de Contas do Estado com o salário exorbitante de 12 mil pilas! Doze mil pilas, (alô, minha gente!) é, mais ou menos, o que um professor universitário com doutorado, depois de séculos de estudos, consegue ganhar nesse país de M...! Essa canetada gerou a indignação dos aprovados no concurso público realizado em 2013. São 198 pessoas (nem eu, nem ninguém das minhas relações estão nessa lista) botando a boca no mundo e que emitiu uma nota de repúdio, com todo direito e razão. Triste país em que o que se tem a fazer é proclamar aos ventos! Dizer as verdades pra ver se alguém toma alguma providência. A corrupção é na verdade uma senhora idosa que não nasceu com o PT. Verdade! Essa senhora frequenta os lupanares de todos as instâncias de poder, se escorrega nos colos de todo tipo de político e de todas as ideologias (esquerda, direita e centro); é, simplesmente, asquerosa e sem pudor. Vergonhosamente, agora, está no colo do governador do Estado de Mato Grosso do Sul, que compactuou com esse acinte, esse achincalhe, não apenas com os concursados, mas ferindo o estado de direito e à própria Democracia. Essa nomeação tem de ser revogada, em nome da dignidade e da ética dos palanques, que ainda ecoam aos nossos ouvidos, e com as quais se ganharam as recentíssimas eleições. Como assim, vai ficar por isso mesmo, e, um menino recém-saído das fraldas, por ter a sorte de ser filho de um deputado e de ser sobrinho da vice-governadora vai ganhar essa baba, sem nenhuma contestação? As mesmas tintas que já haviam apadrinhado nora e filha de ex-governador, tingem agora o papel que caneteou a nova contratação do filho do deputado. É inadmissível! “É vergonhoso, é asqueroso que atitudes inconstitucionais, ilegais e imorais como esta dentro da Administração Pública possa se repetir continuamente nesse Estado. A sensação é de que não há limites aos desmandos dos dirigentes públicos e políticos”, denuncia trecho da nota de repúdio. Parodiando o dito popular, em tempos bicudos, ou fartos, seja a farinha pouca ou muita, meu pirão primeiro. Infelizmente, a malfadada-presidenta tem toda a razão, “a corrupção é uma senhora idosa”, e, mais: sem vergonha, sedutora dos incautos, desprovidos de valores, de ética e de vergonha na cara, e que, por não ter o mínimo pudor, se faz presente, agora, aqui. Vergonha! Maria Angela Coelho Mirault

domingo, 15 de março de 2015

Se não for por nós...

