quinta-feira, 19 de maio de 2011

QUALIFICANDO UM CANDIDATO



Foto THIAGO MOSER

As muito próximas eleições já se abeiram a 2012, quando seremos novamente convocados a cumprirmos nossas obrigações eleitorais. Embora, até lá, a recente legislação já esteja valendo, tenho cá as minhas dúvidas se, nós, os eleitores, já teremos aprendido. Apesar do reconhecimento de que muita coisa pode ter melhorado com a nova lei, creio que, em grande proporção, continuaremos votando errado e elegendo quem não deve, não merece e não poderia ser eleito, e, que, até aprendermos, continuaremos únicos responsáveis pela política brasileira e nossos políticos serem exatamente como são.
Antecipando-me à campanha do ano que vem, quero, desde agora, qualificar um candidato que justifique meu comparecimento às urnas. Em princípio, meu voto será dado a quem, pautado na ética, garanta transparência de gestão e prática, tanto em sua vida privada quanto na pública. Será para quem anunciar comprometimento com a promoção da meritocracia funcional e prometer não formar quadrilhas de incompetentes, nomeando cabos-eleitorais, sustentados com nossos impostos, para gerirem nossos problemas e interporem soluções a partir de suas limitadas convicções. Será para aquele que apresentar um programa de governo voltado a uma educação decente, a partir do qual, creches funcionarão ininterruptamente e terão funcionários capacitados e suficientes, provendo as nossas crianças de cuidados permanentes. Nesse programa de governo estará explicitado, como prioridade urgentíssima, derrubar, queimar e salgar o chão dos anexos de lata (os containers) de algumas escolas públicas municipais, onde crianças torram em uma tortura diária a guisa de educação. E, por conta disso, com essa pasta entregue a gestão competente de um educador, as anacrônicas e caríssimas cartilhas que estão em uso para alfabetização serão abolidas, professores serão competentes, valorizados com salários e carreira decente. O ensino fundamental obrigatório - dever municipal – buscará incessantemente alcançar a média 6 e deixará de dar vexame em sua avaliação periódica junto ao MEC.
Meu candidato à prefeitura será aquele que anunciará seu comprometimento com a saúde, assumindo-a como ponto de honra de sua gestão, multiplicando e aparelhando os postos de atendimento, que terá corpo médico de competência comprovada e dignamente remunerada; quem sabe, buscando recursos federais (até) para a construção de um hospital municipal. Esse candidato, conhecedor de que o transporte público é uma concessão, comprometer-se-á a deslocar-se de ônibus, por algum tempo, para sentir o que é fazer parte dos “sem carro” para, desse modo, compatibilizar o número de linhas e quantidade de coletivos, com a demanda dos usuários, e, não, somente, sob a perspectiva dos empresários. Para isso, atentar-se-á ao devido planejamento urbano das vias públicas e a adequada ocupação do uso do solo e tomará medidas muito mais eficazes do que as impostas, simplesmente, pela indústria da multa, reduzindo, com isso, acidentes previsíveis. Será aquele que enxergará a poluição urbana imposta pelos tapumes publicitários - que agridem cotidianamente nossos olhares e mentes, interpondo-se a nossa já tão desprivilegiada paisagem urbana - e os restringirá, independente de qualquer objeção e pressão.
Meu candidato a prefeito terá que prometer derrubar, em eventos múltiplos e públicos, TODOS os monstrengos “monumentos-pastilhados-informativos-ideia-de-sei-lá-quem” que propagandeiam e numeram (já estamos no segundo milhar), desnecessária e abusivamente, as óbvias e obrigatórias intervenções da prefeitura na cidade; prática essa que vem se perpetuando desde o primeiro mandato do antecessor do atual prefeito. Comprometer-se-á a manter nossa cidade asfaltada e limpa sem precisar anunciar e fazer propaganda disso; olhará nossa cidade, repleta de bares, mas rarefeita de praças e as fará florescer em todos os lugares. Retirará imediatamente a trapizonga que serve às festividades natalinas (e só), no mais caro e valorizado espaço urbano da cidade e o ocupará com finalidade mais útil e ecologicamente mais compatível com o local.
Sobretudo, meu candidato será aquele que aceitará as críticas do cidadão comum como pontos de vista que devem merecer consideração e para isso instituirá ouvidorias que ouvirão, de fato, o cidadão- contribuinte-eleitor e a ele responderá e prestará contas. Se, esse candidato surgir no horizonte de 2012, pleiteando o meu voto, ele obterá. Pois, farta como muitos, não quero mais me responsabilizar pelos maus políticos e suas desditas que mantém o status quo da política brasileira. Começando daqui, do meu lugar, fazendo valer o meu voto.

Maria Angela Coelho Mirault – eleitora
http://mamirault.blogspot.com
Publicado no jornal Correio do Estado, Campo Grande, MS, 28.05.2011
mariaangela.mirault@gmail.com

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