quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Em nossas mãos e títulos, Campo Grande!


            Dizem que a eleição de Bernal, sobre Azambuja, deu-se desde o primeiro turno, de maneira estapafúrdia e negociada. Dizem que se elegeu pelos votos de rejeição, e, ou, apoio (ou, retirada de) dos coligados, no segundo turno. Da mesma forma, a eleição de Azambuja, para o governo do Estado, ganhou força na coligação capitaneada por Nelson Trad Filho (PMDB) – no caso, o rejeitado era Delcídio do Amaral (PT).
            Vivemos o tempo da eleição da Rejeição. Não sabemos quem queremos, e, elegemos quem não desejamos.  Nessa rebeldia e inconsequência, acabamos por engolir – depois, acometidos por uma indigestão de 4 anos - os olartes-da-vida; ponta do iceberg do que se pode conceber como inaptidão de gestão, mesmo para uma capitania hereditária. Parte dessa responsabilidade cabe ao Sistema Eleitoral, facultando aos Partidos a imposição dos seus quadros. Com o eleitorado fatiado, os nanicos vão bicando votos com o intuito de se coligarem com alguém, num segundo turno promissor, e, aí, sim, darem partida ao jogo sujo do sucateamento do Poder. É esse o momento em que o eleitor que compareceu às urnas, já era; foi esquecido e sepultado. Morreu!
            Um estudo de caso, das eleições estaduais passadas, dá um exemplo vivo dessa questão. A professora doutora, pedagoga, Angela Costa (UFMS) - à época filiada há mais de 12 anos ao PSDB, à convite do então candidato á Prefeitura, Oswaldo Possari, que já a escolhera para a pasta da Educação –  apresentou-se candidata ao pleito à Deputada Federal. Sem qualquer auxílio do Partido, acabou por “eleger”, com seus votos, o deputado federal Marcos Monteiro (veja bem, se é que me entende: sem os votos de Angela Costa, o PSDB não teria essa “vaga” na Câmara!) ficando com uma suplência quimérica. Monteiro, preferindo não assumir a legislatura, optando por uma gorda Secretaria de Estado, acabou por guindar ao Congresso, o, então cândido vereador Elizeu Dionísio (hoje, denunciado na Operação Coffee Brack, do GAECO, que detém a sujeira da cassação do Prefeito Alcides Bernal). Ou seja, os votos dados à professora Angela Costa estão levando o vereador indiciado ao foro privilegiado do Congresso. A professora-candidata serviu, com sua exposição e campanha solitária, quase que autônoma, para o “ordenamento dos fatos como estão”.  Enquanto muitos nelsinhos, puccinellis, petistas (e, mais alguns naniquianos) compõe os quadros do governo estadual, hoje, Angela Costa - que teve participação expressiva na elaboração dos nos Planos de Governo do probo Azambuja, sequer foi absorvida pelos galhardos vencedores, voltando a sua lídima docência e a sua permanente luta-cidadã, do lado de cá do front. Convidada pelo PROS, desfilhou-se do PSDB, com vistas ao pleito deste ano.  Porém, muito recentemente, surpreendida pela investida da turma dos asseclas-convertidos-missionários-olartianos, ao PROS - Partido este que se rendeu aos cifrões dos dízimos e cheques em branco dos fiéis – fez com que desistisse de sua candidatura à vereança. A coerência de vida, seus familiares e amigos não lhe permitiriam embarcar nessa canoa comprada e furada. Está desfilhando-se do nanico PROS.
            Hoje, temos um elenco pavoroso de candidatos, seja com vistas à reeleição (um mal abominável!), seja a plêiade que quer mesmo é uma boquinha, na Câmara. Temos um elenco pavorosamente oportunista de candidaturas ao supremo cargo de Prefeito: 15 ungidos por seus partidos lançam os dados, na perspectiva de que pode dar qualquer coisa nessas eleições! O primeiro turno é só aquecimento para os conchavos no segundo, quando a coisa pega pra valer no jogo baixo do toma lá da cá.
            Se você, como eu, tem interesse de ser um agente nestas eleições, comece a prestar atenção - e guarde junto ao seu título de eleitor - na declaração de patrimônio dos 15 candidatos á Prefeito, entregues ao TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral): (1) Alcides Bernal (PP) (candidato que não era candidato à reeleição, mas, é), declarou um patrimônio de R$ 1,7 milhão; (2) o deputado estadual Marquinhos Trad (PSD), R$ 1,4 milhão; (3) o eterno candidado do PV e ex-vereador Marcelo Bluma, R$ 1,3 milhão; (4) o bolsonariano candidato Coronel David, R$ 825 mil; (5) o eterno candidato (rei das boquinhas desde o governo Zeca do PT, secretário de Cultura de Azambuja, pelo sempre coligado aonde a canoa vai), Athayde Nery (PPS), R$ 610 mil; (6) o nãos-sei-quem, Adalton Garcia (PRTB), R$ 422 mil; (7) Rose Modesto (PSDB), vice-governadora,  R$ 413 mil; (8) Elizeu Amarilha (PSDC), R$ 325 mil; (9) Aroldo Figueiró (PTN), R$ 250 mil; (10) Alex do PT, R$ 198 mil; (11) (ai, meus sais! ) Suel Ferranti ( PSTU), R$ 151 mil; (12) Rosana Santos - quem?! -  (PSOL), R$ 46 mil; (13), Flávio Arce - hem?! - (PCO), R$ 10 mil. Agora, pasme! (14) o pecuarista Luiz Pedro Guimarães (PROS) e (15) o ex-deputado Pedrossian Filho (PMB) declararam patrimônio ZERO!
            Como se depreende tudo mesmo pode acontecer. Só que não. Mesmo com a conjuntura imposta, consciente, ou inconscientemente, comprado, omisso, ou, vendido, em verdade, quem forma esses quadros horripilantes (ou, não), guindados por nós ao poder imperial (ops!) municipal, somos nós, os eleitores, um a um, por sua vontade própria. Aí, o imponderável pode acontecer. Quem sabe não surpreendamos a previsível eleição da Rejeição.


Maria Angela Coelho – Professora doutora pela PUC de São Paulo

http://mamirault.blogspot.com – Movimento Por uma Cidade Democrática

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