quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tira a bunda da cadeira

Viver está de amargar. Às vezes nos parece que está tudo fora de controle e próximo da mais completa regressão e anomia. As instituições não são uma entidade coletiva a que se possam atribuir desditas e falhas oriundas dos componentes do sistema. Todo sistema, por mais fechado que intente ser, para se manter vivo e operante, precisa dialogar, comunicar-se, com o seu exterior; mecanismo esse proporcionado por fronteiras que permitem esse contato. Enquanto se mantiver fechado e resguardado por escolha dos seus componentes, mais cedo ou mais tarde, pelo próprio processo físico da termodinâmica, será levado mais cedo ou mais tarde ao irreversível processo de entropia e morte. É lei. É física. Quando, nós, cidadãos comuns, externamente, identificamos e generalizamos a contaminação de um sistema é porque a deterioração está se exteriorizando e muito próximo do ponto de ebulição. Temos presenciado descalabros sociais, “nunca dantes vistos nesse país”. O sistema político brasileiro, por exemplo, está contaminado de tal forma, que grande parte da sociedade com capacidade de discernimento passou a ter como verdade opinativa, o bordão de que “todo político é corrupto”; de que “a política não serve para pessoas de bem”. O sistema judiciário brasileiro e sua gama sem fim de possibilidades de recursos gera na sociedade a percepção de que o crime compensa, a impunidade é padrão; danem-se as leis e os bons costumes. A generalização dessa concepção gera a desesperança, e, em casos mais agudos, o desespero e o caos. É certo que o próprio sistema, em seu inexpugnável processo entrópico, por si só, gerará suas próprias mudanças, mas, antes, provocará muito desgaste e dor. É também da lei da física que todo caos entrópico de um sistema dará origem a uma nova ordem sistêmica (graças a Deus). Mas, para que mudanças ocorram, antes será preciso que se esgotem os arcaicos modelos do passado para que novos paradigmas e novas verdades sejam adotados. A Ética por ser um categórico universal intrínseco ao indivíduo em uma sociedade, não é cambiável. Nossos valores e costumes serão éticos, ou não. Ocorre que, por serem constituídas por individualidades éticas, ou não, as instituições, enquanto sistemas entrópicos serão – e se apresentarão à sociedade (sistema maior) da maneira como esse movimento interno de individualidades dela o fizer (identidade e imagem). Daí, o corporativismo ser um mal à sociedade de hoje, porque o corporativismo abona a falta de ética de um dos seus componentes, o absolve e o absorve, mantendo-o no sistema. É o que tem acontecido com o PT com relação aos criminosos condenados do mensalão, guindados ao patamar de heróis por seus iguais. Enquanto não formos capazes de nos igualar no patamar da eticidade, contratos são as regulações necessárias aos relacionamentos. Leis – e seu cumprimento - são necessárias para regular as individualidades anômalas conviventes de um sistema maior. Quando um indivíduo quebra unilateralmente as normas do sistema ao qual aderiu, o sistema se deteriora e caminha mais rapidamente para a anomia. Só nos resta, nessa conjuntura crítica de valores morais, nos negarmos em aceitar que a falta de caráter prevaleça, exigindo e fazendo valer a integridade da pessoa vilipendiada. Essa revolução pacífica e branca pode ser custosa, desgastante, aterradora, mas, bastante poderosa. Porque, sempre que um de nós, ao invés, de aceitar o status quo, nos levantarmos contra tais quebras de condutas, estará contribuindo para a melhoria do próprio sistema contra o qual nos levantamos, e, por conseguinte, saneando a própria sociedade. Não esmoreçamos. Há leis e procedimentos que nos respaldam. Tiremos a bunda da cadeira, já. OS: Este artigo foi inspirado pela má conduta de um indivíduo médico que, unilateralmente, considera ter o direito e o poder de quebrar regras do contrato feito pelo sistema ao qual é credenciado com um conveniado de um Plano de Saúde. Mas, ele não tem esse poder, e, decididamente, não pode e não o fará! Maria Angela Coelho Mirault, em 05 de fevereiro de 2014 Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo http:mamirault.blogspot.com

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