Bem! Nem bem saímos das eleições e já pudemos constatar que nada do que se diz em campanha precisa – e, não é! - ser cumprido pelos que vencem, governam, e legislam; os acordos partidários, os conchavos de gabinetes governam por nós, nas nossas barbas, lideranças voltam e ocupam seus mesmos lugares rotulados como novo, as custas de um gordo cachê. E, a gente engole! Nada a fazer! Parece mesmo que nada vai mudar. Mas, vai. Mesmo que nos custe muito. Se não construirmos as prenunciadas, mas, sempre adiadas, reformas políticas, o caminho será muito lamacento, pedregoso e doloroso, mas, mesmo assim, a transformação virá. Nas eleições municipais de 1996 (credo! Quase vinte anos), o candidato do PT perdeu do candidato do PMDB, por míseros 411 votos; não só uma vergonha, como um acinte! Dia seguinte fui a primeira a “adesivar” meu carro: “não vendi meu voto”. O protesto solitário se alastrou pelos familiares, amigos e pessoas que começaram a reproduzir a mensagem. Sem qualquer vínculo partidário, expressava o descontentamento de uma eleitora-cidadã com o resultado, sobejamente discutível daquelas eleições. À época, o PT inspirava a esperança nas mudanças de rumos político-governamentais, pipocando em todo o Brasil, visto a já constatação de que o PMDB - com o qual também fui às ruas pelas “diretas” - fracassara ao cumpliciar-se com o que havia de mais degradante na política brasileira, dando luz a famigerada “era-sarney (renan)”, em uma presidência forjada por acordos de bastidores políticos (e, militares), muito longe dos anseios do povo. Sarney não era legítimo, Tancredo não havia tomado posse! Engolimos. Bem! Nos bancos acadêmicos, instada filosoficamente por pensamentos considerados de esquerda, procurei instilar a circulação de mensagens nada conservadoras em busca do debate com meus discentes, seja na proposição de leituras, trabalhos, reflexões. Embora, dotada de princípios tradicionais oriundos da formação educacional familiar e nos bancos escolares, não posso me considerar uma observadora, ou uma militante da direita, consumidora de ideias conservadoras. Também não sou nenhuma alienada que não se lembre da era collor-itamar-fhc; no poder. É tudo farinha do mesmo saco. Bem! Minha adesão ás ruas, neste momento, não se dá em clamor ao terceiro turno, muito menos por apoio a este ou aquele partido político. Não sou “coxinha”! Aliás, nem sei o que essa pecha quer traduzir. Tampouco, sou militante da oposição ao “desgoverno-dilma”. sou a favor do meu país. Certa de que, a gente ainda vai ralar muito, antes de encontrar o caminho adequado, social, político e econômico que carecemos por merecer. Estamos tão desnorteados que se mistura alhos com bugalhos. A volta dos militares, nessa hora, por exemplo, não deveria, sequer, de ser cogitada. O caminho é árduo, é o do aprendizado, do ensaio e erro e das manifestações, sim, senhor, nas ruas. Bem! No Congresso, nas Assembléias, nas Câmaras não têm santos; tem de tudo um pouco. Mas, não vieram de Marte, todos que lá estão, foram colocados pelo maldito (ou, bendito) voto. De quatro em quatro anos, temos a chance de mudar tudo, mas, ainda nem temos consciência disso. Reforma política é a via das mudanças e não será fácil essa costura, mas, virá, mesmo que a conta-gotas. O Brasil não vai mudar e encontrar o seu destino de ordem e progresso assim de mão-beijada. O Brasil já está mudando, mesmo que primeiro tenha de passar pela desordem nas instituições que estão desmoronando a frente dos nossos olhos, ouvidos, nesse delivery da mídia em nossas casas. Se não for por nós, os cidadãos de bem, que optamos por trilhar o caminho árduo de um simples cidadão brasileiro, esclarecido pelas luzes da instrução – pedra bruta e conquista de poucos – não sairmos do nosso conformismo, da nossa omissão, da nossa vidinha mais-ou-menos, tudo ficará mais difícil, mais penoso. Chega de ser figurante, coadjuvante, busquemos o protagonismo dessa História, nessa hora, agora, nem que seja depois de um domingo, nas ruas de todo o Brasil. O Brasil para os brasileiros, é o que teremos de buscar, nem que seja á unha. Maria Angela Mirault Publicado no Correio do Estado, 17/-3/2015

sexta-feira, 6 de março de 2015

XPTO: Dia da mulher? Façam-me o favor...

XPTO: Dia da mulher? Façam-me o favor...: Não pode ser. Tanta luta, tantos imbróglios, suor e canseira muitos anos depois das feministas (Deus nos livre) revogarem a condição ecológi...

Dia da mulher? Façam-me o favor...

