terça-feira, 30 de agosto de 2016

“Deu pra ti...


            ... baixo astral, vou pra Porto Alegre. Tchau!” cantarolou o pastor-cantor-senador, ao final de sua indicação de voto pelo impeachment, nesse penúltimo dia do incomensurável mês de agosto, que, finalmente, acaba, justamente, agora, despachando Dilma, a ré, para os confins. Senhoras e senhores ocupantes do primeiro, segundo e décimo escalão arrumem suas gavetas; acabou!  Sua Excelência Dilma foi demitida, para o gáudio e o bem do País! Que venha a Primavera! Que venha o Natal! Viramos a malfadada página; o Brasil é outro, pelo menos, nós, com certeza, muito melhores sem o mando e os grilhões ideológicos que nos impuseram e que contaminaram todas as instituições públicas, (ongs) e privadas. Obviamente,  muitos neurônios se arrastarão na trilha da destruição, mas, eles, também se aquietarão, na letargia do tempo. Encontrar-nos-emos nas eleições de 2018, quando conferiremos a força dos asseclas que tentarão manter a chama, por intermédio da voz das urnas das eleições presidenciais, e, um pouco de baderna pelas ruas.
            “Tchau, querida” pré-anunciou o granpeado interlocutor, há alguns meses. É o fim de uma era! O fim de um império! Fim de um domínio; de uma mentira. Chega! Seu nome, ex-celência, ficará nas prateleiras dos livros de história, apenas, marcado como a primeira presidenta a enfrentar uma janaína-virada-de-frente e que, como bem disse, em seu libelo final, não poderia poupá-la só por questão de gênero, por ser mulher. Foi patética sua apresentação (hem?), ex-celência? Seu desempenho só virou piada nas redes sociais: do modelito-sofá, aos estapafúrdios e desconexos raciocínios.  "Se Dilma fosse CEO de uma empresa e fizesse um discurso desconexo ela iria para o departamento médico",  já afirmara o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, em 2015, no site da tveja, entrevistado por Joice Hasselmann. Não foi ao departamento médico, preferiu pagar mico no Senado. Expôs sua lógica deficiente, seu desequilíbrio mental e emocional, durante as 14 horas em que durou a sessão. Do balcão dos convidados, pelo semblante abobalhado de um Lula, arrasado, podia-se deduzir: ”como é que eu pude?...” Saiu cedo, toalha no chão... Chico - o parisiense - sequer tirou os óculos, pra esconder os olhos vermelhos de chororô, da cachaça, ou...de coisa mais forte. Cumpriu tabela. Tabela de idiota, do mito-de-pés-de-barro, com o bilhete para Paris já no bolso, certamente.
Na refrega da rinha lá embaixo, as “galinhas-de-briga incontidas” contidas pelo protocolo imposto pelo surpreendente Lewandovski - assessorado pela bela assistente judiciária - que deu uma guinada histórica, não se permitindo enxovalhar sua honra, enquanto, Renan-reinando-soberano - depois do ataque frontal da sessão anterior - a tudo assistindo com o sorrisinho de paisagem estampado em seu enigmático (e, até assustador) semblante. Estávamos no reino da Cuca! Assistíamos a um espetáculo circense: do púlpito, a senadora petista reclamava da Globo porque estava ensinando como fazer ovo cozido naquele horário (que desrespeito!). Nós, dazelite, pela tevê de assinatura... an passant, o dia todo assistindo a tudo.
“Amanhã vai ser outro dia”, “Deu pra ti, baixo astral...Tchau, querida!” Finalmente, Dilma está FORA! Conseguimos! Sigamos, então. Vejamos - e enfrentemos - o que vem por aí, com Temer e Meirelles... Depois dessa longa agonia, a gente aguenta.


Maria Angela Coelho

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