domingo, 28 de fevereiro de 2016

Macro Economia Ecológica e Universal


Há um despertar de sombras que nos emergem das entranhas a cada notícia escabrosa. Cada vez mais estupefatos, deparamo-nos com o ser mais primitivo que persiste em habitar em nós e a lastrear nossa Humanidade. E esse ser bestial – que, aí, nos enxergamos ser - quer, antes da justiça, vingança! Não matarás! Quem pode assegurar para si “o não matarás”? Estamos nos matando e sendo mortos a toda a hora, dentro e fora de casa: na seleção aviltante e real por uma vaga na UTI; no trânsito; nas almas que se confrontam; na dor do outro que nos alcança cotidianamente; na dor solitária que enxameia nosso coração; no facebook! Estamos nos odiando e vociferando nossas opiniões, pelas pontas dos dedos esquizofrênicos; proclamando todas as nossas verdades, enquanto hienas poderosas e no comando saqueiam nossa carne; vendilhões do templo em todas as instâncias e poderes nos exploram. A omissão, a conivência, a cumplicidade são generalizadas (meu pirão primeiro). Estamos num redemoinho de desespero e dor. Está cada vez mais difícil ser de fato um cristão, nesses dias. Àquele que deve dar a outra face – mas, não dá; que tem de perdoar – mas, não perdoa; que tem de ter compaixão – mas, não a tem. No entanto, os templos continuam cheios de devotos.
O mundo enlouqueceu e não há crença, ideologia, lógica que resistam e deem conta da realidade que, a todo instante, nos viola a alma (se é que a temos). Acontecimentos inimagináveis, cada vez mais assustadores, nos prenunciam o que ainda está por vir, já amanhã de manhã, ao ligar a tevê. Não há escapatória, ao lado das catástrofes naturais que nos assolam, o ranger de dentes apocalíptico está na ordem do dia: salvem-se quem puder! Somente os alienados, os cínicos e as “polyanas” são, idotamente, felizes; os ignorantes, talvez; os ineptos; os ruins da cabeça... Alguns de nós, não!  
Somos, hoje, uma nação estupefata de zumbis; estamos mortos, inertes, saindo de um carnaval sem nexo, que ocupou as ruas de todo o país, movidos à instantaneidade dos sentidos hedônicos, enquanto, no mundo real, tudo continuou, continua e continuará no mesmo colapso, imersos na mesma lama de Mariana que toma todo o país e que nos rouba o fôlego, ao chegar às narinas do corpo e do espírito.
Bandidos milionários e blindados chegam do exterior e posam seu escárnio para o instantâneo midiático; escárnio da gente, da polícia e da própria justiça. Sérgio Moro, o justiceiro, e sua equipe corajosa desnovelam fios de meadas emaranhadas, e escrevem, todos os dias, a Verdadeira História de um país totalmente de nós desconhecido, delação após delação. Nunca precisamos tanto de bandidos para que, ao delatarem seus comparsas, desvendem-se crimes, antes, só do conhecimento em suas esferas de poder e de ganância. Canalhas poderosos, semideuses e muito ricos, entram e saem da carceragem, com, ou sem, tornozeleira, presos em seus luxuosos e confortáveis domicílios, ao lado de suas famílias angelicais.
Idiotas assumem lideranças que não lhes foram dadas e conclamam a população “a apoiar Sérgio Moro” – sem se deram conta de que Moro não precisa de nós. Somos nós - os que veem e estão fartos de tudo - sobreviventes, quem precisamos de Moro, de sua equipe notável, do corajoso colégio de promotores, dos valorosos integrantes da PF; do “japa” conduzindo mais um a Curitiba.
Sobretudo, existe uma demanda que vem de uma origem extraterrena; uma demanda que vem de uma Economia não aprendida nem ensinada nas escolas, no catecismo, nas aulinhas partidárias, nem nas universidades, quiçá em nosso planeta. A Economia que é parte imponderável da lei imutável da vida, na qual todo negócio, toda transação, têm um preço e esse preço é absolutamente justo porque vem de uma Lei Maior: de Igualdade, de Equilíbrio e de Justiça. Obviamente, não me refiro às mequetrefes leis-das-pregações-religiosas, sustentadas pelo medo, pelos escambos e oferendas. Refiro-me a uma Lei, ainda, de poucos conhecida - mesmo de Moisés e das religiões constituídas, após suas Tábuas da Lei. Refiro-me a uma Lei que vem da Física e que rege toda a matéria; toda energia. Nesta Macro Economia, Ecológica e Universal - a qual estamos todos submetidos - acreditemos, ou não – tudo tem sua medida certa. Tudo tem consequência. Demanda e oferta estão a todo tempo submetidas à balança do equilíbrio, e, em assim sendo, apesar do colapso, do holocausto e das dores quase  insuportáveis do dia-a-dia, a Justiça prevalecerá.

Maria Angela Mirault- professora doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo.
http://mamirault.blogspot.com.br
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Jornal Correio do Estado, Campo Grande/ MS: 07.03.2016

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