segunda-feira, 23 de março de 2015

Corrupção, aqui, agora, não

Ela, “a corrupção é uma senhora idosa”, vociferou a presidenta! A dita e santa oposição raivosa enfureceu-se. “A corrupção é uma menina”, bramiu o deputado federal Ronaldo Caiado, pois, tem a idade do poder nas mãos do PT. É menina, não. Ela é velha; usa minissaia, maquiagem extravagante, bolsa Prada, joias Chanel; é gananciosa, e, sedutora, senta no colo de qualquer um que esteja revestido (ou, travestido) de um poder, reles que ”seje”. Porque é no poder que se conferem valores, crenças, ideologias dos que o ocupam e, muito cedo cedem à sedução da maldita senhora e logo aprendem a se locupletar dos seus mimos, a ela cumpliciados, munidos da força e dos golpes do canetaço. Corrupção da grossa é arrumar a vida dos parentes. Sem nenhuma pecha de que essa indicação vá marcar e denegrir nosso passado e nos envergonhar pelo resto da vida, jogando por terra todos os discursos e ações que nos levaram ao estado de poder: “Vôtche!”. Há na mídia recente sul-mato-grossense, um manifesto público divulgado e assinado pelos concursados do Tribunal de Contas do Estado – lugarzinho danado de bom, cujo canto da sereia já encantou inúmeras pessoas, uma em especial que havia ido longe demais, e, considerada uma ameaça política, foi presenteada com um carguinho básico e vitalício no bendito Tribunal - o céu de todo político em fim de carreira. Pra quê ser Senador da República, e negar-se a um presente tão dignificante? Engoliu-se. Engolimos. Fora a ideologia, as centenas de milhares de votos (o meu, inclusive), confiança do povaréu, discurso afinado com a ética... Para os galardoados, a vaga concorrida de conselheiro, para seus apadrinhados, um cargo de confiança com salários exorbitantes, num país que vai às ruas gritando contra a corrupção. Não somos palhaços! O jovem e recém-formado Felipe Nunes Modesto de Oliveira - diz a nota, é filho do deputado estadual Rinaldo Modesto de Oliveira, líder do governo Azambuja na Assembleía e sobrinho (sorte dele) da vice-governadora Rose Modesto de Oliveira (todos do PSDB!) - foi contratado, pelo Tribunal de Contas do Estado com o salário exorbitante de 12 mil pilas! Doze mil pilas, (alô, minha gente!) é, mais ou menos, o que um professor universitário com doutorado, depois de séculos de estudos, consegue ganhar nesse país de M...! Essa canetada gerou a indignação dos aprovados no concurso público realizado em 2013. São 198 pessoas (nem eu, nem ninguém das minhas relações estão nessa lista) botando a boca no mundo e que emitiu uma nota de repúdio, com todo direito e razão. Triste país em que o que se tem a fazer é proclamar aos ventos! Dizer as verdades pra ver se alguém toma alguma providência. A corrupção é na verdade uma senhora idosa que não nasceu com o PT. Verdade! Essa senhora frequenta os lupanares de todos as instâncias de poder, se escorrega nos colos de todo tipo de político e de todas as ideologias (esquerda, direita e centro); é, simplesmente, asquerosa e sem pudor. Vergonhosamente, agora, está no colo do governador do Estado de Mato Grosso do Sul, que compactuou com esse acinte, esse achincalhe, não apenas com os concursados, mas ferindo o estado de direito e à própria Democracia. Essa nomeação tem de ser revogada, em nome da dignidade e da ética dos palanques, que ainda ecoam aos nossos ouvidos, e com as quais se ganharam as recentíssimas eleições. Como assim, vai ficar por isso mesmo, e, um menino recém-saído das fraldas, por ter a sorte de ser filho de um deputado e de ser sobrinho da vice-governadora vai ganhar essa baba, sem nenhuma contestação? As mesmas tintas que já haviam apadrinhado nora e filha de ex-governador, tingem agora o papel que caneteou a nova contratação do filho do deputado. É inadmissível! “É vergonhoso, é asqueroso que atitudes inconstitucionais, ilegais e imorais como esta dentro da Administração Pública possa se repetir continuamente nesse Estado. A sensação é de que não há limites aos desmandos dos dirigentes públicos e políticos”, denuncia trecho da nota de repúdio. Parodiando o dito popular, em tempos bicudos, ou fartos, seja a farinha pouca ou muita, meu pirão primeiro. Infelizmente, a malfadada-presidenta tem toda a razão, “a corrupção é uma senhora idosa”, e, mais: sem vergonha, sedutora dos incautos, desprovidos de valores, de ética e de vergonha na cara, e que, por não ter o mínimo pudor, se faz presente, agora, aqui. Vergonha! Maria Angela Coelho Mirault

Nenhum comentário: