domingo, 15 de março de 2015

Se não for por nós...

Bem! Nem bem saímos das eleições e já pudemos constatar que nada do que se diz em campanha precisa – e, não é! - ser cumprido pelos que vencem, governam, e legislam; os acordos partidários, os conchavos de gabinetes governam por nós, nas nossas barbas, lideranças voltam e ocupam seus mesmos lugares rotulados como novo, as custas de um gordo cachê. E, a gente engole! Nada a fazer! Parece mesmo que nada vai mudar. Mas, vai. Mesmo que nos custe muito. Se não construirmos as prenunciadas, mas, sempre adiadas, reformas políticas, o caminho será muito lamacento, pedregoso e doloroso, mas, mesmo assim, a transformação virá. Nas eleições municipais de 1996 (credo! Quase vinte anos), o candidato do PT perdeu do candidato do PMDB, por míseros 411 votos; não só uma vergonha, como um acinte! Dia seguinte fui a primeira a “adesivar” meu carro: “não vendi meu voto”. O protesto solitário se alastrou pelos familiares, amigos e pessoas que começaram a reproduzir a mensagem. Sem qualquer vínculo partidário, expressava o descontentamento de uma eleitora-cidadã com o resultado, sobejamente discutível daquelas eleições. À época, o PT inspirava a esperança nas mudanças de rumos político-governamentais, pipocando em todo o Brasil, visto a já constatação de que o PMDB - com o qual também fui às ruas pelas “diretas” - fracassara ao cumpliciar-se com o que havia de mais degradante na política brasileira, dando luz a famigerada “era-sarney (renan)”, em uma presidência forjada por acordos de bastidores políticos (e, militares), muito longe dos anseios do povo. Sarney não era legítimo, Tancredo não havia tomado posse! Engolimos. Bem! Nos bancos acadêmicos, instada filosoficamente por pensamentos considerados de esquerda, procurei instilar a circulação de mensagens nada conservadoras em busca do debate com meus discentes, seja na proposição de leituras, trabalhos, reflexões. Embora, dotada de princípios tradicionais oriundos da formação educacional familiar e nos bancos escolares, não posso me considerar uma observadora, ou uma militante da direita, consumidora de ideias conservadoras. Também não sou nenhuma alienada que não se lembre da era collor-itamar-fhc; no poder. É tudo farinha do mesmo saco. Bem! Minha adesão ás ruas, neste momento, não se dá em clamor ao terceiro turno, muito menos por apoio a este ou aquele partido político. Não sou “coxinha”! Aliás, nem sei o que essa pecha quer traduzir. Tampouco, sou militante da oposição ao “desgoverno-dilma”. sou a favor do meu país. Certa de que, a gente ainda vai ralar muito, antes de encontrar o caminho adequado, social, político e econômico que carecemos por merecer. Estamos tão desnorteados que se mistura alhos com bugalhos. A volta dos militares, nessa hora, por exemplo, não deveria, sequer, de ser cogitada. O caminho é árduo, é o do aprendizado, do ensaio e erro e das manifestações, sim, senhor, nas ruas. Bem! No Congresso, nas Assembléias, nas Câmaras não têm santos; tem de tudo um pouco. Mas, não vieram de Marte, todos que lá estão, foram colocados pelo maldito (ou, bendito) voto. De quatro em quatro anos, temos a chance de mudar tudo, mas, ainda nem temos consciência disso. Reforma política é a via das mudanças e não será fácil essa costura, mas, virá, mesmo que a conta-gotas. O Brasil não vai mudar e encontrar o seu destino de ordem e progresso assim de mão-beijada. O Brasil já está mudando, mesmo que primeiro tenha de passar pela desordem nas instituições que estão desmoronando a frente dos nossos olhos, ouvidos, nesse delivery da mídia em nossas casas. Se não for por nós, os cidadãos de bem, que optamos por trilhar o caminho árduo de um simples cidadão brasileiro, esclarecido pelas luzes da instrução – pedra bruta e conquista de poucos – não sairmos do nosso conformismo, da nossa omissão, da nossa vidinha mais-ou-menos, tudo ficará mais difícil, mais penoso. Chega de ser figurante, coadjuvante, busquemos o protagonismo dessa História, nessa hora, agora, nem que seja depois de um domingo, nas ruas de todo o Brasil. O Brasil para os brasileiros, é o que teremos de buscar, nem que seja á unha. Maria Angela Mirault Publicado no Correio do Estado, 17/-3/2015

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