terça-feira, 14 de outubro de 2014

Onda de mundanças com quem cara-pálida

“O burro usa a força, o inteligente usa a inteligência... o esperto contrata os dois e ganha dinheiro”. Assim expressou-se o arquiteto Celso Costa - um ilustre campo-grandense em sua linha do tempo do facebook. É exatamente isso o que estamos presenciando nesse segundo turno das eleições, em Mato Grosso do Sul. O que está delineado, hoje, para o eleitor que não quer – e, não deve – abster-se de escolher entre as duas candidaturas postas à mesa; ambas indigestas para quem tem dois ou mais neurônios, algum princípio democrático, ética, honra. Vejamos. O Brasil - provavelmente, só com Aécio seja possível – necessita sair do blá-blá-blá e de sua barbárie já tão cotidiana, e promover urgentemente a bendita Reforma Política. Olhe amigo leitor, a que nos levou a distorção permissiva e - pasme! – legal de duas imoralidades, ou amoralidades eleitorais, dentre outros retalhos permissivos pelo TSE: (1) o instituto maldito da reeleição (legado à nação brasileira, as custa de um Congresso comprado à época pelo governo de FHC) que mantém (e quer se manter intramuros da Papuda) o poder federal em mãos manchadas de petróleo e dinheiro de doleiros, dentre outros crimes, e, (2) a permissividade dos acordos e pactos (me recuso a chama-los de alianças) de partidos políticos de todas as cores e ideologias, custe o que custar e que junta alhos com bugalhos. O PMDB de André Puccinelli rachado com o PMDB de Nelson Trad Filho perdeu duas eleições nesses últimos dois anos; nesta, salvaram Simone Tebet, elegeram alguns deputados. Ponto final; foi o que o povo quis! Mas, não, eles, mesmo rachados - mas, não subjugados nem rendidos - querem mais, querem governar, querem se manter no poder e, curiosamente, parte (com autorização do capitão André) bandeia-se para dar apoio à candidatura Azambuja, enquanto alguns já rebelados no primeiro turno seguem orientações de André apoiando e trabalhando para Delcídio. Não importa mais saber quem dos quais está com quem, nessa reflexão: ele - o PMDB- estará no governo com toda sua presença, pujança, interferência e “modus operandi”; seja quem for que você escolha no próximo dia 26. No Planalto eles já governam desde a primeira era Lula que se anunciou como a opção de mudança enganando-nos a todos e compartilhando todos esses anos do mesmo prato de Renan, Sarney, Collor e Barbalho. Assim continuará, se Dilma ganhar esse segundo turno e, talvez, estertorando-se ainda, até se imponham a Aécio (com menor fúria, espera-se!). Estamos vivendo um processo eleitoral esquizofrênico, no qual a lucidez, a consciência de cidadania política, o conhecimento da história político-social tem pouco o que fazer. A verdadeira classe média, dita elite pensante vai se ferrar de novo! Nós os sabidos, os que querem um país e um mundo melhor, ficaremos a margem de novo, só com o ônus e sem o bônus. Os analfabeto políticos e funcionais, os que se vendem e os que compram: os burros e inteligentes estarão no poder e ganharão essa eleição. Esse emaranhado, esse encruzilhamento, esse cumpliciamento político vai redundar em um índice maior ainda de abstenções e de nulidade de votos neste segundo turno, com margem de erro, ou não. Não é porque o capeta quer apoiar que se deve aceitar, pois, obviamente, ele vai nos levar para o meio dele, e o meio dele, todos sabemos, é o inferno. Azambuja vai colher esse cumpliciamento na derrota nas urnas, ou, em sua gestão e, aí, sim, comerá o pão que o diabo amassou servido por esses agregados. Delcídio, embora represente o continuísmo petista, livrou-se dessa roubada; terá mais chances agora, enterrando de vez parte dessa dinastia PMDB. O candidato que prenunciava, no primeiro turno, uma “onda de mudança” contra o candidato do “continuísmo do PT”, agora inverte a lógica, apoiado (contaminado, subjugado, cooptado, aviltado) pelas forças retrógradas que governam esse estado e sua capital há pelo menos duas décadas. Se a coligação de Azambuja “fortalecida” (?) pelo PMDB de André (via Nelsinho) ganhar este segundo turno, foram-se as mudanças com vistas à modernidade de gestão, pois, tudo ficará como dantes. E, como pactos não podem ser quebrados, André reinará! André, o esperto, engolirá Azambuja, o ingênuo! Os tentáculos do partido que já se apresentam nas adesivagens de rua, nos eventos públicos - cujos sorrisos partidários prenunciam a tomada da “bastilha” - prenunciam o retrocesso governamental a que estaremos fadados, em Mato Grosso do Sul, caso esse PMDB ganhe no tapetão. Mas, pergunto de baixo da minha insignificância: não foram eles que, mal avaliados, já perderam pro Bernal, o prefeito cassado, a eleição em 2012, na capital? Não foram eles que agora também mal avaliados perderam esse primeiro turno das eleições? O que os move a apoiarem o ingênuo candidato Azambuja, em detrimento do mais bem avaliado Delcídio do primeiro turno? No caso local, a mudança estaria com o PT? Seria Delcídio o antídoto contra o retrocesso de André e Nelsinho e toda a sua corte de paus-mandados? Com quem está agora a bandeira da “Onda de mudanças”? Quem é o burro? Quem é o inteligente? O esperto bem já se sabe quem o é. Refeição indigesta nos será servida neste segundo turno, mas, não deixemos de dar a nossa opinião, comparecer as urnas e deixar registrada nossa participação, cidadãos livres que somos. E, seja lá o que Deus quiser! Maria Angela Coelho Mirault Professora Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo http:// mamirault.blogspot.com.br

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