quarta-feira, 7 de junho de 2017

Faca nas costas


Sangue nos olhos. Ódio. Revide.
O que significa isso? Escolas com Partido (aparelhadas e partidarizadas); Escolas sem Partido (com a proposta infame de produzirem um ambiente escolar anódino), professores despreparados, diretores indicados politicamente, políticos e governantes omissos e ausentes, o que está acontecendo em nosso entorno, nossa realidade local, cujos fatos lhes dizem respeito? Fracassamos?  Por quê?
O professor esfaqueado; o professor agredido; o professor desrespeitado são uma mesma persona que a tevê nos traz, daqui e dali... O Brasil analfabeto, o Brasil violento e violentado (só perde pra Venezuela!) é esse mesmo: sofrido, saqueado, doente, combalido, ensanguentado, ao qual devemos prestar socorro e atender urgentemente, em uma Unidade de Terapia Intensiva! E sem ser romântica, idiota, ou insana: de forma patriótica e civilizadamente.
O Brasil, seus governantes, seus políticos, na fatídica quadra em que vivemos, espelham uma realidade assustadora, explicitadas pelos costumes que agregamos cotidianamente - como uma vacina poderosíssima – amalgamando e gangrenando nossa Cultura. Obviamente que a arrastada crise moral a que estamos subjugado, vitimados igualmente por iguais - que não vieram de Marte, e, que (muito desinformados e alienados) elegemos - tem-nos feito muito mal. Estamos febris, indignados, sofridos e desesperançados... quase à deriva.
O professor esfaqueado, em uma cidade do interior do Estado de MS, tentava - brandamente, - inibir o consumo de drogas, dentro, do campus escolar. O menor que se destacou do grupo, e que o seguiu, tem apenas 16 anos. O que é um menor dessa idade, em nossas casas? Estudam? Preparam-se para o Enem? Vão ao dentista... ao médico? Têm refeições regulares? Chegam à escola de carro? Vão ao cinema? Vêem tevê?  Têm amigos saudáveis e bem nascidos como os nossos? Talvez. Talvez, alguns dos nossos - nesse país indianamente de castas - com toda essa disponibilidade, cheguem à infração e ao crime. Muitos, não. Prosseguirão sua preciosa e pródiga vida.
Em conformidade com o psicoterapeuta, filósofo, pedagogo e teólogo, Bert Hellinger, criador da Terapia das Constelações Familiares, todos nos subjugamos a uma Ordem Sistêmica, cuja abordagem fundamenta-se em três princípios que, segundo ele, não apenas regem todos os relacionamentos, como a própria vida. Essas três leis precisam ser reconhecidas, respeitadas e vivenciadas, quer a reconheçamos, ou, não. Elas são.  Primeiro, todos temos a necessidade de pertencer a um lugar; “pertencer” a um sistema, a um contexto que nos é circunscrito. Segundo, ao pertencermos, precisamos reconhecer e obedecer a uma ordem, uma hierarquia dentro do sistema, aonde os primeiros, os mais velhos, os ancestrais, precisam ser reconhecidos, respeitados e reverenciados. Por fim, temos a necessidade do equilíbrio, entre o bom dar e o bom receber. Para o estudioso alemão - com inúmeras obras publicadas e de reconhecimento mundial - ao pautarmos nossos vínculos e relacionamentos a essa Ordem, estaremos em consonância com as Leis da Vida, curando-nos e ajudando a curar nossa própria sociedade.
Com certeza, o sistema familiar-educacional do agressor seja, ou esteja totalmente esfacelado. Com certeza, o agredido que quase perdeu sua vida, em sua abordagem de policial, denote a perturbação da ordem que nos solapa: em casa, nas ruas, nas instituições. Porém, experimentamos no útero materno a doação da vida que nos dota para a plenitude, a prodigalidade e o êxito. Voltar nossas atenções para o doente e as doenças que nos tornam personagens: perpetradores e vítimas, precisa ser nossa preocupação e missão nesse ambiente caótico a que estamos nos acostumando a viver. Com a faca nas costas, olhos vermelhos, doentes e claudicantes, precisamos tirar o país da UTI. Façamos a nossa parte, em nosso lugar de pertencimento no mundo, segundo as Leis de Hellinger que, pelo menos, nos indicam um caminho a seguir: pertencimento, hierarquia e equilíbrio.