Não pode ser. Tanta luta, tantos imbróglios, suor e canseira muitos anos depois das feministas (Deus nos livre) revogarem a condição ecológica-biológica-feminina e nos igualarem aos machos da espécie humana, pra gente comemorar o dia da mulher? O mês da mulher? Faça-me o favor... Os gêneros não são gêneros por acaso. Embora, iguais em espécime, macho e fêmea traçam diferenças irreconciliáveis, em todas as espécies; um pári, outro, não; um gesta, outro, não, só pra ficar por aí. Homem e mulher não são iguais, ponto, entendeu, ou quer que desenhe? Em raríssimas exceções da natureza (cavalo-marinho, p.ex), cabe à fêmea gestar, parir e cuidar da sua cria, dela se afastando, quando a natureza propõe outras demandas para o ser que ajudou a trazer à luz. Quando a luta das feministas saiu das ruas e entrou em nossas casas, só nos faltou uma coisa: bom senso. Abdicar da condição feminina pra assumir papéis e funções masculinas, relegando a terceiros sua obrigação de guardar, cuidar, proteger, educar seus rebentos, deu no que deu. Nossa geração deixou ao léu sua progenitura, delegando a sei lá quem sua obrigação; por isso, tanto filho da ... por aí. Essa reflexão a mulherzinha bem sucedida não faz e vai deixando marcas da sua omissão pelas esquinas do mundo. Quem foi professor, quem é professor tem se deparado com essa lacuna na formação da criança, do jovem e do adulto. Quem é docente de universidades, pode bem distinguir quem teve mãe e quem foi deixado à beira do caminho, sem qualquer formação e princípios que só cabem (e só) ao núcleo familiar fornecer. Tudo bem, fomos pras ruas, pros escritórios, pros tribunais; saímos da cozinha. Exigimos nossos direitos, subimos no salto e exigimos respeito, mas, quando a coisa aperta, apelamos para nossa condição de fragilidade (vide ex-ministra e senadora do PT-maria-do-rosário versus Bolsonaro). Esquizofrênicas, adoramos e consumimos milhares de exemplares dos “50 tons de cinza”, cumpliciadas com o sadomasoquismo explícito e indecoroso, mas, quando vitimadas pelo homem, o filho da..., que não teve mãe, e nos assedia, valemo-nos, como vestais, da “maria-da-penha”. Valha-me Deus! Não comemoro o dia da mulher, abomino essa “conquista” capital de mercado. Envergonho-me dessas mensagens ridículas das redes sociais, das publicidades, dos telemarketing. O dia da mulher não é simplesmente o dia 8, nem o mês da mulher o mês de março. São todos os dias; ela reina soberana pelo reino e em todo o tempo, para o bem e para o mal. Porque há, sim, minha gente, mulherezinhas de doer, “pior” do que muito macho alfa. Trazemos no DNA da condição de ser mulher, junto com as curvas, a TPM, o nhe-nhe-nhê, o mimimi, o balaco-baco, a ardilosidade, a sedução, a ambiguidade e a maldade. Quem nunca esteve nas mãos de um tipo desses, que levante a mão. Como mulher, conheço de todo o tipo, pior, identifico-os. Os homens, (coitados?), são e sempre agirão com o repertório adquirido das mulheres que enxameiaram sua vida: mãe, vó, irmã, tia, vizinha, namorada, esposa, colega... De novo, para o bem e para o mal. Veja bem, atrás de um apenado da “maria-da-penha” tem uma mulher que lhe treinou pra violência; uma mulher que o abandonou, lhe espancou - aquela que apanhou calada (ou, não), ensinando ao seu rebento que é assim que se deve tratar todas as mulhere -; uma mulher que não lhe deu atenção, amor, cuidados e forjou com lágrimas, com o fogo do inferno e uma infância violada, o adulto em que se transformou. Não há poder maior do que o que procede do vínculo maternal. Se as mulheres usassem esse poder pelo bem da espécie, se fossem amparadas para o bem cumprimento desse papel (cadê as creches de qualidade que o Estado tem o dever de garantir?), talvez nossos presídios estivessem mais vazios, nossas ruas mais seguras, nossas escolas menos violentas. Uma boa e uma má mãe fazem toda a diferença para o equilíbrio do meio ambiente planetário. O Dia Internacional da Mulher tem sua origem nas questões de trabalho, direitos sociais e políticos, os quais deveriam, conquistados, serem agregados aos deveres da mulher na preservação da espécie. Isso seria absolutamente ecológico. Pena que preferimos optar por isso ou aquilo e estamos fracassando, porque a vida ainda não conseguiu substituto à altura para essa tarefa; não há “dolys” que dêem conta da falta, ou de uma má educação. Quando você ganhar sua florzinha, seu presentinho pela data, pense nisso. Maria Angela Mirault Mulher, mãe, avó, professora

