terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Previsão para 2030 o caos no Brasil

Previsão catastrófica para 2030 Em 2030, o caos terá se instalado em todo o Brasil. O modelo insistentemente mantido reiteradamente pelo Sistema Educacional Brasileiro nos conduzirá ao caos. Não é possível que a bolha educacional brasileira continue a obnubilar nossa racionalidade. Chega a ser assustadora a constatação do Ipea de que 50% de brasileiros desempregados têm mais de 11 anos de estudos. Esse dado aliado ao colhido pelo PNaD - Pesquisa Nacional de Domicílios - do IBGE – de que entre 2011 e 2012 , 867 mil brasileiros receberam um diploma, na verdade, indicam que, no Brasil, os anos de estudos não garantirão o emprego e uma vida digna para a maioria desses diplomados. Embora o desemprego de jovens tenha escala mundial, no Brasil é um caso endêmico. Os recém-formados pelas “pocilgas-acadêmicas” e os EADs (o malfadado ensino à distância; a “universal” dos cursos superiores) replicados em todo o território nacional não terão qualquer chance de colocação por várias razões. A principal é a de que seus egressos não atenderão ao patamar mínimo de qualificação para a empregabilidade. Primeiro porque foram ludibriados desde o ensino fundamental – público, ou particular. Ano a ano, a facilitação do sistema e o descuido de todos os agentes envolvidos os conduziram ao mau ensino médio. Sem as mais básicas condições de prosseguir, prosseguiram, porque, em tempo hábil, nada nem ninguém os terá detido. Sob a facilitação do falido Sistema Educacional Brasileiro, a cumplicidade e a omissão de professores ineptos, insatisfeitos, coniventes, relaxados e mau remunerados, aliados ao sistema de cotas e ao malfadado procedimento do Enem, grande maioria chegou, cursou e concluiu um curso superior de baixíssima qualidade, disseminado, de qualquer jeito, em todo o país. Nesse sorvedouro onde todos têm sua parcela de culpa, o indivíduo que queria ser engenheiro, ou médico, pela pífia classificação no ENEM (e pelas cotas), vai cursar pedagogia, artes plásticas, comunicação (jornalismo, publicidade), por exemplo. Para se ter uma ideia consistente sobre isso, após o sucateamento das universidades públicas federais imposto pela política neoliberal implantado no país, ainda, antes do PT – mas, por ele mantido, aperfeiçoado e multiplicado exponencialmente - em 2000, o Brasil tinha pouco mais de mil instituições de ensino superior, agora, são 2.416. Destas, (socorro!), 2.112 são particulares; verdadeiras indústrias da má-educação com a única finalidade de enriquecimento de seus proprietários, o engodo da população jovem estudantil, e, consequentemente, o empobrecimento do próprio país. Faculdades e cursos foram autorizados e reconhecidos aleatoriamente, Brasil a fora, sem a mínima qualificação docente e estrutural. Daí, que, excetuando as poucas instituições brasileiras de qualidade inquestionável, constatou-se mediante pesquisa que nossos cursos superiores estão formando verdadeiros analfabetos funcionais, em todas as áreas, da medicina ao direito, da engenharia à dança, à culinária. Segundo a classe empresarial, essa “geração do diploma” não responde ao mínimo esperado pelo ciclópico mercado mundial, ignorantes que são das mis comezinhas regras básicas da linguagem. O índice de analfabeto funcional com diploma de curso superior no Brasil chega a 38% (segundo o Instituto Paulo Montenegro (IPM), vinculado ao Ibope). Esse alarmante, escorchante e vergonhoso dado significa que dentre dez universitários no país, quatro conseguem ler um texto simples, mas são incapazes de interpretar e associar informações; não conseguem elaborar contas mais complexas do que as quatro operações, nem analisar tabelas, gráficos e mapas. Um absurdo! Uma verdadeira catástrofe (invisível) para o futuro do país. Não é por acaso que a docência seja reconhecida hoje como a “profissões mais patéticas do Brasil”, como descreveu a escritora Vanessa Barbara, em artigo publicado no NYTimes no dia 16 de dezembro. As previsões para 2030 não poderiam ser piores, e, se você é uma das vítimas, conscientes, ou não, desse sistema e flanou, com facilidade entre o fundamental e um mau curso superior, agora, perdeu! Perdeu o seu futuro, porque, assim como você, egressos dessa abominável bolha educacional, milhares de estudantes, deparar-se-ão com uma realidade cruel e irreversível: (1) parte não conseguirá trabalhar na carreira pretendida, (2) outra terá de se submeter ao que aparecer e deixar seus sonhos (se é que têm) de lado, e, (3) muitos outros não conseguirão emprego algum no chamado mercado formal. Contudo, esse é o Brasil que construímos; que deixamos fazer e nos alienamos em intervir. Esse é o país que projetamos desde já para 2030. Diante dessa previsão, não dá para passar em branco e deixar pra lá. Maria Angela Coelho Mirault - professora, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo; do corpo de avaliadores de cursos e instituições de ensino do INEP/MEC: mariaangela. mirault@gmail.com .

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