Em 07/06/2017
 Maria Angela Coelho Mirault
Professora, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo

http://mamirault.blogspot.com.br/
Publicação no jornal Correio do Estado, 9/06/2017

Faca nas costas


Sangue nos olhos. Ódio. Revide.
O que significa isso? Escolas com Partido (aparelhadas e partidarizadas); Escolas sem Partido (com a proposta infame de produzirem um ambiente escolar anódino), professores despreparados, diretores indicados politicamente, políticos e governantes omissos e ausentes, o que está acontecendo em nosso entorno, nossa realidade local, cujos fatos lhes dizem respeito? Fracassamos?  Por quê?
O professor esfaqueado; o professor agredido; o professor desrespeitado são uma mesma persona que a tevê nos traz, daqui e dali... O Brasil analfabeto, o Brasil violento e violentado (só perde pra Venezuela!) é esse mesmo: sofrido, saqueado, doente, combalido, ensanguentado, ao qual devemos prestar socorro e atender urgentemente, em uma Unidade de Terapia Intensiva! E sem ser romântica, idiota, ou insana: de forma patriótica e civilizadamente.
O Brasil, seus governantes, seus políticos, na fatídica quadra em que vivemos, espelham uma realidade assustadora, explicitadas pelos costumes que agregamos cotidianamente - como uma vacina poderosíssima – amalgamando e gangrenando nossa Cultura. Obviamente que a arrastada crise moral a que estamos subjugado, vitimados igualmente por iguais - que não vieram de Marte, e, que (muito desinformados e alienados) elegemos - tem-nos feito muito mal. Estamos febris, indignados, sofridos e desesperançados... quase à deriva.
O professor esfaqueado, em uma cidade do interior do Estado de MS, tentava - brandamente, - inibir o consumo de drogas, dentro, do campus escolar. O menor que se destacou do grupo, e que o seguiu, tem apenas 16 anos. O que é um menor dessa idade, em nossas casas? Estudam? Preparam-se para o Enem? Vão ao dentista... ao médico? Têm refeições regulares? Chegam à escola de carro? Vão ao cinema? Vêem tevê? Vão ao cinema? Têm amigos saudáveis e bem nascidos como os nossos? Talvez. Talvez, alguns dos nossos - nesse país indianamente de castas - com toda essa disponibilidade, cheguem à infração e ao crime. Muitos, não. Prosseguirão sua preciosa e pródiga vida.
Em conformidade com o psicoterapeuta, filósofo, pedagogo e teólogo, Bert Hellinger, criador da Terapia das Constelações Familiares, todos nos subjugamos a uma Ordem Sistêmica, cuja abordagem fundamenta-se em três princípios que, segundo ele, não apenas regem todos os relacionamentos, como a própria vida. Essas três leis precisam ser reconhecidas, respeitadas e vivenciadas, quer a reconheçamos, ou, não. Elas são.  Primeiro, todos temos a necessidade de pertencer a um lugar; “pertencer” a um sistema, a um contexto que nos é circunscrito. Segundo, ao pertencermos, precisamos reconhecer e obedecer a uma ordem, uma hierarquia dentro do sistema, aonde os primeiros, os mais velhos, os ancestrais, precisam ser reconhecidos, respeitados e reverenciados. Por fim, temos a necessidade do equilíbrio, entre o bom dar e o bom receber. Para o estudioso alemão - com inúmeras obras publicadas e de reconhecimento mundial - ao pautarmos nossos vínculos e relacionamentos a essa Ordem, estaremos em consonância com as Leis da Vida, curando-nos e ajudando a curar nossa própria sociedade.
Com certeza, o sistema familiar-educacional do agressor seja, ou esteja totalmente esfacelado. Com certeza, o agredido que quase perdeu sua vida, em sua abordagem de policial, denote a perturbação da ordem que nos solapa: em casa, nas ruas, nas instituições. Porém, experimentamos no útero materno a doação da vida que nos dota para a plenitude, a prodigalidade e o êxito. Voltar nossas atenções para o doente e as doenças que nos tornam personagens: perpetradores e vítimas, precisa ser nossa preocupação e missão nesse ambiente caótico a que estamos nos acostumando a viver. Com a faca nas costas, olhos vermelhos, doentes e claudicantes, precisamos tirar o país da UTI. Façamos a nossa parte, em nosso lugar de pertencimento no mundo, segundo as Leis de Hellinger que, pelo menos, nos indicam um caminho a seguir: pertencimento, hierarquia e equilíbrio.

Maria Angela Coelho Mirault
Professora, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo

http://mamirault.blogspot.com.br/