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Faltam 3 minutos

Em 22 de janeiro de 2015, o Bulletin of the Atomic Scientists anunciou que o relógio que marca o Fim dos Tempos foi adiantado em dois minutos; agora, estão faltando só 3 minutos pra meia-noite. Isso é sinistro, acredite. O boletim foi criado em 1945 por cientistas da Universidade de Chicago (EUA) que participaram no desenvolvimento da primeira arma atômica, dentro do Projeto Manhattan. Dois anos depois, eles decidiram criar o Doomsday Clock, cujos ponteiros assinalavam faltar 7 minutos para a meia noite. O objetivo era o de alertar a Humanidade o quão próximo estaria da aniquilação por catástrofe total termonuclear. Contudo, de lá pra cá, estimativas apontam a existência de mais de 16 mil armas atômicas no mundo, sendo que poucas delas seriam suficientes para explodir “trocentas” vezes esse planetinha sem expressão alguma na galáxia. O marcador do tempo – esperançoso, talvez - já havia marcado momentos menos críticos em que seus ponteiros foram atrasados: em 1972, devido aos tratados ante proliferação nuclear assinados entre as superpotências e em, 1991, em decorrência dos tratados de paz e o fim da União Soviética. Perigo mesmo, o reloginho apontou quando os cientistas calcularam que apenas dois minutos separava o mundo do aniquilamento total, devido aos testes (russos e norte-americanos) de bombas de hidrogênio. Quando o recrudescimento das hostilidades entre os EUA e a então União Soviética ameaçavam a humanidade com uma guerra nuclear, o relógio marcava 3 min para meia-noite. A proliferação irracional de armas nucleares aliada à falta de medidas significativas objetivando atenção às mudanças climáticas fez com que cientistas - incluindo 18 vencedores do Prêmio Nobel – adiantassem, em 2012, o relógio, para 23h55m, com o BAS alertando sobre os riscos do uso de armas nucleares nos conflitos do Oriente Médio e o aumento na incidência de tragédias naturais. Estávamos a cinco minutos do Apocalypse. Agora, em 2015, segundo o boletim da catástrofe, o relógio marca 23h57 min; apenas a três minutos da meia- noite, porque “os lideres internacionais não cumprem a sua missão mais importante que é a de preservar a saúde e a vitalidade da civilização humana”. Seus ponteiros nos alertam, porque, além da questão climática (não prevista quando de sua criação), ao invés da redução do número de ogivas nucleares, há a irracional modernização dos arsenais existentes – principalmente, por parte dos EUA e da Rússia, minando tratados internacionais já assinados. Além desse real e iminente risco de aniquilamento total e irreversível, a emissão de dióxido de carbono e outros gases está transformando o clima do planeta de forma catastrófica, o que deixa milhões de pessoas vulneráveis às tragédias climáticas vindas do aumento do nível das águas nas costas e a redefinição geográfica do mundo. O assunto é muito sério. A organização pede que lideranças globais assumam o compromisso de reduzir os gastos com armamentos nucleares e de limitar o aquecimento global a dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. A nossa espécie é a única que destrói sem nenhuma racionalidade seu habitat. As outras, o habitam, sustentam e preservam conforme as leis naturais e o ciclo vital o determinam. Fazer o quê se essas questões cruciais não estão sendo tratadas com prioridade pelos mandatários do mundo e as comunidades sequer pensam nisso? Então, acorde, aí, “pelamor-de-deus”, porque a Humanidade ficou mais próxima ainda da extinção! É bom colocar as contas em dia (de preferência, não!), porque, se esses experts merecerem nosso crédito, falta apenas 3 minutos para o Fim do Mundo e o Juízo Final. E, assim sendo, o Armageddon não é uma questão de crença. É uma questão de – pouquíssimo - tempo. Maria Angela Mirault – professora doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo http://mamirault.blogspot.com Jornal Correio do Estado, 09/02/2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Matar não é ético

