domingo, 14 de junho de 2015

BASTA DE TANTA OMISSÃO


Vitória - foi o nome que lhe deram, após ter sido seviciada e recolhida - morreu! Treze dias durou sua agonia em uma clínica particular de Campo Grande. Resgatada por dois anjos bons, que, solitariamente, se responsabilizam por animais de rua, Vitória trazia 60% do couro das costas arrancado e as patas fraturadas. A cadelinha da raça pinscher fora torturada por seres humanos como nós e permaneceu por 13 dias em agônico tratamento. As benfeitoras que a resgataram, agora, fazem apelo para pagar a conta da clínica que a atendeu. À tarde do domingo (14/6/2015) foi destinada á manifestação pública de protesto contra a recalcitrância de crimes como esse em nossa cidade. Neste caso, seus autore, se identificados – diz-se que eram usuários de drogas – arcará com multa administrativa (sic) de R$ 500 e R$ 3 mil. Só no primeiro dia de atendimento, a conta já estava em mais de 500.
Ter o coração trespassado a cada assassinato como este, já não basta, para mim. Recolher animais, providenciar tratamento e abrigo, participar de vaquinha para ajudar a custear as clínicas (e, são poucas as que acolhem um animal de rua!) que oferecem tratamento a esses desvalidos, também, não dá mais. Sair em uma tarde de domingo para protestar, não é solução, a não ser, imediata; não resolve, sequer, paliativamente, o problema gigantesco que a maioria das autoridades e dos concidadãos não quer ver.
Atribuem a Mahatman Ghandi a expressão de que “a grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados pela forma como são tratados os seus animais”. É claro que sim. Que sociedade somos nós que testemunhamos esses crimes, fazemos o que podemos em nosso ambiente restrito, convocamos ajuda financeira, vamos à praça protestar, mas, que não vai as vias de fato, em busca de uma digna e real solução do problema. Saibam todos que o Estado é responsável por seus animais. E, você argumentará, mas, também por crianças, por idosos, e o mais o quiser colocar nesse rol. Concordo com a omissão generalizada. Mas, o Estado, e, digo as Prefeituras Municipais são responsáveis, sim, constitucionalmente, pelos animais abandonados em seu território. Ações paliativas não darão conta; gente envolvida com a proteção animal, sozinha, não dará conta, eu, ou você e nós não daremos conta da demanda, se não formos ao cerne da questão: o município não pode apenas eliminar os cerca de 1200 animais de rua, por mês, em suas câmeras mortíferas do CCZ. Pessoas, munícipes, estão abandonando seus animais por diversas razões: muda-se para apartamentos e os abandonam; tem-se um bebê, em casa, os abandonam; adoecem e os valores cobrados pelas cínicas são inviáveis, os abandonam; ficam idosos, são abandonados. Como é que um pai de família, às vezes, desempregado, que não tem recursos para comprar um medicamento para um filho, vai arcar com a despesa de R$ 80 a consulta, fora a internação, fora o medicamento, em uma clínica particular? Com a (bendita!) lei de que não se pode mais sacrificar animais apenas por serem portadores da leishmaniose, os levarão ás centenas para as ruas; não há alternativa, o tratamento de um animal  contaminado pode ser exorbitante,  se tratado em clínicas veterinárias particulares.
Hospitais públicos veterinários municipais é a demanda da hora! Por incrível que possa parecer, pasme-se, há um lobby de proprietários de clínicas que são contra o atendimento público! Não podemos mais nos permitir a esse abuso; trata-se de uma questão de saúde pública, de humanidade, de progresso moral, de dignidade de um povo.
O FBI anunciou que a partir de 2016, as pessoas que cometerem atos de maus-tratos contra os animais serão agrupadas na mesma categoria dos assassinos nos Estados Unido e que o abuso de animais receberá uma nova categorização, sendo tipificado como “crime contra a sociedade”. As informações são do site Dog Heirs. O conceito de crueldade, para o FBI, se define na “execução intencional, com conhecimento de causa ou de forma imprudente de uma ação que maltrate ou mate qualquer animal sem justa causa, tal como a tortura, mutilação, atormentação, envenenamento ou abandono”.
Aqui, no nosso país, existem leis (Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998), está na Constituição (artigo 225). Recentemente, foi prevista a ampliação de pena, em projeto aprovado na Câmara, que vai para o Senado, de autoria do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
Conforme pesquisas do FBI cerca de 80% dos psicopatas começam os seus crimes cometendo abusos contra os animais, como já foi mostrado pela jornalista colaboradora da Agência de Notícias de Direitos Animais – ANDA - Fátima Chuecco, na série “Matadores de Animais”, que aborda o universo dos serial killers. No entanto, ainda não despertamos para essa gravíssima questão social, humanitária, moral, em nossa cidade. Ou matamos todos, via CCZ, ou, acordemos para os “casos vitória”. Não dá mais pra enxugar gelo. UPA veterinária e hospital veterinário municipal, já! Castração, responsabilização de tutores, denúncias, cadeia para os criminoso; apoio às entidades de proteção animal, responsabilização da Prefeitura, URGENTE! Chega de nhe-nhe-nhe, de passeatas, de tentativas domésticas e solitárias de solucionar tão grave problema. BASTA DE TANTA OMISSÃO!
Em tempo, o que vai acontecer mesmo com os assassinos de peixes do aquário?


Maria Angela Coelho Mirault