“Não há clemência para os traficantes”; “respeitem as leis do país” declarou o procurador-geral da Indonésia Muhammad Prasetyo, com relação ao fuzilamento do brasileiro Marco Archer Cardoso, após passar mais de uma década no corredor da morte. Ele entra dessa forma sórdida para a História como o primeiro brasileiro apenado por execução. Mas, o que fez o carioca, instrutor de voos de asa delta? Por razões que só lhe diziam respeito, aderiu ao tráfico de drogas internacional. Tentou entrar em Jacarta, Indonésia – que possui leis severíssimas com relação ao tráfico - com uma carga de 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos da asa delta, detectado pelo raio X do aeroporto internacional de Jacarta. Preso duas semanas depois, teve ao longo desses 10 anos o “tramite legal do país”, razão pela qual, os pedidos de clemência de Dilma foram desconsiderados por Joko Widdodo, que tem como valor absoluto a “tolerância zero” como política de governo contra o tráfico. É a “cultura o filtro das “verdades” e da “ética”, do que é “certo” e do que é “errado”. Não se pode universalizar a Cultura; ela é, de fato, sequestrada por valores, crenças, tradições, religiões, ideologias, práticas e costumes de determinado grupo social que lhe vai tecendo e constituindo, ao longo do tempo. Por outro lado, o “entendimento”, ou seja, o acordo absoluto nas argumentações sobre determinado tema, é uma impossibilidade, e, pode, mesmo, ser considerado uma utopia, visto ser, para os esperançosos, o último patamar da racionalidade, ainda está em construção. Sob essa perspectiva, para que se estabeleça o entendimento, inúmeros componentes necessitam estar em consonância de igualdade: os sujeitos que o buscam precisam compartilhar o mesmo ambiente - semiótico-cultural - de situação de fala ideal, onde não estejam subjugados por qualquer tipo de coerção. Além da imprescindibilidade da consideração de que, existindo esse ambiente, esses sujeitos que almejam entender-se devem de fato estar em um consenso na busca da verdade, não cedendo, simplesmente à argumentação do outro, mas, realmente, pelo seu convencimento racional a respeito do que estava sob argumentação, onde todos levam vantagem e evoluem ao encontro da possibilidade do acordo. A votação de uma assembleia nunca representa de fato o resultado do “entendimento” do grupo, mas, o resultado da soma das particularidades de uma maioria que vence. Não há, por tanto, sob esse ponto de vista, possibilidade de resultado consensual. Não se pode olhar para o outro com os olhos de fora, sem considerar o poder do filtro da fronteira da cultura, que, justamente, não permite que haja culturas colonizadas. Povos, civilizações podem - e o são - ser submetidos e colonizadas, culturas, não! Traços culturais se mesclam, mas, não se misturam. Daí essa mescla cultural em confronto e conflito nos dias atuais. Sob o filtro cultural se justificam ações; mata-se e morre-se. No ocidente, a imprensa chocada, procura agulha no palheiro que justifique ou condene os “valores” indonésios; levando em consideração a lassidão da justiça com outros tipos de crimes. Por lá, a sentença de morte vem sendo comemorada pelo povo e seu presidente aclamado até entre os universitários: “As execuções dos condenados vai mandar uma mensagem a todos os envolvidos com drogas de que a Indonésia é séria em combater esse crime. Eu espero que as pessoas entendam que estamos tentando salvar a Indonésia dos perigos das drogas”, afirmou o procurador-geral, como porta-voz do povo e da cultura indonésia. A Ética, contudo, é um valor e um categórico universal, o que é intercambiável culturalmente são a moral e os costumes. Matar não é Ético, mesmo que justificado pelos costumes de determinada cultura. O que o mundo, que precisa caminhar para a busca do entendimento dentro do patamar da Ética - e, que tem como valor universal a preservação da vida a qualquer custo - tem a fazer é continuar argumentando sobre esse direito inalienável. Afinal, apenados que somos com a sentença de morte desde que nascemos, deveríamos refletir em todas as instâncias se cabe ao homem interferir no prazo e na data já determinados por leis e força e poder bem maiores. Maria Angela Mirault – professora doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo http://mamirault.blogspot.com Publicado no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS, 22/01/2015

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Em nome de deus

Pobres mortais planetários que ainda não sabemos nada a respeito de Deus. Pobres de entendimento; orgulhosos que somos de nossas próprias verdades. Nosso Deus é sempre o Deus mais verdadeiro do que o dos outros. Nossa crença é sempre a única verdade a ser concebida pelos demais. E, em nome do deus que reverenciamos tudo podemos, e, o irmão deixa de ser o irmão, agora, é o antagonista, o equivocado, aquele que, por não ser como nós, não pensar como nós, principalmente, por não ser cooptado por nós, deve ser eliminado, em nome de nossa concepção de deus. E, incoerentemente, nosso deus precisa de nós para vinga-lo das ofensas e dos perjúrios. É assim que se justifica Karl Marx ao afirmar ser "a religião o ópio do povo” e de que "o caminho do inferno é pavimentado de boas intenções". Só! Pobres de nós, territorialistas, nacionalistas dementados e apartados por ideologias e cosmovisões diferenciadas, em um mundo que vê ruírem todas as suas fronteiras, com mais de 50 milhões de refugiados, vítimas de guerras e extermínio. Como é confortável justificar o absurdo. Como é fácil para espécie humana odiar. “Je suis Charlie” e “je ne pas suis Charlie”! “Je suis Charlie” quando constato que o crime hediondo cometido contra a liberdade de expressão ultrapassou o limite das pranchetas, dos computadores, da redação do hebdomadário Charly Hebdo e foi cobrado, em nome de deus, pela AK 47 de maneira tão banal, tão certeira e tão facilmente disponibilizada pela indústria do genocídio, não apenas, ao radicalismo jihadista. “Je ne pas suis Charlie” quando observo o desdobrar daquela fria manhã francesa e constato que a mesma liberdade de expressão não é concedida a quem ousa pensar diferente. Será que os líderes que marcharam à frente da multidão significavam mesmo a defesa da “liberté”, da “igualité”, da “fraternité”? Ou, o tempo nos evidenciará que cada um que ali estava expressava a sua concepção de liberdade em sua particularidade, cada qual por seu próprio motivo, seu próprio povo e por sua própria visão de mundo, de ideologia e de seu deus? Da mesma forma que o mundo livre comemora os 3,7 milhões nas ruas de Paris precisa agora entender aqueles que se declaram - para serem ouvidos - “je ne suis pas Charlie”. A França pode estar capitaneando o braço armado do racismo europeu, a discriminação ideológica, ao não tratar o caso do semanário com a devida contenção e ao tê-lo prostituído politicamente. Líderes políticos e religiosos que marcharam lado a lado de François Hollande – que já colhe frutos em pesquisa de popularidade interna em seu país - estão meio que atônitos com a capa da edição posterior à barbárie, do pasquim, que insiste em retratar Maomé, o irretratável, provocativamente. É fato que a União Europeia econômica e politicamente já foi pro ralo e que a Europa vem dando sinais evidentes de uma guinada sinistra para o extremismo da eugenia. É bom lembrar que, para essa Europa, somos todos macacos. Na segunda-feira, 6/01, anterior ao extermínio dos chargistas parisienses, 18 mil alemães já haviam ocupado as ruas, em Desdren, liderados pelo grupo político xenófobo Patriotas Europeus contra a islamização da Europa. Foi monumental a manifestação convocada pelo governo francês. A marcha de Paris tornou-se um ícone mundial de poder, de força política e de relações internacionais francesa, sem dúvida; talvez para o mundo. Mas, a verdadeira mensagem se configurará com o decorrer do tempo porque só os acontecimentos em desdobramento serão capazes de nos traduzir o que aquela multidão nas ruas de Paris estariam, verdadeiramente, dizendo, e, esperando. PORÉM, NADA, NADA, NADA, JUSTIFICA O CRIME COVARDE DOS IRMÃOS KOUACHI! Contra essa voz do inferno, não só “je suis”, como “je m’appelle Charlie”! Maria Angela Mirault – professor doutora em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo http:mamirault.blogspot.com Jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS, 17.01.15